Hora de me reposicionar: a importância da clareza das nossas escolhas

Hora de me reposicionar: a importância da clareza das nossas escolhas

Ontem resolvi atualizar a seção "Sobre" aqui do LinkedIn e percebi que preciso deixar mais claro o que ando fazendo por aqui - e o que pretendo deixar de lado no meu trabalho. Tenho cada vez mais aumentado os projetos de construção de negócios para mulheres aqui na agência, e a comunicação tem sido uma consequência disso, ao contrário do que se pensa.

Da mesma forma, quero me afastar de projetos menores que não estejam alinhados com nossos valores e crenças aqui, e isso se chama posicionamento. É normal e saudável que façamos essa revisão de tempos e tempos: ruim seria se nos mantivéssemos presas a ideias ultrapassadas e modelos de trabalho que não estão mais sendo lucrativos e não somente no aspecto financeiro.

Não é raro marcas e empreendedoras que buscam serviços de comunicação para resolver seus gargalos de venda, sem antes parar para ver onde que o negócio não está sólido. A comunicação - ainda mais em redes sociais, fazendo dois meros posts por semana - não vai resolver questões que deveriam anteceder a venda: produto adequado ao mercado e precificação, estratégia comercial, posicionamento, etc.

Não organizar os bastidores e apostar nas redes sociais buscando vendas é um erro que eu não posso ajudar quem me procura a cometer, e isso significa recusar alguns clientes de gestão redes sociais. Difícil, né? Sim, mas igualmente necessário, pois isso também é posicionamento e eu aprendi a duras penas, recentemente, o quão frustrante é pegar projetos que a gente sabe que vão ser problemáticos e ainda assim fazê-los pura e simplesmente por um negocinho inconveniente chamado "fluxo de caixa". É, senhoras e senhores, a conta tem que fechar aí e aqui também.

Meu perfil pessoal é de aprendizado constante, desde criança. Fui aquela nerd que se enfiava em tudo quanto é curso e fazia perguntas para entender situações complexas desde muito pequena. Não por acaso, no Natal dos meus 13 anos, ganhei de dois familiares diferentes o livro "Curiosidade Premiada" que contava a história da Glorinha, a menina que ia explodir de tantas perguntas que tinha a fazer. Esse perfil me leva a tentar entender os meus porquês pessoais e profissionais, e neste momento de tantas transformações pessoais (confira aqui no meu Substack que eu acordei marketeira sim) noto que meu trabalho tem sido impactado muito positivamente e é disso que falo na minha seção "Sobre".

A parte aqui da agência que estrutura negócios do zero para mulheres que muitas vezes nunca trabalharam nem CLT, muito menos com a própria empresa, é de longe a área mais satisfatória para mim. Fiquei me perguntando por que eu não faço só isso, ou pelo menos não falo disso como carro-chefe da empresa, e a verdade é que para mim esse tema foi sensível por muito tempo. A questão da independência financeira é muito importante para mim e foi determinante para que eu pudesse passar por um divórcio minimamente tranquilo, mas quantas têm esse privilégio?

Ser capaz de gerar a própria renda e se sustentar é parte determinante na história de mulheres que querem terminar relacionamentos que há muito já deveriam ter pendurado as botas. A maioria vai ficando por pura dependência financeira - dela e dos filhos - e, no caminho, aguentando todo tipo de disfuncionalidade que um relacionamento falido proporciona. Nos casos mais extremos, isso acaba em cenários violentos e não à toa temos no Brasil uma lei dedicada somente a isso - a famosa e pouco aplicada Lei Maria da Penha.

A maioria das mulheres que chegam aqui na agência buscando esse tipo de suporte tem mais de 45 anos (idade cruel para quem quer se recolocar no mercado CLT após anos de pausa para cuidar de filhos), pouca ou nenhuma experiência, e estão em momentos decisivos da vida. Precisam se sustentar após divórcios complicados, estão com a autoestima bastante prejudicada e às vezes não vêem saída para a própria situação. Mostrar a elas um outro universo, que inclui muito trabalho e muitas vezes um rebaixamento no padrão de vida (mesmo que temporário) não é fácil. Mas quem decide embarcar no processo e reconstruir sua vida não se arrepende. Às vezes isso inclui abrir mão de amizades que não compreendem ou validam suas escolhas, ser julgada por familiares, sentir muito medo e desamparo - mas é justamente para isso que estamos aqui, para pavimentar essa estrada junto e dar todo o suporte nestes momentos em que fraquejar é o mais comum, e voltar aos antigos padrões - ou manter os casamentos falidos, jogando a juventude fora em prol das contas pagas - idem.

Enquanto escrevo me lembro de mulheres incríveis que hoje estão muito bem e que, pasme, mantiveram seus casamentos mas em novas bases, de apoio e construção conjuntas. Outras que se descobriram ótimas empresárias, vendedoras, administradoras, e que seguem firmes com seus negócios e sua nova vida. Ter podido participar destas construções me dá muita alegria e lembrar delas me encorajou demais quando eu precisei passar pelo meu momento de reconstrução.

Dizem que curamos no outro aquilo que devemos curar em nós. Nunca tive tanta certeza disso, e espero que meu trabalho siga servindo para propósitos bem maiores e significativos do que likes e curtidas no Instagram.




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