Se a queda for (ou foi) inevitável, desfrute….
Quantas vezes, já nós sentimos sem chão...
Quantas vezes, aconteceu algo que não tivemos nem forças para reagir...
Quantas vezes, já vivemos incomodados, infelizes, insatisfeitos ou desesperados com alguma situação e não conseguimos sair daquela condição...
Quantas vezes, vimos nossos planos irem por água abaixo, porque algo não saiu como esperado ou porque um acontecimento frustrou nossas expectativas...
De forma geral, a tendência do ser humano é manter o status quo, sustentar as coisas como estão, porque isso nos dá a impressão que estamos navegando em águas conhecidas e que assim, estamos no controle da situação.
A chamada zona de conforto nos coloca em uma inércia, uma acomodação e em uma estagnação, que nos impede de reagir mesmo em situações mais extremas de desprazer e descontentamento. E nos casos mais drásticos de mudanças compulsórias como a perda de um ente querido, de um emprego de muitos anos, de um relacionamento importante, nos colocamos em uma posição de ataque e indignação, como se aquilo não pudesse ter acontecido. E na verdade, o fato a ser encarado é que se algo aconteceu, é porque poderia ter acontecido. O universo tem suas próprias leis e não somos nós quem dita as regras.
O filósofo grego Heráclito, no século V a.C., afirmou que:
“Nada é permanente, exceto a mudança.”
Se a mudança for inevitável, se o chão nos faltar de uma hora para outra, temos, ao menos, duas escolhas. Entrar em pânico, nos colocando no papel de vítima. Ou aprender a voar, nos colocando com maturidade em uma postura de aprendiz da vida.
Algumas questões a serem respondidas incluem: O que tenho que compreender com isso? Qual é o desafio que se apresenta? O que a vida quer me mostrar?
Dizem que o mestre só aparece quando o discípulo está pronto, então o que nos cabe, nesse papel de aluno, é aceitação, reflexão e gratidão por mais uma oportunidade de crescimento e desenvolvimento pessoal.
Entendemos que, por mais planejados e controlados que somos, não podemos influenciar a maioria dos acontecimentos de nossas vidas. Só temos ação direta sobre como iremos reagir aos fatos ocorridos. Não podemos alterar o curso do rio, mas sim encontrar uma forma de atravessá-lo ou navegá-lo, respeitando a sua natureza.
Confúcio, filósofo chinês, também do século V a.C., disse que:
“Você não pode mudar o vento, mas pode ajustar as velas do barco para chegar onde quer.”
E onde queremos chegar? Talvez, essa seja outra pergunta de grande importância. Muitos de nós não sabemos, ao menos, onde queremos chegar, quais são nossos maiores propósitos e desejos. E quando descobrimos esse Norte, é importante também termos em mente que o caminho rumo a essa direção é para ser desfrutado. Não é a chegada que mais importa, mas sim, conseguirmos nos realizar durante a jornada, principalmente porque não sabemos quanto tempo ainda temos à nossa disposição. É mais ou menos como o nadador que sabe o momento exato da respiração para manter sua performance durante o seu movimento. É conseguir desfrutar ao longo do ano e não somente nos finais de semana, nas férias ou quando nos aposentarmos. É preciso aprender a respirar no meio da ação.
Confundimos sucesso com alcançar algo na vida, sendo que sucesso deveria ser entendido como viver algo significativo, como afirma Dulce Magalhães em seu livro “Atreva-se – Torne-se quem você é”. Não estamos aqui para chegar ao pódio, mas sim para desfrutar da caminhada, desde que essa caminhada esteja na direção de nossos sonhos, propósitos, motivações, desejos e valores.
A cada novo abismo que se apresenta, temos a oportunidade de desenvolver novas asas, de aprender novas técnicas de voo, de visualizar paisagens distintas e conhecer lugares novos. Quando aprendemos a deixar fluir o que está acontecendo, nos fortalecemos como ser humano. Isso não quer dizer que não haverá dor, mas sim que estaremos com a segurança de entender que existe algo maior que nós e um propósito que não temos condições de enxergar no momento da ocorrência, mas que, um dia, teremos uma compreensão mais ampla. E assim, vamos nos tornando cada vez mais humanos.
Para finalizar, vamos lembrar a sabedoria de Lao-Tsé:
“O rio atinge seus objetivos porque aprendeu a contornar obstáculos.”
Que possamos fluir com o fluxo da vida…
Te escuto....
Elaine Trannin
Master Coach