A importância do conhecimento para sua carreira profissional e para a solidez de seus projetos.

A importância do conhecimento para sua carreira profissional e para a solidez de seus projetos.

Hoje lembrei de duas publicações que li recentemente sobre a infraestrutura rodoviária brasileira.

A primeira delas demonstra os baixos investimentos no setor nas últimas décadas, totalmente desbalanceado com os rumos que o País tomou, onde o modal rodoviário foi privilegiado pelos governantes. A publicação da FIESP - CIESP - Pavimentos de Vias no Brasil tráz o seguinte texto: "O transporte de cargas e passageiros por meio da frota de caminhões e ônibus ocorre nos 1,721 milhão de quilômetros de rodovias e estradas no país. A despeito do crescimento da frota e do volume de carga e passageiros transportados, a extensão das estradas e rodovias brasileiras permaneceu praticamente inalterada nos últimos anos."

Já a CNT - Confederação Nacional do Transporte trouxe em sua última publicação a seguinte indagação: "Visto que o transporte rodoviário é responsável pelo tráfego de aproximadamente 90% dos passageiros e de mais de 60% das cargas que circulam no país, a pergunta que ensejou o presente estudo da Confederação Nacional do Transporte - CNT se revela mais do que pertinente: por que os pavimentos das rodovias brasileiras não duram?"

Com essas colocações a Engenharia Rodoviária Brasileira fica numa posição bastante desconfortável, apesar das duas colocações serem facilmente rebatidas no âmbito político.

Uma aponta para a paralisação do crescimento da malha e a outra afirma que o pouco executado não dura o que deveria durar, e isso represa mais investimentos. Na prática, quando nos comparamos com Países mais desenvolvidos, realmente nossos pavimentos tem baixa durabilidade, e podemos distribuir essa co-responsabilidade à toda cadeia produtiva. São projetos que demoram a serem implantados e ficam desatualizados, é a forma de contratação das obras que privilegia o menor preço e não a melhor técnica, são as décadas perdidas no segmento onde boa parte da mão-de-obra que foi formada saiu do segmento, Técnicos e Engenheiros que se aposentaram e ambos não tiveram uma geração para repassar seus conhecimentos, são as especificações de materiais e serviços que se modernizam muito lentamente, são os controles de cargas nas rodovias que pouco efeito tem sobre as gerências de pavimentos, enfim, uma série de fatores que conduzem aos baixos níveis de qualidade dos pavimentos asfálticos no Brasil.

Motivado por esses fatores, principalmente na formação, informação e qualificação da mão-de-obra, no suporte para tomada de decisões, na troca de conhecimentos e informações vou planejar meus artigos futuros para que tragam matérias importantes ao meio que atuo, tentando dessa forma colaborar com algum conhecimento adquirido, introduzindo o que há de mais moderno e importante no segmento, e tentando reativar a discussão técnica sobre vários assuntos do nosso dia-a-dia.

Acredito ser muito importante para o profissional da área ter um conhecimento bastante amplo de toda a cadeia produtiva da pavimentação, e tentar se aprofundar cada vez mais no meio em que está inserido, procurando entender as causas e efeitos das suas tomadas de decisões. A culpa pelos insucessos de algumas obras não deveriam recair sobre o conhecimento e formação dos profissionais. Deveriam ser creditadas a "acidentes de percurso" que ocorrem num dia normal de obra, mas nunca na capacidade de tomadas de decisões dos profissionais.

Infelizmente, e a experiência de alguns anos no segmento vem mostrando isso, cada vez mais os Técnicos e Engenheiros de obras estão tomando suas decisões sem embasamento técnico fundamentado. Estão muito atrelados a rigidez dos números sem nenhma interpretação, ou as suas planilhas de custos, aos cronogramas do obras apertados. Imaginemos se pilotos de avião, para dar um exemplo qualquer, ou um médico na sala de cirurgia, tivessem que tomar suas decisões baseados unicamente nos números que aparecem nos visores, sem discuti-los, atrelados aos custos operacionais de um voo que não tem condições técnicas operacionais para ocorrer, ou se o paciente não está apto a uma cirurgia por estar debilitado fisicamente. Podemos imaginar o caos que estaria instalado nessas áreas. Pergunte ao um piloto se ele correria na pista para decolagem sem a certeza das melhores condições para isso. Pergunte a um médico se ele levaria um paciente para a mesa de cirurgia sem a certeza do sucesso. Vejam, estamos falando de profissionais sérios.

No meu último artigo, falo sobre o processe de desagregação precoce dos Concretos Asfálticos Usinados a Quente. É um bom exemplo do que acontece em algumas obras rodoviárias no País. Os Técnicos se atentam a coisas relativamente pequenas em alguns momentos e deixam passar situações que são extremamente importantes para a solidez da sua obra. Desde a ferramentaria, as técnicas, o bom senso, as tomadas de decisões estão mostrando a precariedade de informações que circulam no rodoviarismo brasileiro.

Então, chega de lamentações e vamos ao que interessa:

Vou compartilhar minhas experiências e conhecimentos, para que possamos discutir, analisar e até me reciclar, com o propósito de sempre trazer uma informação, uma ajuda ou um conhecimento sobre os pavimentos flexíveis e suas estruturas.

Espero poder colaborar com os colegas e ficarei sempre muito grato pelas suas colocações, contribuições e feedback.

Bom, não poderia ser diferente pela área que atuo, vou iniciar escrevendo sobre os ligantes asfálticos, dos tradicionais aos modificados, como são produzidos, suas origens, como devem ser recebidos, armazenados e aplicados. Vou falar dos quentes e dos frios. Das especificações, do que representa desempenho, do que representa segurança. Infelizmente alguns técnicos confundem esses critérios, recusam ligantes asfálticos por ensaios que representam a segurança por acharem que irão causar algum dano ao pavimento quando em uso.

Um grande abraço!

Thiago Ribeiro de Lira Cano

Engenheiro civil | Consultor de obras e Orçamento

3 a

Caro Drº Luiz. Só vi seu artigo agora e inclusive comecei a te seguir! Muito bom o artigo e realmente existe um deficit de na gestão de conhecimento e, acho ate, que muitas vezes mal aplicados e porque não dizer aplicado com "ignorância do saber"... Saber que acha de mais e aplicar apenas o conhecimento básico ou ate mesmo vasto porem mal utilizado. afinal, peço licença para externar a minha humilde opinião, muitas vez quando engenheiro júnior tive que "acatar" ordens do Eng Residente, mesmo sem concorda! Claro que na época debati e mostrei que eu estava com razão mostrando artigos e tecnicamente demonstrando porem não fui acatado por ser "verde". Hoje tenho dois irmãos recém-formados e faço questão de mostrar artigo como os que o Srº escreve para não cometerem, ou cometerem menos, equívocos. Gratidão por compartilhar excelentes artigos.

Leticia Bannach

Chemical Engineer | Bitumen Modification (PMB and RMB) | Quality Control | R&D

5 a

Muito legal a iniciativa, Luiz! Como citado em seu artigo e em um outro artigo que compartilhei recentemente, a gestão de conhecimento é um ponto crucial para a manutenção e desenvolvimento de qualidade e tecnologias em qualquer segmento.

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