Inovação, a arte do possível?
Já um pouco contaminado pelo clima pré-eleições, vi, dias atrás, um analista lembrar a fase de Otto Von Bismarck: a política é a arte do possível. Boa definição, afinal a política, em princípio, não é fazer do meu jeito ou do seu jeito, mas do jeito possível para nós dois.
Na mesma hora, minha mente fez uma conexão com a inovação. Será que não estamos perdendo muito tempo (e energia) tratando a digitalização/IoT/Machine learning como aquilo que vai acabar com o mundo tal como conhecemos para trazer uma nova realidade, enfim, boa para todos?
Esse fatalismo na abordagem, não sem surpresas, acirra os ânimos e traz muita animosidade (alguma similaridade com o modo como estamos discutindo política?). Acabamos afastando pessoas relevantes da discussão (e como precisamos da opinião deles!). Eu adoraria participar das reuniões do meu condomínio, mas discussões sem sentido, dois graus acima do nível aceitável e que não levam a nada eu reservo para as vozes que habitam a minha mente. Renego o meu direito de opinar em troca de menos stress! Como bem cantado pelo Metallica, sad but true...
Não tem jeito, na média, odiamos a incerteza e não gostamos de mudanças repentinas, então que tal focarmos no “bom para ambas as partes”? No meu mundo do óleo & gás - conservador, lento e avesso aos riscos – não vejo muito caminho para ver as coisas mudarem via inovação sem ser “comendo pelas beiradas”. E na política não é diferente, ou alguém acha que vamos realmente resolver o déficit da previdência por completo no dia da posse do nosso novo presidente?
Torço também para despirmos mais de nossas certezas e conviver mais com as verdades do outro nesse mundo da inovação. Sinceramente só acho que a inovação vai deslanchar quando agregar pensamentos diferentes (ou até opostos). Tudo bem que na política do Brasil isso é bem esculhambado (vide as negociações do tal “Centrão” com os partidos), mas por que não ver o time da start-up estilo Google contratando o “dinossauro” cheio de experiência que, num primeiro olhar (cheio de preconceito), só gosta de tocar a bola para o lado? Quem sabe se desse caldo não sai o tal possível?
Um choque de realidade talvez ajude o ecossistema da inovação também. O investidor-anjo é bonzinho e tem dicas ótimas, mas, no final das contas, só quer o retorno para o seu capital investido. O comprador da grande empresa quer mesmo o desconto obsceno que vai matar sua margem. O mundo é esse mesmo, precisamos aceitar que o “mal” existe e não ter como premissa o mundo da “Poliana moça”: lindo e fofinho. Sabe a placa de obra “o transtorno é temporário e o benefício é permanente”? Pois então, temos que aprender a conviver com o incômodo. Os Renans e Eunícios da vida provavelmente estarão por aí no próximo ciclo legislativo, infelizmente! A idealização do mundo que temos à frente pode ser uma distração perigosa.
Menos inovação disruptiva e mais inovação incremental? Na minha opinião sim. Talvez eu esteja ficando velho e sem energia para a revolução, mas tenho a impressão de que essa aposta no conflito não está nos levando a nada.
#Inovação#IoT#Machinelearning#Digitalização
Diretor de Controladoria
6 aParabéns João, belo texto! Refletindo o pensamento. Abraço
Energy | Industrial Automation | Digital | Manufacturing 4.0
6 aJoão, dá uma olhada se consegue ler: https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=10213087844689711&id=1201411975