Integração de Tecnologias Digitais e Regulamentações: Como o BIM Responde às Demandas das Normas de Desempenho

Integração de Tecnologias Digitais e Regulamentações: Como o BIM Responde às Demandas das Normas de Desempenho

No setor da construção civil, o BIM destaca-se como um conjunto de metodologias que promovem avanços significativos, suprindo a necessidade de padronizações assertivas e previsibilidade, assegurando padrões industriais. Por meio do BIM, construir têm se tornado mais controlado e eficiente, permitindo que edificações não só sejam construídas de forma inteligente, como também sejam manutenidas de forma mais racionalizada. Nesse contexto, as Normas de Desempenho são as responsáveis por consolidar as principais boas práticas para gestão do ciclo de vida, assim como normas fundamentais para o correto desempenho das edificações civis. Este artigo aborda, de maneira minuciosa e colaborativa, como as principais tecnologias do mercado contribuem para a padronização e racionalização, mantendo o desempenho adequado das construções contemporâneas.

Norma de Desempenho 

Conforme mencionado no tópico anterior, a ABNT NBR 15.575 é a norma responsável por determinar padrões de desempenho requeridos para guiar processos de projeto, execução e manutenção de edificações habitacionais, embora sua utilização seja aplicável a quaisquer tipologias de edificação. Mas afinal, qual o grande diferencial dessa norma? Além dos requisitos de desempenho estabelecidos é importante compreender que a norma de desempenho torna claro o papel de cada responsável na cadeia produtiva da construção civil, desde ao fornecedor do material, o projetista, a construtora até o consumidor final. De acordo com Paulo Campos (2013) “O Brasil passa a enxergar o edifício de uma forma sistêmica, olhando para o todo, e não só para as partes” o que gerou uma clareza muito bem estabelecida quanto a responsabilidade que é construir. 

A norma, dividida em seis partes, aborda requisitos em todos os aspectos construtivos, desde a segurança estrutural a confiabilidade do revestimento projetado e executado. Partindo desse princípio, todos os envolvidos na cadeia construtiva possuem artifícios suficientes, inclusive para requerir seus direitos quanto ao funcionamento incorreto da construção. 

“Toda a cadeia produtiva da construção civil tem as suas responsabilidades definidas, inclusive as do comprador. Na maioria das vezes, os conflitos surgem quando aparece algum problema depois de terminada a obra e o morador entra na Justiça, gerando uma longa discussão até que se determine se a falha na construção surgiu na fase de cálculo, na execução ou se foi o usuário quem a provocou” Villa Bôas (2013)

É importante compreender que os requisitos de desempenho exigidos, tem como finalidade principal garantir a saúde, segurança e qualidade de vida do usuário e quaisquer condicionantes que forem de desencontro a norma podem trazer prejuízos significativos a saúde humana. 

Para elucidar um pouco mais sobre a temática abordada na norma, a seguir, exemplifico as principais temáticas elencadas. A Norma de Desempenho, NBR 15575, é dividida em seis partes que abordam diferentes aspectos das construções. A primeira seção, intitulada Requisitos Gerais, aborda o desempenho geral da construção, fornecendo uma visão abrangente das partes seguintes e estabelecendo critérios aplicáveis a toda a norma. Nela, define-se a vida útil de um projeto e as regras mínimas de desempenho que devem ser seguidas.

A segunda parte, dedicada à Estrutura, trata dos requisitos para os sistemas estruturais. A norma define os Estados Limites Último (ELU) e os Estados Limites de Utilização (ELS), que são utilizados para identificar problemas como fissuras ou deformidades na estrutura. Esta seção descreve os métodos para avaliar a capacidade da estrutura de suportar impactos sem falhas.

Em relação aos Sistemas de Piso, a norma apresenta os requisitos para pisos internos e externos. Esta parte da norma passou por várias revisões ao longo do tempo, refletindo mudanças significativas. Ela aborda a combinação de diferentes componentes, como contrapiso e revestimento, e define aspectos como o coeficiente de atrito e a resistência ao escorregamento.

A seção sobre Vedações Verticais lida com os sistemas de vedação, que incluem paredes, portas, janelas e fachadas. Discute a volumetria e compartimentação dos espaços da construção, além do isolamento contra água, umidade e vento.

Coberturas é outra parte importante da norma, focando na resistência ao fogo dos materiais de revestimento e do sistema de cobertura, de acordo com a NBR 14432, que exige uma resistência mínima de 30 minutos. Esta seção também aborda a proteção contra desastres naturais e contribui para o conforto acústico da edificação.

Por fim, a seção de Sistemas Hidrossanitários trata dos sistemas de água fria e quente, esgoto sanitário, ventilação e águas pluviais. Define a durabilidade desses sistemas e recomenda a manutenção antecipada do imóvel, destacando a importância da reutilização da água.

A Norma de Desempenho foca nos requisitos dos usuários em relação aos sistemas e elementos da construção, em vez de prescrever como esses sistemas devem ser implementados. O objetivo é garantir segurança, sustentabilidade e habitabilidade, cobrindo aspectos como segurança estrutural, proteção contra incêndios, durabilidade, manutenção, impacto ambiental, estanqueidade, desempenho térmico e acústico, além de conforto e acessibilidade.

Uma das principais vantagens da NBR 15575 é a extensão da vida útil dos imóveis, que é ampliada devido ao enfoque em conforto térmico, acústico, proteção contra fogo e estanqueidade. A norma introduz o conceito de Vida Útil de Projeto (VUP), que é o período para o qual um sistema é projetado para atender aos requisitos da norma. O anexo C da norma discute a durabilidade e a vida útil, enquanto o anexo D fornece diretrizes para os prazos mínimos de garantia para diversos elementos e sistemas da construção.

Os prazos de garantia são divididos em garantias legais e certificadas, sendo que as certificadas são oferecidas voluntariamente e podem exceder o prazo legal. A norma recomenda prazos de garantia para componentes como fundações, sistemas hidrossanitários e instalações elétricas. 

A responsabilidade pelo cumprimento da norma é atribuída a diferentes profissionais na construção: o incorporador deve avaliar o local e os riscos, o projetista deve especificar produtos e a Vida Útil de Projeto, o fabricante deve indicar a vida útil dos produtos, o construtor deve garantir o desempenho do sistema e elaborar manuais de uso e manutenção, e o usuário deve manter a edificação conforme o plano de manutenção.

O Papel do BIM na construção civil

Segundo Biblus (2017), o Building Information Modeling (BIM) é um conjunto de metodologias que possibilita "a gestão integrada de todas as informações geométricas e alfanuméricas de um edifício ao longo de todo o ciclo de vida do projeto". Isso significa que o BIM possui uma ampla gama de utilidades ao longo da cadeia construtiva. De acordo com essa definição, além de apresentar características geométricas—como representações virtuais e esquemas que facilitam a compreensão visual—, a metodologia BIM permite que essas geometrias armazenem informações adicionais. Esses dados armazenados possibilitam a realização de diversas análises essenciais para o desenvolvimento e operação de uma edificação, oferecendo suporte em todas as etapas da construção, desde o planejamento até a manutenção.

Portanto, o BIM vai além da simples modelagem tridimensional; ele integra informações detalhadas que são cruciais para a tomada de decisões informadas e a otimização dos processos construtivos. O modelo BIM atua como uma base de dados centralizada que agrega informações sobre materiais, custos, cronogramas e muito mais, permitindo uma gestão mais eficiente e uma coordenação aprimorada entre os diversos participantes do projeto.

Mas, afinal, no que consiste essa metodologia? Para Sergio Leusin (2022), "os processos BIM dependem de tecnologia, recursos, procedimentos e, fundamentalmente, de pessoas". Isso nos leva a entender que, embora o detalhamento volumétrico e a riqueza de informações armazenadas no modelo BIM sejam extremamente valiosos, sua eficácia depende de processos bem definidos e de uma integração eficaz entre todos os stakeholders envolvidos. É crucial que haja profissionais capacitados que compreendam os fluxos estabelecidos e saibam como utilizar as tecnologias e ferramentas disponíveis de forma a atender às necessidades reais do projeto. A integração bem-sucedida de tecnologia e pessoas é essencial para que o BIM alcance todo o seu potencial, garantindo que as informações do modelo sejam aproveitadas de maneira eficaz e que os objetivos do projeto sejam alcançados de forma eficiente.

Além disso, é importante que os processos BIM sejam continuamente avaliados e aprimorados para garantir que eles evoluam conforme as necessidades do projeto e as novas tecnologias que surgem no mercado. A colaboração e a comunicação eficaz entre todos os envolvidos—desde arquitetos e engenheiros até construtores e operadores—são fundamentais para o sucesso da implementação do BIM. 

Fiscalização de modelos em BIM

Antes de mais nada, é preciso compreender que a variedade de informações associadas aos modelos BIM é imensa e complexa, o que pode levar a uma série de erros na elaboração dos projetos. Esses erros podem variar desde inconsistências geométricas, como dimensões incorretas e sobreposições indesejadas, até erros relacionados aos dados associados, como informações imprecisas sobre materiais e especificações técnicas. É importante destacar que, embora tais erros também possam ocorrer no mundo real, a metodologia BIM oferece ferramentas tecnológicas avançadas para a fiscalização dessas "Obras Virtuais". Essas ferramentas permitem uma análise detalhada e a detecção precoce de problemas antes do início físico da construção, o que aumenta significativamente a capacidade de planejamento e previsibilidade dos projetos. A utilização dessas tecnologias não apenas facilita a identificação e correção de erros em um estágio inicial, mas também contribui para a eficiência geral do processo de construção, reduzindo custos e minimizando retrabalhos.

Mas, afinal, como funciona a fiscalização de modelos BIM? Uma das metodologias principais é o Model Checking, que combina abordagens automatizadas e visuais para a verificação de inconsistências dentro dos modelos. O Model Checking utiliza algoritmos para aplicar regras parametrizadas e automatizadas que detectam erros geométricos e inconsistências técnicas. Além disso, permite uma análise visual detalhada dos modelos, facilitando a identificação de problemas que podem não ser evidentes apenas por métodos automatizados. Essa combinação de técnicas automatizadas e visuais ajuda os coordenadores e fiscalizadores a garantir que os modelos atendam aos padrões estabelecidos e aos requisitos técnicos do projeto. A análise visual é particularmente útil para entender e resolver conflitos complexos que podem não ser facilmente detectados por ferramentas automatizadas, oferecendo uma abordagem mais abrangente para a validação dos modelos.

“Precisamos garantir que a qualidade desses dados atenda às expectativas e aos requisitos do cliente. A verificação de modelo baseada em regras nos ajuda a atingir isso ao tornar o processo de coordenação automatizado e menos propenso a erros” BIM Corner, 2022.

Esta citação ressalta a importância da verificação baseada em regras, que combina a automação com a análise visual para sistematizar a coordenação entre diferentes disciplinas e partes interessadas. Ao aplicar regras predefinidas e realizar inspeções visuais, essa metodologia reduz a dependência de processos manuais, minimizando a margem de erro humano e assegurando que os dados do modelo estejam alinhados com as expectativas do cliente e os requisitos do projeto.

Outra metodologia relevante é a Clash Detection, que foca na detecção de conflitos, especialmente aqueles de natureza geométrica. Essa abordagem é crucial para garantir que diferentes sistemas e componentes projetados sejam compatíveis e não interfiram uns com os outros. A principal vantagem da Clash Detection é a sua capacidade de promover uma coordenação eficaz entre as diversas disciplinas envolvidas no projeto, como arquitetura, engenharia estrutural e sistemas MEP (mecânica, elétrica e hidráulica). Detectar e resolver conflitos geométricos antes da construção ajuda a evitar problemas significativos durante a execução da obra, que poderiam resultar em retrabalho e aumento de custos. Embora a Clash Detection possa parecer uma solução para erros gerados por softwares, ela é especialmente eficaz na resolução de problemas de comunicação e planejamento entre as equipes. A possibilidade de identificar e corrigir conflitos, como tubulações que perfuram vigas sem o devido planejamento, destaca a importância dessa metodologia para a integração e eficiência do projeto.

Por fim, temos o IDS (Information Delivery Specification), amplamente reconhecido e valorizado por sua capacidade de atuar tanto no processo de solicitação quanto no de fiscalização das informações. A metodologia baseada em IDS foca especificamente na verificação das informações associadas à modelagem, sem abordar a fiscalização da geometria. Ela promove uma análise detalhada da estrutura de informações dos modelos, permitindo não apenas a solicitação, mas também a fiscalização dos atributos associados a esses modelos. Por exemplo, a metodologia IDS pode exigir que um pilar tenha parâmetros específicos, como o tipo de material utilizado. Além disso, é possível especificar ainda mais detalhes dentro desses parâmetros, como a exigência de um intervalo específico, por exemplo, entre os tipos CP: 3, 4 ou 5. De acordo com a Biblus (2021) “Esse documento estabelece como entregar e trocar os objetos de um modelo BIM, bem como as classificações, as propriedades e até mesmo valores e unidades de medida.” 

Esta citação enfatiza que o IDS é crucial para garantir a padronização e a precisão na troca de informações no ambiente BIM. Ao definir claramente como os objetos devem ser entregues e classificados, o IDS assegura que todos os envolvidos no projeto compreendam e utilizem os dados de forma consistente. Essa especificação detalhada não apenas facilita a comunicação entre as partes, mas também reduz a possibilidade de erros e mal-entendidos, promovendo uma execução mais eficiente e coordenada do projeto. Portanto, o IDS desempenha um papel vital na integridade e na confiabilidade das informações, contribuindo para a eficácia global do processo BIM. 

A integração das metodologias de Model Checking, Clash Detection e IDS (Information Delivery Specification) é crucial para a eficácia e a qualidade dos projetos BIM. O Model Checking combina técnicas automatizadas e visuais para garantir a conformidade dos modelos com os padrões estabelecidos e para detectar erros que podem não ser visíveis apenas por métodos automatizados. A Clash Detection é vital para identificar e resolver conflitos geométricos entre sistemas e componentes, facilitando a coordenação entre as diversas disciplinas do projeto. Já o IDS assegura a precisão e a padronização na troca de informações, definindo claramente como os dados devem ser entregues e classificados. Juntas, essas metodologias melhoram a comunicação, reduzem erros e garantem uma execução de projetos mais eficiente e bem coordenada.

Aplicação do BIM no atendimento à norma

Conforme mencionado anteriormente, a Norma de Desempenho é um pilar fundamental na construção civil, estabelecendo critérios e diretrizes essenciais para garantir a qualidade e a segurança das edificações. Esta norma é abrangente e cobre diversas especialidades da construção, promovendo a padronização e a consistência no setor. Sua principal função é assegurar que todos os aspectos do edifício, desde o projeto até a manutenção, atendam aos requisitos de desempenho específicos.

No âmbito do projeto, a Norma de Desempenho define as especificações técnicas e os requisitos que o edifício deve cumprir. Isso inclui diretrizes sobre o planejamento e o design, garantindo que as soluções adotadas estejam alinhadas com as expectativas de desempenho. O objetivo é evitar problemas futuros e garantir que o projeto atenda às necessidades e expectativas dos usuários.

Durante a fase de construção, a norma orienta sobre as melhores práticas para a execução da obra. Assegura que os materiais e as técnicas utilizadas estejam em conformidade com os padrões estabelecidos, contribuindo para a durabilidade e a segurança da construção. Essas práticas visam prevenir falhas e garantir que o edifício seja construído de acordo com os critérios de qualidade exigidos.

A Norma de Desempenho também abrange aspectos relacionados à manutenção do edifício. Fornece orientações sobre como realizar a manutenção adequada para preservar a integridade e o desempenho da construção ao longo do tempo. Manter o edifício em boas condições é crucial para garantir sua funcionalidade e prolongar sua vida útil, prevenindo problemas e assegurando o conforto dos ocupantes.

Além disso, a norma considera a coordenação do ciclo de vida do edifício. Isso envolve a integração de todas as fases, desde a concepção inicial até a eventual demolição ou reuso. A abordagem integrada garante que todos os processos estejam interligados e atendam aos padrões de desempenho estabelecidos, promovendo a eficiência e a sustentabilidade na construção civil.

Mapear os critérios estabelecidos e codificá-los em procedimentos e processos que garantam a aplicação efetiva na fiscalização dos modelos BIM é uma tarefa complexa e desafiadora. A implementação eficaz desses critérios é fundamental para assegurar que os modelos BIM não apenas sejam utilizados de forma eficiente, mas também atendam aos padrões de desempenho requeridos. Leusin (2022) enfatiza que “desenvolver conjuntos de regras para esses aplicativos ou gabaritos de projeto que contenham planilhas de verificação é um investimento muito vantajoso para as organizações.” Este investimento pode trazer benefícios significativos, uma vez que facilita a padronização e a consistência na aplicação dos modelos BIM.

À medida que o mercado avança, há um crescente movimento em direção à padronização e à integração de metodologias que otimizam o uso das informações associadas aos modelos BIM. Os modelos BIM, quando combinados com outras metodologias que aproveitam suas informações, oferecem um valor agregado substancial, promovendo maior integridade e eficiência. Nesse contexto, a questão que se coloca é: por que não investir em metodologias que garantam que o desempenho do edifício esteja alinhado com as normas estabelecidas? A adoção dessas metodologias não só assegura a conformidade com os padrões, mas também potencializa os benefícios que os modelos BIM podem oferecer, contribuindo para a excelência e a eficiência no setor da construção.

A metodologia de Model Checker, quando aplicada através de ferramentas como o Solibri, oferece uma abordagem robusta para garantir que projetos de construção atendam aos requisitos da Norma de Desempenho 15.575. Essa metodologia possibilita a realização de uma série de verificações automatizadas que são essenciais para assegurar a conformidade com os critérios estabelecidos pela norma.

Primeiramente, o Model Checker pode ser usado para verificar se os pés-direitos dos ambientes atendem às alturas mínimas especificadas pela norma. Isso é crucial para garantir que os espaços internos possuam a volumetria necessária para conforto e funcionalidade. Simultaneamente, a ferramenta permite a avaliação das áreas efetivas dos ambientes, assegurando que as dimensões correspondam às especificações para proporcionar a funcionalidade desejada.

Além disso, a metodologia permite o controle da iluminação natural nas áreas internas do edifício, verificando se os espaços recebem a quantidade adequada de luz natural, conforme os requisitos de conforto e eficiência estabelecidos. Em paralelo, a verificação da ventilação é realizada para garantir que os sistemas estejam devidamente dimensionados e posicionados, assegurando uma ventilação adequada em todos os ambientes.

Outro aspecto importante que o Model Checker pode abordar é a identificação de distâncias seguras ao redor dos equipamentos, garantindo que haja espaço suficiente para manutenção segura e acessível. Isso inclui a análise das proteções necessárias, como barreiras contra riscos de quedas ou proteção para equipamentos, assegurando que todas as normas de segurança sejam cumpridas.

A ferramenta também é eficaz na checagem da acessibilidade, verificando se os acessos e circulações estão em conformidade com os requisitos de acessibilidade, permitindo que todos os usuários possam se deslocar com segurança e facilidade. Além disso, o Model Checker pode ser utilizado para avaliar se os elementos construtivos atendem aos requisitos de isolamento acústico especificados, garantindo um ambiente com o devido conforto acústico.

O desempenho térmico do edifício também pode ser analisado, com a metodologia verificando se elementos como paredes e janelas atendem aos critérios de eficiência térmica estabelecidos, promovendo o conforto térmico e a eficiência energética. Finalmente, a revisão dos layouts das saídas de emergência é facilitada, garantindo que estas estejam corretamente posicionadas e dimensionadas para proporcionar uma evacuação segura e eficiente em situações de emergência.

A metodologia IDS (Information Delivery Specification) desempenha um papel crucial na garantia de que as especificações dos elementos do projeto atendam aos requisitos estabelecidos pela Norma de Desempenho 15.575. A aplicação desta metodologia permite uma abordagem sistemática para a coleta, verificação e gestão de informações essenciais ao longo do ciclo de vida do projeto, desde a fase de planejamento até a execução e manutenção.

Antes do início dos projetos, a solicitação de informações corretas é fundamental para garantir que todos os requisitos da Norma de Desempenho sejam atendidos. A metodologia IDS exige que todas as partes envolvidas no projeto forneçam dados detalhados e precisos sobre os componentes e sistemas que serão utilizados. Por exemplo, ao iniciar um projeto, a metodologia pode exigir que os projetistas forneçam informações específicas sobre a resistência ao fogo dos materiais, como o Tempo Requerido de Resistência ao Fogo (TRRF). Isso assegura que os materiais selecionados atendam aos requisitos de segurança estabelecidos pela norma, minimizando riscos em caso de incêndios.

Além disso, a metodologia IDS facilita a análise e a verificação das especificações relacionadas à impermeabilização dos sistemas construtivos. Antes do início da construção, a especificação deve incluir detalhes sobre as soluções de impermeabilização que serão empregadas, como o tipo de revestimento ou membrana a ser utilizado. Com base nas informações fornecidas, é possível garantir que essas soluções atendam aos padrões de desempenho exigidos para evitar infiltrações e problemas associados à umidade, o que contribui para a durabilidade e a integridade da estrutura.

A metodologia também facilita a inclusão de informações sobre a vida útil dos sistemas e componentes. Por exemplo, é possível exigir que os fornecedores incluam detalhes sobre a durabilidade esperada dos materiais, bem como as garantias oferecidas. Essas informações são cruciais para a gestão pós-obra, pois permitem que os responsáveis pela manutenção planejem adequadamente as intervenções necessárias ao longo da vida útil do edifício. Além disso, a especificação deve conter informações sobre os fabricantes e fornecedores, o que facilita a comunicação e o acesso a suporte técnico e peças de reposição quando necessário.

Além das metodologias associadas ao controle de qualidade dos modelos BIM, que são importantes para a fiscalização no desenvolvimento dos projetos e para o controle de entregas de acordo com padrões pré-determinados, a metodologia BIM também desempenha um papel significativo no uso, operação e manutenção dos ativos construídos.

Devido à sua natureza tridimensional, o BIM permite análises mais completas e sistemáticas para intervenções na construção. Antes de executar qualquer atividade, a informação geométrica oferecida pelo BIM possibilita uma visualização mais clara do contexto de cada solução, o que pode resultar em conclusões mais precisas do que os métodos tradicionais. O modelo 3D inclui informações detalhadas sobre os componentes, o que facilita a atribuição de atividades, a análise de especificações e a gestão da manutenção, abrangendo prazos de garantia, níveis críticos e prioridades para manutenções periódicas.

Na gestão de manutenção, o BIM centraliza informações importantes, como detalhes sobre materiais, especificações técnicas e histórico de manutenção. Isso pode apoiar a implementação de sistemas de gerenciamento de manutenção computadorizados, ajudando na programação de manutenções preventivas e corretivas. A visualização tridimensional também permite simulações para avaliar o impacto de reparos e ajustes, facilitando a identificação de abordagens apropriadas. O modelo pode melhorar a coordenação entre equipes e fornecer um histórico de intervenções que pode ser útil para decisões futuras. A alocação de recursos, como materiais e mão de obra, também pode ser otimizada com base nas informações detalhadas disponíveis no modelo.

Em suma, o BIM fornece uma abordagem estruturada para a gestão de manutenção, oferecendo um conjunto de ferramentas e informações que podem ser úteis na administração de ativos construídos, mas a eficácia e a utilidade dessas ferramentas dependem de sua implementação e do contexto específico em que são aplicadas.

Conclusão

A análise detalhada das tecnologias digitais e das regulamentações, com foco na integração do BIM com a Norma de Desempenho, revela a relevância e a eficácia desta metodologia na construção civil moderna. O Building Information Modeling (BIM), ao centralizar e integrar informações em um modelo digital tridimensional, não apenas otimiza o gerenciamento de projetos, mas também responde de forma precisa às exigências estabelecidas pela NBR 15575. Essa norma, que estabelece padrões rigorosos de desempenho para edificações habitacionais, exige uma abordagem sistemática e integrada para garantir a qualidade, segurança e eficiência das construções.

A implementação eficaz do BIM não se limita a uma representação geométrica precisa das edificações, mas se estende à capacidade de incorporar e gerenciar dados essenciais, como especificações técnicas, cronogramas e custos. Este enfoque permite uma visualização antecipada e detalhada do projeto, promovendo uma coordenação mais eficiente entre arquitetos, engenheiros, construtores e proprietários. Ao identificar e resolver problemas de forma virtual antes da construção física, o BIM reduz significativamente os erros e o retrabalho, contribuindo para uma gestão mais eficiente e econômica dos projetos.

Além disso, a aplicação do BIM em conformidade com a Norma de Desempenho evidencia um compromisso com a sustentabilidade e a excelência. A capacidade do BIM de realizar análises avançadas, como a detecção de conflitos e a verificação de conformidade com os requisitos normativos, assegura que os projetos atendam aos padrões de qualidade e desempenho estabelecidos. O uso de ferramentas como o Model Checking e a Clash Detection, juntamente com a metodologia IDS (Information Delivery Specification), aprimora a fiscalização e o controle de qualidade dos modelos, garantindo que todos os aspectos da construção, desde a segurança estrutural até o conforto térmico e acústico, sejam adequadamente atendidos.

A integração do BIM com as práticas de manutenção também representa um avanço significativo. O modelo tridimensional oferece um recurso valioso para a gestão de ativos, permitindo uma manutenção mais eficiente e planejada. A centralização das informações sobre materiais, especificações técnicas e histórico de manutenção no modelo BIM facilita a programação de intervenções e a coordenação entre as equipes, contribuindo para a longevidade e o bom estado das edificações.

Portanto, a correta implementação do BIM, aliada ao cumprimento das normas de desempenho, não apenas eleva os padrões de qualidade e eficiência na construção civil, mas também promove práticas sustentáveis e inovadoras. O investimento em metodologias que assegurem a conformidade com os requisitos normativos e otimizem o uso das informações do BIM é essencial para a excelência no setor da construção. À medida que avançamos para uma era tecnológica cada vez mais sofisticada, o papel do BIM na integração das tecnologias digitais e na aplicação das regulamentações continua a crescer, oferecendo soluções eficazes para os desafios contemporâneos da construção civil.


Referências Bibliográficas

Artigos e Publicações Online:

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Normas Técnicas:

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Jéssica Morgado Lopes

Coordenadora de Arquitetura | BIM | Revit | Projeto e Construção | Compatibilização

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Sua observação é muito pertinente! De fato, integrar a Norma de Desempenho na Construção à metodologia BIM é essencial, pois essa sinergia promove maior eficiência, qualidade e sustentabilidade nos projetos arquitetônicos e de engenharia. Ao aliar essas duas abordagens, assegura-se não apenas o cumprimento dos requisitos técnicos e normativos, mas também a otimização dos processos construtivos, resultando em edificações mais seguras, confortáveis e duráveis. 👏🏻👏🏻

Maria Gabriela de Moraes

Diretora de Operações na Private Construtora | Gerenciamento de Projetos e Operações | Especialista em Gestão de Obras | Obras em Civis em Campos Petrolíferos Terrestres

3 m

Sensacional!!

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