Indústria forte é país forte

Indústria forte é país forte

Vandermir Francesconi Júnior é 2º vice-presidente do CIESP e 1º diretor secretário da FIESP

 

Este último 25 de maio, Dia da Indústria, pode marcar um ponto de virada importante. Há muito não se via uma convergência tão grande, tanto do Executivo quanto do Legislativo, sobre a necessidade de estimular o setor industrial brasileiro. Para celebrar a data, Fiesp, Ciesp, Banco Nacional de Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES) e Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI), realizaram um evento de alto nível, com palestrantes nacionais e internacionais, no qual foram discutidas as questões mais relevantes para a indústria atualmente.

Os painéis técnicos abordaram os seguintes temas: a nova política industrial, a Reforma Tributária para o crescimento econômico, a desindustrialização e os novos desafios da geopolítica e do reshoring, financiamento para o desenvolvimento da indústria e fortalecimento das pequenas e médias empresas (MPMEs).

Ao lembrar que o setor gera os empregos mais qualificados, é o mais inovador e o que mais irradia crescimento para a economia, o presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, foi taxativo: “A indústria é essencial para o desenvolvimento do Brasil”, disse ele. “Só teremos um país democrático, inclusivo, crescendo e com menos desigualdades se recuperarmos a indústria de transformação”.

O governo, ao que parece, tem o mesmo entendimento. “Nenhum país se tornou desenvolvido sem indústria”, afirmou o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, ressaltando que a instituição quer voltar a ser robusta, além de grande apoiadora do setor industrial. O banco tem intenção de retomar seu tamanho histórico, de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) – chegou a mais de 4% do PIB depois da crise de 2008 e hoje é inferior a 1%.  

Na Fiesp, o BNDES anunciou novas linhas de crédito: R$ 2 bilhões para exportação com juros reduzidos em 60% do custo do spread; outros R$ 2 bilhões (podendo chegar a R$ 4 bilhões) para a indústria, para quem tem recebíveis em dólar, com juros de 7,5% ao ano; e R$ 20 bilhões para inovação e digitalização, em quatro anos, com juros de 1,7% ao ano, com a Taxa Referencial (TR). Inovação será um foco importante. No passado, o banco chegou a alocar 6% dos desembolsos em inovação e agora este percentual está em menos de 1%.

Vale ressaltar também a grande convergência em torno da necessidade de realizar a Reforma Tributária, pois ela proporcionará um salto de eficiência para o país. Isso foi destacado tanto no painel técnico, do qual participaram deputados, membros do Grupo de Trabalho da Câmara que irá propor mudanças no sistema de impostos, quanto nos discursos do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, do vice-presidente e ministro da Indústria, Desenvolvimento, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.

Por fim, quero destacar a fala do presidente do Ciesp, Rafael Cervone, que delineou as linhas de uma política industrial moderna para fazer frente às estratégias que vêm sendo adotadas pela União Europeia, pelos Estados Unidos e pela Ásia: políticas que favoreçam a competitividade, com reindustrialização baseada em tecnologias avançadas em seus processos industriais, transição para a economia verde, sintonizada com as tendências globais, capacitação, inovação, previsibilidade e segurança jurídica. Indústria forte é país forte.

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