A importância do posicionamento do RH, das lideranças e da própria marca em relação ao antirracismo

A importância do posicionamento do RH, das lideranças e da própria marca em relação ao antirracismo

Olá, colega de RH! Trago hoje uma provocação, na verdade uma reflexão urgente para nossa área: o RH é ou não é antirracista?

A área de Recursos Humanos é frequentemente responsável por desenvolver as subáreas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DE&I) na maioria das grandes empresas. Ainda que DE&I funcione como um pilar vertical, ele atravessa transversalmente todos os outros subsistemas, incluindo a consultoria interna de RH, que precisa estar preparada para lidar com ele. O tema racial, especificamente, ganhou força globalmente após o assassinato de George Floyd em julho de 2020, com repercussões significativas no Brasil, especialmente após a morte de João Alberto Silveira Freitas no Carrefour em Porto Alegre.

Desses eventos surgiu o fenômeno da "Culpa Branca," uma transição da negação do racismo para a culpa e, eventualmente, para a vergonha. Empresas como Magazine Luiza e Ambev se destacaram com programas de estágio voltados exclusivamente para pessoas negras, refletindo uma tentativa de enfrentar essa culpa. Na Diageo , foi lançado o Programa Origens, focado na contratação de pessoas negras e indígenas para posições de analistas em áreas como Marketing e Trade Marketing, onde tradicionalmente não havia diversidade racial.

Além disso, o caso da XP Investimentos trouxe à tona a necessidade urgentíssima de mudança. A empresa enfrentou uma ação civil pública após publicar uma foto ilustrativa de seus executivos, um verdadeiro "mar de homens brancos," que revelou a falta de diversidade racial visível em seu quadro de líderes. Esse episódio provocou debates nacionais sobre a representação racial no mercado financeiro.

Iniciativas como o >MOVER Movimento pela Equidade Racial (MOVER) também emergiram, unindo grandes empresas para promover melhores condições para a prosperidade das pessoas negras no Brasil.

Mas será que a culpa e a vergonha são suficientes? Basta não ser racista?

Não. Nós, do RH, precisamos liderar pelo exemplo e sermos antirracistas. É nesse contexto que somos desafiados a levar a discussão a um nível mais técnico e profundo. Diversidade, Equidade e Inclusão, especialmente a questão racial, são temas complexos que requerem conhecimento técnico. Embora muitas empresas tenham progressivamente estruturado seus RHs desde 2020, ainda existem lacunas em termos de legitimidade e capacitação nas posições de poder.

Grada Kilomba, em seu livro "Memórias da Plantação," descreve um modelo de evolução para pessoas não negras, passando por fases que vão da negação à culpa, vergonha, reconhecimento e, finalmente, reparação. Ser antirracista significa reconhecer a nossa responsabilidade na perpetuação do racismo, assumir nossos privilégios e buscar reparação real.

Aqui estão algumas ações recomendadas para profissionais de RH que desejam adotar uma abordagem antirracista:

  1. Educação contínua: estude e busque orientação de especialistas. Está na dúvida por onde começar? Se você chegou até aqui saiba que já começou! O seu próximo passo é ler “Pequeno manual antirracista” da Djamila Ribeiro.
  2. Fortalecimento do seu time: capacite sua equipe de RH e líderes-chave.
  3. Integração da narrativa: incorpore abordagens antirracistas ao longo do ano, não apenas em novembro.
  4. Gestão de indicadores: busque fazer uma gestão de indicadores de DE&I transparente, responsabilize a liderança e traga o dado racial de forma transversal em todos os subsistemas, contratação, avaliação de desempenho, carreira e sucessão, remuneração etc.
  5. Extensão para o lar: promova a educação antirracista entre funcionários e suas famílias.
  6. Investimento direcionado: aloque recursos intencionalmente em iniciativas voltadas para pessoas negras.
  7. Conexão com o negócio: relacione a pauta antirracista à agenda ESG e reputacional da empresa.
  8. Impacto externo: influencie as áreas principais para que o impacto se estenda a clientes, fornecedores e sociedade.

Acreditamos que uma educação antirracista é crucial para preparar a próxima geração. Notamos que figuras parentais desenvolvem maior consciência em DE&I quando responsáveis pela educação antirracista de seus filhos. Em parceria com iniciativas como Pais Pretos Presentes, a Filhos no Currículo , por exemplo, promove atividades que unem parentalidade e raça, como a palestra "Criando Filhos Antirracistas."

Saiba mais aqui: https://wa.link/uuh3t7



Sílvia Hermenegildo Gomes

Atração I Seleção, I Talent Acquisiction I Onboarding I Marca Empregadora I EVP I DE&I

1 m

Simplesmente maravilhoso o convite para reflexão e ação que devemos ter sobre o assunto. Um país tão negro como o isso não pode ser colocado em mesmo patamar com realidades tão diferentes!

Rafaela Bittencourt

Gerente de Engajamento e Experiência do Empregado na ArcelorMittal | Employee Experience e Cultura de Escuta

1 m

Excelente reflexão!

Rayane Nogueira

Larissa no Currículo I Designer I Especialista em Marketing - USP I Criação de Conteúdo

1 m

Esse assunto começa, inclusive, em casa. Todas as figuras parentais precisam abordar temas como o racismo com os filhos. Além disso, esse tema deve estar presente nas empresas. Quantas piadas e comentários inadequados ouvimos em algumas empresas que são tratadas como 'brincadeira ', mas que não deveria ocorrer...

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