Inovação para Cooperação

Quem sou eu para discordar de Aristóteles, mas nos tempos atuais a máxima “Nós somos o que fazemos repetidamente. Excelência, portanto, não é um ato, mas um hábito” vem sendo desafiada. Em meio à crise instalada, muitas empresas vêm inovando em ações de colaboração que em situações normais, provavelmente não ocorreriam.

Recentemente foi divulgada a notícia de que o tradicional Biscoito Globo, um verdadeiro ícone das praias cariocas, interromperia sua produção devido à falta de demanda no período de pandemia. Essa notícia provocou a AMBEV que resolveu apoiar a fábrica de biscoitos comprando cerca de 15 mil pacotes! Essa iniciativa ainda está atrelada em ajudar ambulantes das praias do Rio que também tiveram suas atividades seriamente afetadas desde meados de março.

Outra gigante, dessa vez no ramo de tecnologia, a AMAZON, criou um fundo, com recursos iniciais de US$ 25 milhões, para apoiar prestadores de serviço terceirizados em dificuldades financeiras durante a crise. Outro fundo, de US$ 5 milhões, será voltado a subsídios para empresas de pequeno porte de Seattle, cidade que abriga a sede da varejista.

O que aprendemos até aqui é que os hábitos que tornaram as empresas competitivas, vêm sendo trocados pela inovação para cooperação. Cenários de muitas incertezas e alto risco demandam colaboração e soluções inovadoras para influenciar a cadeia fornecedora em todos os seus níveis, desde o produto acabado até a matéria-prima, do serviço contratado ao profissional autônomo.

A forma como as empresas conseguirem reagir aos impactos da crise atual na intenção de cooperar com seus parceiros fornecedores trarão um grande valor econômico, pois serão alicerces de sustentação do seu próprio negócio durante e pós pandemia, mas também de grande impacto social. Suas capacidades para estabelecerem vínculos de confiança com a cadeia de fornecimento poderão ser fator essencial para salvar vidas.

A retorno do crescimento econômico vai depender de como cada empresa enxerga seu papel, e como seus valores estão pautados nos dias de hoje. Funcionários e sociedade lembrarão onde estava seu foco; no engajamento pela reconstrução do bem-estar coletivo, ou exclusivamente nos resultados financeiros.

A verdade é que enfrentar problemas dessa magnitude demanda engajamento, colaboração, visão sistêmica e responsabilidade social, e torço para que dessa vez, essas iniciativas rompam a fronteira do banner de missão e valores, e se tornem reais e efetivas.