IBGE diz não ser possível realizar Censo com menos verba
Para iniciar os preparativos da pesquisa em 2019, instituto precisaria de R$ 1 bi, mas deve receber no máximo R$ 250 milhões
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) refutou a possibilidade de reduzir o Censo Demográfico previsto para 2020 caso não seja liberada a verba necessária para o levantamento, calculada em R$ 3,4 bilhões. Esse valor, no entanto, foi considerado "fora de cogitação" pela equipe econômica.
Segundo a matéria, a falta de recursos do governo federal ameaçaria o próximo censo demográfico. Para seguir com os preparativos da pesquisa, que vai coletar dados na casa de todos os brasileiros, o IBGE precisaria de R$ 1 bilhão já em 2019. Mas só deve receber entre R$ 200 milhões e R$ 250 milhões no ano que vem.
'Não é possível reduzir o projeto', diz IBGE
Mas a direção do IBGE afirma que a redução de valor inviabilizaria a pesquisa. "A Direção do IBGE já se reuniu com representantes do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão para justificar a necessidade do valor solicitado. No caso do Censo Demográfico, não é possível reduzir o projeto, uma vez que, para a operação ser realizada, faz-se necessária a contratação de aproximadamente 240 mil funcionários temporários, a maior parte deles, recenseadores", justificou o IBGE, em nota.
A avaliação da equipe econômica era que o IBGE precisaria "racionalizar" o levantamento, uma vez que só será possível liberar cerca de R$ 250 milhões para a preparação da pesquisa em 2019. Segundo apurou a reportagem, o governo inclusive já deu indicações ao IBGE sobre a real expectativa de liberação de recursos para o Censo.
O IBGE informou que os gastos do Censo Demográfico foram reprogramados, portanto só foi enviado ao Ministério do Planejamento um pedido de R$ 344 milhões para investimento em equipamentos e software no ano de 2019. Mesmo assim, o valor destinado pelo governo ficará abaixo do solicitado.
Valor integral ainda será necessário
Os R$ 3,056 bilhões restantes, porém, ainda serão estritamente necessários para viabilizar a coleta do censo em 2020, diz o IBGE. O volume considera que seja atendida a verba pedida para 2019. No ano passado, o órgão recebeu R$ 6,7 milhões em recursos para os preparativos da operação censitária, de uma previsão inicial de R$ 7,5 milhões.
O instituto divulgou, em comunicado, que "continuará empregando todos os esforços para que a realização do Censo Demográfico 2020 seja feita nos moldes em que foi projetado". O IBGE informou que ainda não foi oficialmente comunicado sobre o corte no orçamento para 2018 do Censo Demográfico.
"O instituto reitera a importância da pesquisa, a única que traz informações detalhadas em nível municipal, sendo de fundamental importância para as Estimativas de População, divulgadas anualmente e que servem como parâmetro para a destinação dos recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). O Censo traz, ainda, informações fundamentais para a elaboração e implementação de políticas públicas essenciais e para o cálculo de indicares relacionados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)", defendeu o órgão na nota.
A sugestão para realização de uma pesquisa mais enxuta seria uma forma de evitar que o Censo fosse inviabilizado. A equipe econômica acredita ser preciso "fazer o dinheiro render".
A estratégia já foi usada no Censo Agropecuário 2017, adaptado para que fosse possível levar a pesquisa ao campo com menos recursos. O levantamento dos estabelecimentos agrícolas tinha orçamento original de 1,6 bilhão e contratação de 80 mil profissionais, mas acabou compactado para consumir apenas R$ 550 milhões e 29 mil funcionários temporários.
Na divulgação do início dos trabalhos do Censo 2020, há pouco mais de dois meses, o presidente do IBGE, Roberto Olinto, já tinha refutado a possibilidade de o levantamento ser reduzido caso o IBGE não recebesse a verba necessária.
"No Censo Agropecuário eram 26 mil pessoas (na coleta de dados). O demográfico tem 300 mil (funcionários temporários na coleta). Então não tem muito como enxugar. O demográfico tem um período de coleta menor, porque tem uma data de referência muito forte. É preciso coletar muita informação num período muito curto. A flexibilidade orçamentária é muito menor, (o orçamento) é concentrado em pessoal", declarou Olinto à imprensa à época.
Bióloga e Especialista em Gestão ambiental e Fitoterapia
6 aEngraçado, que quando participei do censo de 2000, era tudo em papel e dedo, se o problema é verba, mude o processo, simplifique, mas não pode deixar de ser feito!!!
Advogado. Direito público. Direito regulatório. PPPs. Concessões. Relações governamentais.
6 aNo Brasil, a história é realmente cíclica! Este quadro é idêntico ao que inviabilizou o Censo de 1990. Um prejuízo incalculável para o planejamento de políticas públicas e para a economia do país.