A Importância de Cuidar da Saúde Mental na Medicina dos Dias de Hoje

A Importância de Cuidar da Saúde Mental na Medicina dos Dias de Hoje

Por Dr. Leonardo J. C. de Paula, Diretor Médico da Escola Brasileira de Medicina - Ebramed e Digital Medicina  

Partindo das diversas ações desencadeadas pelo Setembro Amarelo, pertinente falar um pouco sobre Saúde Mental olhando para nós mesmos, não é verdade? Então vamos lá!

Como médico, conheço bem os desafios e pressões que nossa profissão impõe. Vivemos em um ambiente onde decisões rápidas e assertivas são essenciais, e em que o bem-estar dos nossos pacientes está sempre em primeiro lugar. No entanto, com o tempo, aprendi algo crucial: não podemos cuidar bem dos outros se não cuidarmos de nós mesmos. A saúde mental, muitas vezes negligenciada, é tão importante quanto a saúde física para que possamos continuar desempenhando nosso papel de maneira eficaz e com excelência.

A medicina, como todos que somos médicos sabemos, exige não apenas conhecimento técnico, mas também uma enorme resistência emocional. Lidamos com situações de vida e morte, com expectativas e demandas altíssimas repetidamente. Isso pode resultar em um desgaste mental considerável, e não é raro que médicos acabem enfrentando quadros de ansiedade, depressão ou o temido e conhecido burnout. Já presenciei colegas de profissão enfrentando crises sérias de esgotamento e também, em certos momentos, já senti o peso de uma rotina extenuante sobre meus próprios ombros. 

Se há algo que aprendi com esses desafios, é que a prevenção e o cuidado com nossa saúde mental devem ser uma prioridade. Para manter o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, além de garantir um atendimento de qualidade, tento desenvolver e adotar algumas estratégias ao longo dos últimos anos que têm sido fundamentais.

Primeiramente, praticar a autoconsciência se tornou uma habilidade essencial para mim. O reconhecimento precoce de sinais de exaustão mental ou emocional permite tomar medidas antes que a situação se agrave. Aprendi a me perguntar com frequência: como estou me sentindo? Quais são os sinais que meu corpo e mente estão me dando?

Também me empenhei em estabelecer limites claros. A carga horária excessiva e a constante disponibilidade para emergências podem nos consumir. Saber dizer "não" quando necessário e organizar minha agenda para incluir pausas e momentos de lazer é um exercício quase diário, mas essencial para manter o equilíbrio.

Outra medida que considero fundamental é cuidar do corpo para cuidar da mente. Pratico exercícios físicos regularmente, mesmo que seja uma simples caminhada de retorno do trabalho para casa, e me esforço para seguir uma dieta mais equilibrada. Essas ações simples têm um impacto significativo no meu humor e nível de energia. A saúde física é um alicerce para a saúde mental.

Reconheço por experiência própria, a importância de buscar apoio psicológico quando necessário. Durante minha carreira, já recorri diversas vezes à psicoterapia para lidar com o estresse, e sempre incentivo meus colegas a fazerem o mesmo. Falar sobre nossas emoções, medos e desafios com um profissional sério e qualificado pode trazer clareza e alívio.

Outro ponto crucial que aprendi ao longo do tempo foi fomentar o apoio entre colegas de profissão. Compartilhar experiências com outros médicos e criar uma rede de suporte mútuo nos fortalece. Muitas vezes, uma conversa com alguém que passa pelos mesmos desafios pode nos ajudar a enxergar soluções ou apenas nos lembrar de que não estamos sozinhos nessa jornada.

Por fim, e talvez um dos aprendizados mais transformadores para mim, foi desenvolver hobbies fora da medicina. Encontrar tempo para atividades que me proporcionam prazer, como leitura, música ou momentos simples com a família, tem sido um respiro essencial. Esses momentos de desconexão com o ambiente hospitalar são fundamentais para me recarregar e voltar ao trabalho com uma mente mais descansada e produtiva.

Em resumo, cuidar da saúde mental na medicina não é apenas uma escolha, mas uma necessidade. Aprender a reconhecer nossas próprias necessidades e limites nos capacita a oferecer um cuidado mais compassivo e eficiente aos nossos pacientes. E, acima de tudo, nos permite viver com mais qualidade e propósito dentro e fora da profissão. Cuidar de si mesmo é a base para continuar cuidando (“bem”) dos outros.

Sigamos em frente, sempre!

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