IMD Dia 4/5

A cola da intimidade começa a se manifestar. Ao quarto dia, já fica muito mais claro com quem temos intimidade e com quem nem tanto (nem por isso aprendemos menos com eles). Faz-me pensar que programas muito curtos tampouco nos dão a oportunidade de criar laços de verdade. Segundo a conversa dos bastidores vai rolar até uma semana de vela da turma.

Hoje o dia começou com mais um teste PCR. O terceiro em menos de uma semana. Um para vir, outro para o curso e mais um para voltar a Portugal. Nada demais, principalmente se não tivesse errado o horário. Acabei chegando Às 6h30am, sendo que o teste era às 7h30. Coisas de fuso!

Tivemos uma aula de Cultura. Confesso que estava pouco entusiasmado, pois acho que cuidamos relativamente bem do tema na PackIOT para nosso tamanho, com Fernando e Letícia à frente, mas fui muito bem surpreendido. Estudamos um case, o primeiro, exatamente em nossa indústria. A Michelin transformou totalmente sua operação, investindo muito em digitalização da operação fabril, com foco no operador.

Saíram de fazer apenas pneus, de maneira rudimentar, em estrutura engessada, para uma operação mais ágil e digital. Mais informações aqui.

Exatamente como acreditamos. Foi ótimo. Aprendi também que Peter Drucker nunca disse "A cultura come a estratégia no café da manhã!". :-D

Culture is a double-edged sword: it provides coherence and continuity BUT it can root a company in past practices no longer fits a changing world

Discutimos também a questão da cultura em trabalho remoto e a impressão/conclusão da maioria da turma é que funciona bem se já tivemos a oportunidade de trabalhar alguma vez presencialmente com a pessoa. Integrar a pessoa em ambiente exclusivamente remoto requer mais esforço. Creio que temos conseguido fazer isso bem na PackIOT, forçados talvez por já ter começado a operação assim.

Muito bom também o exemplo da Axel Springer (grupo dono de vários jornais na Alemanha como Bild e Die Welt) que, em 2013, buscando mudar a cultura da empresa, levou 75 executivos para o Vale do Silício em condições no mínimo hilárias. Vale assistir o vídeo.

Também gostei da analogia do Coyote Effect, por que muitas empresas passam ao achar que não serão afetadas pela transformação digital. Eles já estão no abismo, só não começaram a cair ainda.

Para fechar o dia, saímos para uma caminhada à margem do lago. Ótimo para esticar as pernas e ver o cenário lindíssimo.

Já tenho saudades de casa, da esposa e das filhas, mas tem sido um tempo incrível para olhar com mais distanciamento para tudo aquilo que fazemos. As conversas com colegas fazendo coisas espetaculares em empresas incríveis também tem tido muito valor. Tenho ainda percebido o valor de ter discussões menos aprofundadas, por mais que meu instinto me puxe muitas vezes a querer ir aos detalhes. Isso me tiraria justamente aquilo que vim aqui buscar: o descolamento da operação e a visão do pássaro, em perspectiva. E muito interessante ver como vários executivos navegam bem, com tranquilidade, nessa "fumaça" da ambiguidade. Seguimos aprendendo!