Indústria automobilística - vencedores no primeiro semestre
O ano de 2018 começou bem, com crescimento sólido em todos os meses...até abril. Desilusões com os rumos políticos levaram a um arrefecimento do crescimento e a greve dos caminhoneiros jogou a expectativa de indústria para baixo, mal superando os volumes de maio e junho de 2017. Mesmo assim são quase 14% de crescimento acumulado no primeiro semestre de 2018 comparado a igual período de 2017.
Entre as montadoras, algumas em especial se destacaram com crescimento superior ao mercado: a VW renasceu com o lançamento do Polo / Virtus, subindo 2,2 pontos em participação de mercado e alcançando a segunda posição no ranking brasileiro. O segundo maior crescimento pertence à Renault, que tem participação 0,9% superior ao primeiro semestre de 2017, suportada por um crescimento do Kwid e o relançamento do Captur que acendeu a demanda pelo modelo em junho. Também a Nissan cresceu 0,7% no período, resultado de ações fortes com o Kicks no primeiro trimestre. Para completar o grupo, vem a Jeep, com 0,3% de crescimento através do Compass e Renegade, este último líder dos SUVs compactos em abril, maio e junho.
E quem cedeu participação? A lista começa pela montadora líder, GM, que está fracamente representada no segmento de SUVs, fundamental para o cliente brasileiro. A GM recuou 0,8 pontos, mesma perda de Hyundai, Toyota e Honda. Com produção relativamente limitadas, seria natural que um mesmo volume de vendas significasse menor participação de um mercado em crescimento. Por outro lado, as perspectivas para estas 3 montadoras asiáticas são diferentes: a Toyota acaba de apresentar o Yaris à imprensa e promete executar o lançamento sem os problemas que afligiram o Etios; a Honda tem uma fábrica pronta para iniciar produção, decisão que só depende de equações internas bem resolvidas. A Hyundai vai na contra-mão das perspectivas, com volume de vendas menor do que no ano anterior, portanto menos justificado por restrições de produção. A desarmonia com o importador e distribuidor CAOA certamente colabora na queda, que pode resultar numa perda de posições no ranking brasileiro - Renault e Toyota agradecem. Por fim, a Fiat perdeu 0,6 pontos de participação junto com o segundo lugar no ranking, sofrendo com a reformulação comercial e com resultados abaixo do esperado para Argo e Cronos. Outras montadoras seguem "estáveis".
O que esperar para o segundo semestre? As preces dos executivos do setor tem foco fora da indústria. O ambiente político e judicial instável gera insegurança na população, que prefere adiar compras para tempos melhores. Estende-se mais um pouquinho a posse do carro novo, afinal a qualidade e durabilidade de todos os produtos vem evoluindo, em todas as marcas. A sensatez na política e a confiança na economia seriam os melhores remédios para aumentar vendas, porém isso parece distante neste momento. Por enquanto vamos andando de lado.
As always, síntese super lúcida da movimentação do mercado!