Institucionalização dos Governos
Instituições são criações humanas. São abstratas à medida em que dependem da percepção das pessoas, a partir do grau de legitimidade e de confiança que atribuem a tais criações, em determinados contextos sociais e em determinadas épocas da humanidade. Assim o tempo de vida de uma instituição é diretamente ligado à constância de sua legitimidade, ou seja, da verdade que ela transmite e representa perante àqueles que com ela interagem. Existem inúmeros exemplos de instituições na sociedade. Algumas acompanham o homem desde as mais remotas épocas e civilizações. A maternidade, por exemplo, é uma instituição, pois todos acreditamos que a mãe que gerou é a pessoa que melhor cuidará de seu filho; outro exemplo de instituição é a família como forma organizada para o desenvolvimento dos filhos até a idade adulta; as religiões como forma de religar o homem ao sagrado; as moedas como meio de troca de valores entre os indivíduos, entre outras criações que se perpetuam por se constituírem em verdades percebidas nas relações humanas que as criaram e com elas convivem. Assim, todas estas criações se sustentam na medida em que são verdadeiras para àqueles que com elas interagem, em determinada época e em determinado contexto, segundo os valores vigentes na sociedade em que convivem.
Na sociedade de organizações contemporânea observa-se o fenômeno das organizações, entendendo-as como estruturas funcionalizadas para alcançar determinado propósito. Nelas o processo relacional é intenso. Pois, como criações humanas, as organizações são instituídas por homens para alcançar propósitos igualmente humanos, a partir de suas necessidades e das soluções que se alcançam para saciá-las, propostas igualmente por homens.
Governos são criações humanas. São estruturas criadas para possibilitar o convívio político dos indivíduos, segundo as leis que os regem. São legais à medida em que os governantes são eleitos por livre vontade popular, em processos eleitorais democráticos e legais. Mas os governantes precisam ir além da legalidade de sua condição de eleitos, precisam ser legítimos e acreditados perante a sociedade que os elegeu. Como conquistar essa condição? Evidenciando coerência entre o discurso que fazem e a dinâmica de suas decisões e implementações. Se o que é dito é feito há coerência e, sendo ela percebida, o governo se legitima, institucionalizando-se perante os seus governados. A continuidade de governos legais e ilegítimos, por sua incoerência continuada, tira credibilidade da política e dos políticos que o constituem, o que gera um clima de descrença e pessimismo na sociedade, pois quem nos governa deste modo não nos representa, embora tenha sido legal e democraticamente eleito. Portanto, muitos governos são legais, no entanto poucos são institucionalizados perante a sociedade, à medida em que seu discurso não corresponde às ações que realizam.
Professora Autora e Redatora Web
9 aLauro, de uma forma muito clara expôs a situação que estamos vivendo com maestria.