Influenciadores Digitais e Estratégias Transmidiáticas
Influenciadores Digitais são pessoas que possuem uma audiência que os acompanham nas redes sociais a partir dos conteúdos que eles produzem. Essas pessoas se destacam por serem relevantes para seu público a ponto de impactar seu comportamento e escolhas. Existem os defensores da marca e os influenciadores profissionais. O primeiro geralmente tende a disseminar suas recomendações positivas, mas não é pago para isso. Suas indicações acabam sendo consideradas como a forma mais confiável de ‘publicidade’, já que chega ao público através do boca a boca. Já o Influenciador Profissional utiliza as mídias como forma de trabalho e muitas vezes são autoridades nos tópicos e temas sobre os quais produzem conteúdo. Para quem tem interesse em entender mais sobre, o portal Comunique-se produz periodicamente Podcasts sobre Influenciadores e o Marketing de Influência. A Kuak, empresa que se diz pioneira no desenvolvimento de soluções para o mercado de Marketing de Influência no Brasil, classifica os influenciadores em seis categorias de acordo com sua Pirâmide de Influência: Everyday Influencers; Nano Influenciadores; Micro Influenciadores; Macro Influenciadores; Mega Influenciadores e Celebridades. A diferença entre as categorias está no impacto de influência, sendo analisados seus níveis de alcance, engajamento, custo de ativação e proximidade com o público.
“A narrativa transmedia representa um processo em que os elementos integrantes de uma ficção se dispersam sistematicamente em vários canais de entrega com a finalidade de criar uma experiência de entretenimento unificada e coordenada”. Henry Jenkins
Transmídia, por sua vez, é um conceito que ficou famoso por volta dos anos 2000 com Henry Jenkins, autor do livro A Cultura da Convergência. O termo refere-se ao uso de várias mídias para contar uma história, utilizando as particularidades de cada, com o objetivo de gerar discussões de forma que enriqueça o enredo principal e proporcione a participação e engajamento do público. Atualmente, com a massificação do acesso às ferramentas tecnológicas, as narrativas transmídias têm ainda mais recursos para transcender sua mensagem e disseminar informações a partir das mídias sociais. No entanto, é importante lembrar que tal conceito não é uma tática exclusiva do ambiente digital e também é aplicado para mídias offline. O objetivo das práticas transmidiáticas é dinamizar a relação e interação entre conteúdo e público, seja online, offline ou na convergência entre ambos.
Para Influenciadores Digitais, existem inúmeras formas de planejar conteúdo a partir de estratégias transmidiáticas, principalmente em parceria com grandes marcas. No Brasil, nos últimos anos várias empresas passaram a oferecer esse serviço, como a Agência EPK que coloca entre as ações de suas campanhas transmídias a ativação com influenciadores, eventos, animações 2D, realidade virtual, vídeos para mídias sociais e TV, spots de rádio e podcasts, hotsites e outras possibilidades. Existem duas marcas que foram destaque na minha adolescência a partir de campanhas transmídia utilizando influenciadores, que na época ainda nem tinham esse nome e muito menos era considerado uma profissão. A Forma Turismo com suas webséries e o Guaraná Antártica com a campanha Caçadores de Energia.
Essa campanha trazia o ator João Maia, que tinha passado pela Malhação, e a influenciadora digital Nah Cardoso (também participante das webséries da Forma Turismo). O objetivo era conectar o público a partir da história na qual João tenta convencer Natália a ficar no Brasil. Na época, a narrativa deu origem ao site www.ficanatalia.com, a hashtag (que ainda não eram tão usadas) #FicaNatalia, a uma websérie de 10 episódios, a um tumblr e a manifestações espontâneas dos fãs de João e Natália. Antes de cada episódio ir ao ar, rolavam várias movimentações no Twitter, tanto de João e Natália, quanto de seus fãs e público da narrativa para colocar #FicaNatalia nos Trending Topics. Além disso, vários perfis fã-clubes foram criados fazendo referência à campanha e a influenciadora ganhou ainda mais notoriedade. Essa ação aconteceu em 2011 e foi considerada inovadora para a época, tanto pelo caráter transmídia, quanto pelo uso de influenciadores digitais (já que, apesar de ter participado da Malhação, João Maia também era muito conhecido na internet por seus vídeos).
Podemos perceber que, o que antes era considerador inovador, hoje faz parte do nosso cotidiano e está cada dia mais sendo explorado das mais diversas formas. O potencial de impacto de um influenciador no Brasil (e no mundo) é inegável e a necessidade de usar o que tem de melhor em cada mídia para uma mesma narrativa também. É possível observar que inúmeras vezes precisamos do off para entender o on (e vice-versa), como também sentimos uma necessidade de ‘estar próximo‘ e de ‘colaborar‘ com as marcas, sendo as estratégias transmídias com influenciadores fundamentais nesse momento.
Texto publicado em Labcon