Inovação na construção civil: Rumo a um setor zero carbono

Inovação na construção civil: Rumo a um setor zero carbono

A construção civil, setor responsável por aproximadamente 40% das emissões globais de gases de efeito estufa (GEE), enfrenta um imperativo urgente de inovar e transformar suas práticas. Desse total, cerca de 28% das emissões estão relacionadas à operação de ativos construídos, enquanto 12% vêm da produção de materiais de construção e da execução de obras.

 

O impacto das emissões de carbono 

As emissões da construção civil podem ser classificadas em dois grupos principais: 

  1. Carbono incorporado: resultante da produção, transporte, instalação e manutenção dos materiais de construção, como cimento, aço e vidro. Esse processo é altamente intensivo em carbono, sendo responsável por grande parte das emissões do setor. 
  2. Carbono operacional: relacionado ao consumo energético durante a vida útil dos edifícios, especialmente com sistemas de aquecimento, resfriamento, ventilação e iluminação. Essas emissões representam a maior parcela ao longo do ciclo de vida das edificações. 

 

Inovações que transformam o setor

A descarbonização do setor passa pela adoção de tecnologias inovadoras e pela transformação de toda a cadeia de valor da construção. Startups, grandes empresas e centros de pesquisa estão desenvolvendo soluções de alto impacto que aliam sustentabilidade e eficiência econômica e podem ser implementadas em escala global. Entre as principais inovações destacam-se:

 

-----> Cimento e concreto sustentáveis

  • Cimento descarbonizado: soluções como a da Sublime Systems, que eliminam o uso de fornos de alta temperatura, reduzindo drasticamente as emissões.
  • Concreto carbono negativo: a CarbonCure Technologies injeta CO2 capturado em concreto fresco, reduzindo emissões e fortalecendo o material.

 

-----> Madeira engenheirada

  • Cross Laminated Timber (CLT): a madeira laminada cruzada é um substituto renovável para concreto e aço, com carbono negativo ao longo de seu ciclo de vida. Exemplos incluem edifícios de médio porte que utilizam CLT como alternativa estrutural. 

 

-----> Bioplásticos e materiais bioinspirados

  • Materiais derivados de resíduos agrícolas e bioplásticos reforçados estão emergindo como alternativas leves e de baixa emissão para elementos de construção. 

 

-----> Tecnologias de eficiência energética

  • Vidros inteligentes: capazes de ajustar a transparência com base na luz solar, reduzindo a necessidade de sistemas de aquecimento e resfriamento. 
  • Sistemas passivos de resfriamento: arquiteturas que utilizam design passivo para minimizar o consumo de energia em climas quentes. 

 

-----> Tecnologias de captura e reutilização de carbono

  • Mineralização de CO2: startups como a Neustark estão transformando CO2 em materiais de construção duráveis, como blocos de concreto reciclado. 
  • Biochar: aplicação de resíduos agrícolas carbonizados como aditivos em concreto, reduzindo emissões incorporadas. 

 

-----> Construção modular e pré-fabricada

  • A construção modular otimiza materiais, reduz resíduos e acelera o tempo de entrega, reduzindo a pegada de carbono. Essa abordagem é particularmente promissora em projetos habitacionais e comerciais. 

 

-----> Automação e digitalização

  • Modelagem da informação da construção (BIM): ferramenta que otimiza o design, reduz desperdícios e integra soluções de baixo carbono durante todo o ciclo de vida dos edifícios. 
  • Robótica na construção: equipamentos automatizados que aumentam a eficiência e reduzem o impacto ambiental no canteiro de obras. 

 

Um ecossistema de inovação aberta 

A transição para um setor zero carbono depende de parcerias estratégicas e de um ecossistema de inovação aberta, que envolva colaboração entre empresas, startups, universidades e governos. 

  • Parcerias estratégicas: programas como o Holcim MAQER Ventures, em colaboração com startups de tecnologias verdes, aceleram a adoção de materiais e processos sustentáveis. 
  • Incentivos governamentais: políticas públicas que promovam a pesquisa, o desenvolvimento e a implementação de tecnologias sustentáveis são cruciais para escalar essas inovações. 
  • Certificações sustentáveis: iniciativas como o LEED, WELL e a recém-lançada GBC Life Performance Rating incentivam práticas sustentáveis e de eficiência energética no setor. 

 

O futuro da construção 

A inovação na construção civil representa não apenas uma resposta às exigências climáticas, mas também uma oportunidade de repensar o setor como um motor de transformação social e ambiental. 

  • Cidades inteligentes: tecnologias integradas para monitorar e otimizar o consumo energético e a gestão de resíduos em tempo real. 
  • Construções resilientes: edifícios que não apenas reduzem emissões, mas também são adaptados às mudanças climáticas, promovendo a resiliência urbana. 

 

A inovação na construção civil não é apenas uma necessidade; é uma oportunidade para transformar radicalmente o setor em direção à sustentabilidade. Enquanto avançamos para limitar o aquecimento global a 1,5 °C, as tecnologias emergentes e as parcerias estratégicas serão cruciais para alcançar um setor zero carbono.

A adoção dessas inovações em grande escala é fundamental para que possamos construir cidades mais sustentáveis para as gerações futuras, reduzindo o impacto ambiental e melhorando a qualidade de vida globalmente. Dessa forma é possível equilibrar o desenvolvimento urbano com a preservação do planeta. 


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