Ibovespa descola das bolsas do exterior; Economia europeia em colapso, Emergentes e Ásia com baixo crescimento e inflação.
BRASIL
A terceira semana de outubro começou agitada após o início dos debates para a presidência do país e deixando o mercado ainda sem ter certeza de quem será eleito (ou reeleito). O Ibovespa futuro abriu em forte queda (quase 2%) no pré market no início da semana, a curva de juros futuros caiu e o dólar tinha leve alta, mas com resultados corporativos americanos sendo divulgados, e os indicadores econômicos brasileiros positivos, o rumo do fechamento da semana foi positivo.
O boletim Focus trouxe novamente melhora nos dados de Inflação e revisão de PIB para o fim do ano e 2023 melhores. O IPCA esperado agora para final do ano é 5,62% ante aos 5,71% e para o ano que vem a projeção agora é uma inflação de 4,97%, ante aos 5,00% da semana anterior. O crescimento da economia brasileira é esperado fechar o ano com 2,71% frente aos 2,70% e para 2023 projeção de 0,59% ante aos 0,54% esperados na semana anterior.
O IBC-Br de agosto foi divulgado na manhã de segunda-feira mostrando atividade mais fraca que o esperado, o indicador recuou forte mesmo com o setor de serviços melhor. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central, que serve como prévia do PIB, caiu 1,13% em agosto em relação ao mês anterior, já sem efeitos sazonais, mais que a queda de 0,50% esperada pelo mercado. No acumulado de 12 meses, o IBC-Br sobe a 2,08%. A queda interrompeu dois meses seguidos de alta no crescimento.
Índice de Atividade Econômica do Banco Central do Brasil
O IGP-10, a prévia da inflação dos preços de produtos e serviços, veio negativa pelo terceiro mês consecutivo. O resultado de -1.0% (levemente menor do que os -1,1% projetados pelo mercado) mostra mais um período de deflação.
IGP-10 Brasil
O Ibovespa fechou a semana em forte alta frente as demais bolsas do mundo e o real também se valorizou frente ao dólar, com investidores estrangeiros aproveitando os juros altos e barganhas na bolsa brasileira.
EUA
A agenda americana teve uma semana cheia com dados econômicos e o início da divulgação dos resultados do 3o trimestre das empresas, o famoso "earning season".
Os dados da Indústria americana mostraram recuperação no mês de setembro, com resultado de 0,4%, acima do esperado 0,2% pelo mercado. A utilização na capacidade instalada também apresentou aumento de 0,2% (80,3% no ano), segundo dados divulgados pelo FED.
Vendas na Indústria
A atividade econômica dos Estados Unidos expandiu modestamente nas últimas semanas, embora a atividade tenha ficado estável em algumas regiões do país e caído em outras, disse o Federal Reserve nesta quarta-feira, em relatório que mostrou as empresas ficando mais pessimistas em relação às perspectivas.
"A atividade econômica nacional expandiu modestamente em termos líquidos desde o relatório anterior; no entanto, as condições variaram entre setores e distritos", disse o banco central dos EUA em sua mais recente coleção de pesquisas conhecida como "Livro Bege", realizada em seus 12 distritos até 7 de outubro. "As perspectivas ficaram mais pessimistas em meio a preocupações crescentes com o enfraquecimento da demanda", afirmou a autoridade monetária.
Com os dados mais recentes mostrando que a inflação continua rodando a mais de três vezes a meta de 2% do Fed, apesar da rodada mais agressiva de aperto monetário em 40 anos, o Livro Bege pode contribuir pouco para moderar as expectativas de um quarto aumento consecutivo de 0,75 ponto percentual pelo banco central em sua próxima reunião.
As autoridades têm sinalizado que continuarão aumentando os juros até verem a inflação esfriar, mesmo reconhecendo que os custos de empréstimo mais altos provavelmente resultarão em crescimento menor, um mercado de trabalho mais brando e aumento do desemprego. O mercado de trabalho apertado, que desempenhou um papel no aumento do crescimento salarial e impulsionou a inflação, persistiu embora "metade dos distritos tenha notado algum alívio nas dificuldades de contratação e/ou retenção", disse o relatório.Ainda assim, espera-se que o crescimento salarial “continue, pois salários mais altos continuam sendo essenciais para reter talentos no ambiente atual”, acrescentou.
Mas, à medida que os formuladores de política monetária do Fed elevou sua taxa básica de juros (agora em intervalo de 3% a 3,25%) para perto da faixa de 4,5% a 5% que a maioria das autoridades acredita ser necessária para reduzir a inflação, eles e analistas externos estão procurando evidências de que o aperto está começando a fazer seu trabalho.
O número de norte-americanos que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego caiu inesperadamente na última semana, indicando que o mercado de trabalho continua apertado mesmo quando a demanda por mão-de-obra está esfriando em meio a taxas de juros mais altas. Os pedidos iniciais de auxílio-desemprego caíram para 214.000 na semana encerrada em 15 de outubro, em taxa ajustada sazonalmente, de 226 mil na semana anterior, informou o Departamento do Trabalho na quinta-feira.
Pedidos Iniciais de Seguro-Desemprego
As vendas de moradias usadas nos Estados Unidos caíram pelo oitavo mês consecutivo em setembro, à medida que o aumento das taxas de hipotecas e os preços de venda ainda elevados afastam muitos compradores em potencial do mercado. As vendas de moradias usadas caíram 1,5% no mês passado, para uma taxa anual ajustada sazonalmente de 4,71 milhões de unidades, disse nesta quinta-feira a Associação Nacional de Corretores de Imóveis.
Vendas de casas usadas - EUA
No fim da semana tivemos um respiro nas bolsas, como o mercado esperando um tom menos "hawkish" em dezembro, os treasuries recuando levemente no fechamento da sexta-feira, apesar da forte alta na semana, e o dólar fechando a semana em leve depreciação. O VIX, índice do medo, teve uma performance bem volátil na semana, mas fechou próxima da estabilidade se comparado com a semana anterior.
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EUROPA
Na Europa a semana teve declarações de importantes membros do BCE, e diretores como Robert Habeck, ministro da economia alemã, que afirmou que possuem um plano para amortecer uma possível recessão com seus programas de investimentos no país, mas sem alimentar a inflação histórica que o país vive. Incrivelmente melhor que o esperado, a confiança do consumidor alemão melhorou frente ao resultado anterior (setembro), -59,2 bps x 61,9 bps.
Já na Inglaterra, o novo ministro das finanças Jeremy Hunt anunciou na segunda-feira que o pacote de cortes de impostos sugerido pelo seu antecessor, Kwasi Kwarteng, não será executado. O plano previa uma série de cortes nos impostos de renda, incluindo uma redução da alíquota mais baixa, que passaria de 20% para 19%, bem como cortes nas taxas de imposto de dividendos, reembolsos de IVA para turistas e o congelamento sobre as taxas do imposto sobre bebidas alcoólicas.
A reação dos mercados ao anúncio de Hunt foi positiva, com a Bolsa de Valores de Londres que deu uma guinada para o alto, subindo 0,82% o câmbio da libra que voltou a subir nesta segunda-feira em relação ao dólar e os juros dos títulos do tesouro do Reino Unido, Gilts, caiu. Entre as medidas anunciadas por Hunt está também uma revisão do pacote de subsídios energéticos para empresas e consumidores, que será implementado apenas até abril e depois seria revisado para “custar ao contribuinte significativamente menos do que o planejado”.
E surpreendentemente na quinta-feira, a então nova ministra econômica Liz Truss, que a 45 dias substituiu Boris Johnson, renunciou ao cargo após forte pressão ao anunciar o plano econômico que também foi motivo de demissão do então ministro das finanças Kwasi Kwarteng. A ministra afirmou que continuará no cargo até que o partido conservador escolha outro líder, o que deve acontecer até o dia 28 deste mês.
O CPI da zona do euro foi divulgado na quarta-feira pela manhã e o resultado foi levemente melhor que o esperado, mostrando uma pequena melhora mas ainda na máxima recorde do continente. Sem a volatilidade dos custos de alimentos não processados e energia, ou o que o Banco Central Europeu chama de núcleo da inflação, os preços subiram 0,9% no mês para um ganho de 6,0% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Uma medida ainda mais restrita que exclui energia, alimentos, álcool e tabaco, e observada de perto pelos mercados, mostrou que os preços subiram 1,0% na base mensal e 4,8% na anual.
Núcleo do Índice de Preços ao Consumidor - CPI Zona Euro
A pressão está aumentando no Reino Unido depois que a taxa de inflação retornou acima de 10% em setembro: foram principalmente os preços dos alimentos que pesaram sobre a renda familiar, mantendo assim a primeira-ministra Liz Truss e o Banco da Inglaterra sob pressão. O índice de preços ao consumidor subiu 0,5% em comparação com agosto, enquanto o núcleo dos preços básicos ao consumidor subiram 0,6%, ambos números ligeiramente acima das expectativas. Isto elevou a taxa principal para 10,1% de 9,9%, enquanto núcleo subiu de 6,3% para 6,5%.
Mas na sexta-feira, apesar de toda a turbulência que vive o continente europeu, a confiança do consumidor medida na última semana melhorou, -27,6% ante a expectativa de mercado de -30,0%.
Confiança do consumidor - Zona do Euro
CHINA
Os vários dados econômicos da economia chinesa que seriam divulgados já na segunda-feira foram inesperadamente cancelados, sem prévio aviso de quando serão divulgados. Além das informações de vendas no varejo, produção industrial e taxa de desemprego, seria também divulgado o PIB do terceiro trimestre. A agência responsável pela divulgação relatou que a semana no país é marcada pela divulgação do possível terceiro mandato do imperador Xi Jinping.
Nesta quinta-feira, a cotação do iene passou a marca de ¥ 150 por dólar americano, atingindo nova mínima de 32 anos e ampliando as preocupações de que a moeda continue mais fraca e alimente a pressão inflacionária no país. O ministro das Finanças do país disse que o governo iria tomar as medidas apropriadas contra a volatilidade excessiva do mercado de câmbio.
A China manteve suas taxas de empréstimo de referência pelo segundo mês consecutivo na quinta-feira. A taxa primária de empréstimos (LPR), que os bancos normalmente cobram de seus melhores clientes, é definida no dia 20 de cada mês, quando 18 bancos comerciais designados apresentam propostas ao Banco do Povo da China. A maioria dos empréstimos novos e pendentes na China baseia-se na LPR de um ano, que está em 3,65%. A taxa de cinco anos influencia o preço das hipotecas e agora está em 4,30%. A China cortou as LPRs pela última vez em agosto para impulsionar a economia.
Taxa de Empréstimo do Banco Popular da China
No Japão é provável que o banco central do país eleve a expectativa de inflação para 2,5% na próxima reunião de política monetária, com o enfraquecimento do iene e o custo mais alto das matérias primas que elevaram consideravelmente os preços por lá. Apesar de uma inflação acima da meta de 2%, a expectativa é que o governo mantenha uma política ultra frouxa para apoiar a economia japonesa.
A taxa de inflação ao consumidor do Japão acelerou para o maior patamar em oito anos de 3,0% em setembro, desafiando a determinação do banco central de manter sua política monetária ultra-frouxa, conforme a queda do iene para o menor valor em 32 anos continua elevando os custos de importação. Os dados de inflação evidenciam o dilema que o Banco do Japão enfrenta ao tentar sustentar uma economia fraca mantendo juros baixíssimos, que por sua vez estão alimentando uma queda indesejada no iene.
O aumento no núcleo do índice de preços ao consumidor, que exclui alimentos frescos voláteis, mas inclui custos de combustível, correspondeu à previsão mediana do mercado e seguiu um aumento de 2,8% em agosto. A taxa ficou acima da meta de 2,0% do banco central pelo sexto mês na maior alta desde setembro de 2014, mostraram dados nesta sexta-feira. O chamado índice "core-core", que exclui os custos de alimentos frescos e energia, subiu 1,8% em setembro em relação ao ano anterior, acelerando de um ganho de 1,6% em agosto e marcando a maior alta desde março de 2015.
Os mercados asiáticos fecharam a semana próxima estabilidade, levemente no campo negativo a espera de sinais do Partido Comunista, simultaneamente com as incorporadoras imobiliárias e corretoras subindo em meio às últimas medidas das autoridades para estabilizar os mercados.
EMERGENTES
Essa semana a Arábia Saudita manifestou seu interesse em entrar para o BRICS, grupo dos cinco principais países emergentes na economia mundial: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A possível entrada é bem vista pelos países já participantes pelo fato da Arábia Saudita ser um dos maiores produtores de petróleo e também de diversos relatos de desrespeito aos direitos humanos no país sul-africano.
O Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, que também tem poderes sobre o banco central do país, cortou pelo terceiro mês seguido a taxa básica de juros da economia turca, em 150 bps (1,5%), trazendo a taxa agora para 10,5% frente aos 12% anteriores. Lembrando que a inflação atual do país gira em torno de 83,5%, maior patamar dos últimos 24 anos, mas segundo o presidente subir juros pode gerar ainda mais inflação para a economia.
O banco central da Argentina manteve a taxa básica de juros estável na quinta-feira, após dados melhores do que o esperado do núcleo da inflação de setembro, pausando um dos ciclos de aperto monetário mais agressivos do mundo.
Na semana passada, o banco central argentino deveria manter a taxa básica estável em 75%, encerrando um ciclo de aperto que viu a taxa básica subir sucessivamente a cada mês, de 38% no início do ano. A taxa de inflação mensal da Argentina ficou abaixo do esperado em setembro, em 6,2%, mais baixa do que em agosto e abaixo das previsões dos analistas de um aumento de 6,7%, um raro alívio para a economia em apuros.
O núcleo da inflação de setembro ficou em 5,5%. A inflação anual ainda deve chegar a 100% até o final do ano, uma das taxas mais altas do mundo, conforme o país enfrenta uma ampla gama de crises econômicas e uma moeda fraca. A inflação nos 12 meses até setembro atingiu 83%.