A importância dos momentos de solidão
Em 2010, o CEO do Google, Eric Schmidt, compartilhou que a cada dois dias, produzimos a mesma quantidade de informação que foi produzida desde o inicio da civilização até o ano de 2003! Pasmem!!! Socorro!!!
E aí vem a pergunta... Como administrar toda essa avalanche de informações disponíveis a cada dia? Como atender a demanda por estarmos atualizados sobre uma variedade significativa de assuntos? E além de tudo, ainda trabalhar, cuidar da família, dos estudos, da espiritualidade, saúde, esportes, momentos de lazer, filhos, amigos, etc.
Com a Era da Informação, veio o conceito de sermos Multitarefas como uma tentativa para atender essa velocidade astronômica na qual o mundo está girando. A principio, parecia uma solução atrativa. Poderíamos conciliar uma serie de atividades ao longo do dia e ter a sensação de sermos muito mais produtivos:
· Dirigir, telefonar e enviar mensagens
· Participar de reuniões e resolver problemas via WhatsApp
· Escutar alguém falar e planejar o que vai fazer ou falar na sequência
· Atender o funcionário e responder e-mails
· Começar a ler sobre um tema e ser levado para outros temas
· Assistir um filme e navegar nas redes sociais
Mas, parece que a ideia não deu tão certo, porque causou uma série de efeitos colaterais que não imaginávamos. E após certo tempo, a neurociência veio nos explicar as razões.
Uma pesquisa da Universidade de Londres mostrou que nosso QI (Quociente de Inteligência) pode cair de 5 a 15 pontos quando tentamos cuidar de mais de uma tarefa ao mesmo tempo. David Rock, no livro Your Brain at Work, afirma que a queda pode ser de até 50% se forem duas atividades mentais.
Indo além da performance na execução dessas atividades, temos uma série de impactos negativos por tentarmos viver dessa forma:
· Alto nível de stress por nos sentirmos pressionados a resolver uma série de questões ao mesmo tempo em várias áreas de nossas vidas
· Sensação de frustração quase que constante porque, ocasionalmente, não atenderemos todas as demandas, ou pelo menos não da forma como gostaríamos ou deveríamos
· Angústia por não saber por onde começar a lista de afazeres de cada dia
· Falta de tempo para cuidar da nossa saúde, do sono, da alimentação, das práticas físicas, porque acabam sempre ficando ao final da lista de prioridades quando não temos mais energia para tal
· Irritação constante que, potencialmente, é descarregada em quem mais amamos
E então? Esse cenário te parece familiar?
Creio que sim e você pode estar pensando: não tem como voltar atrás nessa jornada. Tudo tende a piorar cada vez mais.
Por um lado, concordo que, dificilmente iremos regredir em relação a velocidade que as coisas acontecem. Cada vez mais, a tecnologia irá nos trazer novidades, facilidades e nos interconectar com o mundo de uma forma mais direta, o que automaticamente aumenta a demanda por várias atividades e “necessidades” pessoais e profissionais.
Por outro lado, diversos estudos acerca do ser humano, do funcionamento do cérebro, inteligência emocional, entre outros, vêm nos trazer uma luz do fim do túnel, um caminho viável para lidar com esse turbilhão todo.
A seguir, listo 3 itens para melhoria da nossa qualidade de vida dentro desse cenário.
1. Momentos de solidão
Primeiro item de suma importância nesse processo é dar um passo atrás e voltar para nós mesmos. Desenvolver a autopercepção que é um dos componentes da Inteligência Emocional, desenvolvido por Daniel Goleman. Para isso, surge a importância dos momentos de solidão. Quando estamos na correria do dia a dia, não conseguimos nos perceber e nem saber o que realmente queremos. Vamos sendo levados pela enxurrada de afazeres que colocam para nós e claro que dificilmente, os outros vão se preocupar com a nossa saúde, nosso equilíbrio, nosso bem-estar. Esses itens são de nossa inteira responsabilidade e somente nós podemos cuidar deles. Encontre minutos em que possa estar sozinho ao longo do dia. Pode ser uma caminhada pela empresa, pode ser bloquear a agenda entre as reuniões, pode ser se fechar sozinho em uma sala de reunião, pode ser dar uma fugida na hora do almoço. Talvez 15-20 minutos por dia sejam suficientes para que possamos desligar de tudo e sentir como estamos, quais as nossas prioridades, desejos e necessidades. Conexão interna somente, desligando de todo o restante. Reservar alguns minutos a cada dia tem efeitos mais benéficos do que sair de cena um tempo longo, de vez em quando.
2. Uma coisa de cada vez
Segundo ponto é nos conscientizarmos que o cérebro só consegue focar em um assunto de cada vez. Logo, a ação primordial aqui, logicamente, é deixarmos de sermos multitarefas. Se temos uma lista de 20 assuntos para o dia, temos que priorizar essa lista e fazer um de cada vez. Simples assim! Sabemos que seremos mais produtivos se fizermos dessa forma, então porque insistir em uma forma que é contra a essência de funcionamento de nosso cérebro. Isso significa respeitar a sabedoria da nossa natureza!
Stephen Covey desenvolveu a Matriz de Gerenciamento do Tempo que pode ajudar, e muito nesse passo. Para estabelecer a priorização do que vai fazer e analisar criticamente sua lista de atividades, distribua suas tarefas na matriz abaixo e proceda conforme indicação de cada quadrante. Seu rendimento será significativamente maior e com muito menos stress.
3. Foco
A habilidade de ter foco, nos dias de hoje, é um diferencial competitivo. Esse terceiro item pede que a gente se mantenha consciente disso e exercite nosso foco, nos desligando de todas as demais pendências que temos, sempre que decidirmos iniciar uma atividade. Afastar de todas as fontes de distração como celular, e-mail, telefone e interrupções diversas. Desativar as notificações automáticas de e-mail, silenciar o celular, colocar uma sinalização no posto de trabalho para evitar interrupções em determinados momentos fará uma grande diferença no nosso rendimento diário e aliviará nossa carga de stress rapidamente. Organizar o dia e deixar as pessoas saberem como funcionamos é super eficaz.
Com essas ações relativamente simples e fáceis de implementar, podemos mitigar todos aqueles efeitos citados acima e ainda conseguir fomentar mais nossa capacidade criativa e de solução de problemas.
Sabe aqueles momentos que temos aquele ahaaa.... e descobrimos algo, aparentemente do nada?! Quando nossa mente está sendo melhor gerenciada por nós mesmos, perceberemos como será mais fácil encontrar as soluções criativas que tanto buscamos e que não vêm em uma mente esgotada por stress. Quando lançamos uma pergunta ao nosso cérebro, ele permanece em busca da resposta até encontrar, mas temos que prover condições favoráveis para que ele possa trabalhar nessa busca.
Nossa consciência é poderosa quando está em plena forma! Silêncio e solidão são alimentos essenciais para ela.
Te escuto!
Elaine Trannin
Master Coach
Assessor de Investimentos
7 aÓtimo artigo Elaine!!