Dia da Indústria: setor é chave para o desenvolvimento do país

Dia da Indústria: setor é chave para o desenvolvimento do país

Vandermir Francesconi Júnior é 2º vice-presidente do CIESP e 1º diretor secretário da FIESP


Nesta quinta-feira, 25 de maio, foi celebrado o Dia da Indústria, data escolhida em homenagem a Roberto Simonsen patrono da indústria nacional, que faleceu em 25 de maio de 1948, com apenas 59 anos. Engenheiro de formação, Simonsen participou ativamente do desenvolvimento do parque industrial paulista e nacional, foi um dos fundadores do CIESP, em 1928, presidiu a FIESP, a Confederação Nacional da Indústria (CNI), além de ter criado o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). Passou à história como um líder inovador e importante pensador sobre os rumos da indústria e da economia brasileiras na primeira metade do século XX.

Agora, nesta primeira metade do século XXI, a indústria de transformação (e a economia) nacional vive momentos desafiadores. Atualmente, o setor responde por 11% do Produto Interno Bruto (PIB). Já representou o dobro disso, em meados dos anos 1980. Segue distante do nível recorde, atingido há exatos doze anos e está 2,1% abaixo do patamar pré-pandemia.

Ainda assim, é o setor com o maior multiplicador econômico, responsável por dois terços dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento do país, paga, em média, os melhores salários, além de responder por 30% da arrecadação de tributos. Não tenho dúvidas da resiliência do nosso setor e estou convicto que só teremos um país forte com uma indústria forte.

Para tanto, temos de desatar alguns nós. O primeiro é o dos juros. O Brasil tem a maior taxa do mundo, 8% em termos reais. Não há como investir e produzir como tamanho custo de capital. Sendo direto: é uma conta que não fecha. Vale ressaltar que a indústria de transformação é, especialmente, penalizada porque, cada 1 p.p. a mais na taxa real de juros tem um impacto de 1,5 p.p. no segmento, segundo cálculos da Fiesp.

A Reforma Tributária é outro nó a ser desatado. O Brasil necessita de uma reforma que simplifique o sistema de cobrança de impostos e garanta isonomia entre os setores. Por isso, defendemos a adoção de um Imposto sobre Valor Adicionado, com mínimas exceções e alíquota máxima de 25%.

Olhando para frente, o futuro é verde e digital. Internet das Coisas, Big Data, Computação em Nuvem, Machine Learning, entre outras tecnologias, serão cada vez mais realidade nas fábricas. A era da Indústria 4.0 que está mudando radicalmente a sociedade e as empresas que não se digitalizarem perderão mercado.

Para operar neste universo digital, haverá grande demanda por trabalhadores qualificados. A baixa qualidade da educação do país, agravada pela pandemia, é um vetor negativo. Enfrentar este problema deve ser prioridade de todos os governantes. O Brasil não conseguirá se inserir na economia do século XXI sem mão de obra qualificada.

A descarbonização da economia também é inevitável. A transição para uma economia de baixo carbono requer o estabelecimento de marcos regulatórios que deem segurança jurídica aos investidores e ampliem a participação do Brasil nas cadeias globais de valor. Vários setores têm investido em processos produtivos com menos emissões de gases de efeito estufa. Mas é preciso avançar ainda mais para conter a crise do clima.

O mais importante: o Brasil precisa voltar a crescer para gerar riqueza para sua população. Nos últimos dez anos, o crescimento foi de apenas 0,6% ao ano, enquanto o percentual médio entre os emergentes foi de 4%. Uma indústria dinâmica, inovadora e pujante é chave para impulsionar o desenvolvimento do país.

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