Inovação requer lupa no ecossistema e cultura de crescimento
Em um mundo empresarial que avança a passos largos, no qual a única constante é a mudança, a habilidade de enxergar o futuro no presente torna-se um atributo indispensável para quem almeja o sucesso.
O desenvolvimento inovador, mais do que nunca, depende de uma clara visão do amanhã combinada com a competência para colocá-la em prática nos dias de hoje.
Por isso, é necessário equilibrar a gestão do presente enquanto se planeja o futuro, enfatizando a importância de um ecossistema de inovação consistente, bem como a necessidade de uma cultura que promova e sustente a disrupção.
Outro ponto fundamental é desvendar os segredos que possibilitam que as organizações não apenas sonhem com o futuro, mas que também possam moldá-lo, transformando aspirações disruptivas em realidade.
O segredo de manter a visão do futuro no presente
Penso que o desenvolvimento inovador nasce de uma capacidade incrível de enxergar o futuro e direcionar todos os recursos necessários para alcançá-lo. Afinal, na prática, podemos considerar que o crescimento exponencial e disruptivo vem da identificação e da resolução dos problemas dos clientes do amanhã – e não dos consumidores atuais.
Talvez seja este o tom da mentalidade disruptiva: manter a visão futurista intacta enquanto se prepara para o presente. Afinal, é por meio do trabalho concreto que se estabelece a base sólida responsável por fazer a engrenagem funcionar.
No entanto, é inegável que essa realidade nos traz desafios, como bem já ilustrou o empresário Torresi, quando disse: “A razão pela qual Deus foi capaz de criar o mundo em sete dias é que Ele não precisou se preocupar com base instalada.”
Não há dúvidas de que os esforços para alcançar uma cultura disruptiva tornam-se inválidos quando são controlados, já que eles precisam de inspiração. E acredito que este seja o principal desafio para liderar o crescimento disruptivo: estabelecer a melhor maneira de conduzir o movimento em direção a uma cultura de crescimento e disrupção.
A necessidade de adotar uma perspectiva ampla sobre a inovação tem sido um tema recorrente, em que muitos debatem o assunto sem considerar a importância de um ecossistema de inovação integrado. Porém, é crucial sempre lembrarmos que a inovação não existe isoladamente; seu sucesso é interdependente.
Ecossistema de inovação
Para explorar essa ideia, é necessário compreender o conceito do ecossistema de inovação. Na natureza, ecossistema é um conjunto de seres interligados, cuja sobrevivência depende uns dos outros. Já no contexto empresarial, trata-se da inter-relação dinâmica e imprescindível entre empresas, clientes, concorrentes e parceiros, cuja colaboração é fundamental para conquistar o êxito compartilhado.
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Reconhecer como somos impactados pelos desafios e oportunidades em determinados ecossistemas é um passo fundamental.
Tradicionalmente, um resultado favorável em inovação depende da compreensão e atendimento das necessidades dos clientes, assim como se destacar em meio à concorrência. No entanto, um terceiro aspecto extremamente importante costuma ser muito negligenciado: o alinhamento e a colaboração com parceiros estratégicos.
Incluir a dimensão do ecossistema em sua estratégia pode trazer insights profundos e essenciais para o triunfo. Nesse cenário, é fundamental reconhecer que as conquistas não derivam apenas do esforço individual, mas também da sinergia e prosperidade dos parceiros dentro do ecossistema de inovação, onde o valor proposto é fortalecido pelo compromisso coletivo de transformar uma ideia em um sucesso de mercado.
Além disso, a inovação pode tornar-se insignificante se o ecossistema não estiver alinhado com a visão, ressaltando a importância de estratégias bem-elaboradas e da consciência das dependências ocultas.
Mapear o ecossistema de inovação é um exercício de clareza que revela conexões e vínculos fundamentais para o sucesso dos planos de inovação, e reconhecer e administrar essa interdependência torna-se vital para superar as barreiras que impedem a criação de valor.
A eficácia das estratégias de inovação não se limita a gerenciar uma inovação isolada. É preciso gerir o ecossistema de inovação como um todo – e isso envolve a cooperação e adaptação dos parceiros para garantir o sucesso coletivo. Caso contrário, a inovação enfrentará obstáculos invisíveis.
Inflamar a cultura de crescimento para a disrunção
No contexto empresarial, a disrupção vai além da simples inovação, uma vez que se trata do processo pelo qual um produto ou serviço ganha impulso suficiente para redefinir ou substituir um mercado já estabelecido.
A inovação, por sua vez, erroneamente associada à tecnologia, está muitas vezes relacionada ao uso aprimorado de tecnologias já existentes, e não somente a novidades tecnológicas. Contudo, a ambiguidade entre disrupção e inovação frequentemente resulta em esforços frustrados que se concentram exclusivamente no desenvolvimento de produtos, sem estratégia de crescimento ou transformação de mercado.
A verdadeira transformação disruptiva é a mudança de um estado para outro, e requer uma visão progressiva e antecipatória, de forma semelhante à abordagem de Wayne Gretzky, atleta profissional de hóquei no gelo, que jogava antecipando onde o disco estaria, não onde esteve. Isso exige mais do que simplesmente olhar adiante: é necessário cultivar uma cultura de disrupção que coordene as ações da equipe em direção a essa visão.
A barreira para a disrupção muitas vezes reside na capacidade de superar interesses individuais ou departamentais e se unir em torno de um objetivo comum. Os gestores devem promover ativamente uma cultura que aspire ao futuro desejado, incentivando uma mentalidade aberta às mudanças e estilos de liderança que empoderem e inspirem suas equipes.
Para alcançar o sucesso em estratégias de crescimento disruptivo, é fundamental desenvolver uma cultura que não apenas tolere, mas prospere na incerteza, mantendo um compromisso diário com a realização da transformação. Isso implica em criar uma coalizão de influenciadores-chave e adotar novas metodologias de trabalho que abracem a mudança e a inovação.
Marcos Inocencio excelente artigo!