Humanização no trabalho vai além de propósito e abraços, espiritualizar-se é essencial
Estamos vivendo uma época de profundas crises ambientais e sociais. Todas elas são geradas pelo ser humano e sua falta de humanidade e do contato e prática dos seus valores humanos. As organizações que entendem essa carência e necessidade de mudança estão, cada vez mais, enxergando e buscando caminhos para humanizar-se. Nesse processo a espiritualidade tem um papel fundamental, porque para se alcançar uma gestão humanizada, antes de se humanizar processos, é preciso primeiro humanizar as pessoas.
O filósofo dinamarquês Kierkegaard define a espiritualidade humana como a capacidade de fazer uma conexão transcendente com a sua essência. Essa conexão harmoniza o indivíduo e essa harmonia gera tolerância, respeito e humanidade. Portanto, a partir do momento que o ser humano decide se despir de seu ego, virar-se do avesso para se encontrar verdadeiramente, a humanização acontece. Espiritualidade é, portanto, um caminho para humanizar-se!
Não existe uma ferramenta ou uma métrica para avaliar o quanto uma pessoa está harmônica, equilibrada e humanizada. Se existisse, certamente seria utilizada por todos os RHs do planeta no momento nas seleções de novos funcionários ou na promoção de cargos (principalmente os de liderança), mas o pesquisador brasileiro Anselmo Ferreira Vasconcelos apresenta uma continuum da espiritualidade, um gráfico em que conseguimos visualizar a espiritualidade do ser humano como algo variável e que interfere na humanidade do indivíduo
Essa variação vai de um extremo polo negativo ao extremo positivo. No polo extremo negativo, estão os sociopatas, pessoas totalmente desconectadas e genocidas, como Hitler. Já no polo extremo direito estão pessoas como Jesus Cristo, Madre Tereza de Calcutá e Mahatma Gandhi, que deixaram um legado atemporal de ensinamentos para a humanidade, sobre compaixão, interconexão e amor. No centro está a maioria de nós, que flutua de um lado para o outro na linha, ou seja, não ficamos estacionados em um único ponto. Durante nossa vida podemos oscilar entre estar mais atentos a nossa espiritualidade em alguns momentos e mais desligados em outros, e isso vai interferir diretamente no nosso nível de conexão com a gente mesmo e com os outros e o quanto estamos humanizados.
A humanização que a espiritualidade traz consigo leva as pessoas a uma vida mais harmônica e amorosa e uma vida material mais significativa. Para gente entender melhor como isso acontece, precisamos ter clareza do que é espiritualidade e, principalmente, do que ela não é! A espiritualidade é um fator intrínseco e inato e antecede as religiões. Uma pessoa pode espiritualizar-se e não seguir uma instituição, como a religião e pode espiritualizar-se sem necessariamente buscar gurus e práticas esotéricas, porque, como disse, a espiritualidade é inerente a todo e qualquer ser humano, o desafio aqui é encontrar o caminho de volta para quem realmente somos!
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Como levar a espiritualidade como uma habilidade para as organizações, sendo democráticos, holísticos e científicos, sem religião ou esoterismo:
Como estudiosa e profissional da área há mais de 6 anos, criei um método prático que chamo de Método 5 “R”s da Espiritualidade. Esse método foi desenvolvido com a minha experiência na junção da espiritualidade com a ciência para o desenvolvimento humano e social. Seguindo cada etapa do método, onde começamos por Reconhecer a espiritualidade universal em cada um de nós, Reaprender sobre nossas limitações e potenciais, Reconectar com nossa essência e nossos propósitos, para então conseguirmos estabelecer um ambiente propício para Ressignificar nossas atividades e nosso sentido de vida e Reumanizar nossas relações, transformando assim um ambiente gerado por pessoas conscientes, que agem com profundidade, que entendem a importância social de seus trabalhos e felizes por estarem conectados verdadeiramente.”
Instituições e pessoas que seguem esse método entendem o real significado da espiritualidade, o que abre caminhos para explorá-lo e aplicá-lo em suas vidas, no trabalho, em seus projetos e em suas comunidades, gerando transformação profunda e duradoura em suas tomadas de decisões, em suas relações com os outros e com suas próprias vidas.
Saiba mais: Espiritualidade Plural nas Instituições
advogada/mediadora/conciliadora
2 aSim, é exatamente como devemos sentir a humanidade em nós. Claro que humanos somos, mas...as vezes nos afastamos dessa humanidade que reconhece em sí, no outro, no meio ambiente, que tudo está vivo e anseia por nossa sensibilidade. Ver no todo um pouco de nós mesmos e nessa fusão sermos um único ser vivo. Monique Leite trazendo um pouco de você para nós. Incrivelmente humana. bjs.