Inteligência Coletiva
Inteligência Coletiva: engajar a equipe e ter uma “mente colmeia”
As divergências entre colaboradores e equipes dentro das empresas sempre foram encaradas como potenciais conflitos que, por premeditarem a queda qualitativa e quantitativa dos negócios, deveriam ser neutralizadas a todo instante. No entanto, algumas vezes, os erros de gestão estão exatamente nesse ponto, visto que proceder dessa maneira pode impedir o afloramento da inteligência coletiva nas empresas.
Caminhamos para um ambiente de negócios mais interativo, dinâmico onde as trocas vão tomando mais acento. É certo que enxergamos este comportamento coletivo em determinados modelos de negócios que a autonomia e o talento somados com a aprendizagem contínua são proeminentes.
As grandes oportunidades de aprimoramento dos processos internos são simplesmente perdidas pela suposição de que discussões, necessariamente, resultarão em problemas na área produtiva e financeira dos negócios.
O que venho observando é que a interação contínua e integrada gera uma inteligência coletiva. Isso é algo ainda embrionário quando falamos da vastidão de empresas no mundo, mas creio eu, ser o futuro na maioria dos casos.
Definição de inteligência coletiva
Viver em sociedade é, basicamente, o elemento-chave para ser inundado pela denominada inteligência coletiva — mesmo que não seja notado. Isso acontece porque, desde os primórdios, a espécie humana se beneficia disso como um conjunto de conhecimentos e experiências que são apresentados e divididos entre os indivíduos em coletividade. Nossa sobrevivência como espécie se deu especificamente por termos nos juntado em grupos de ajuda mútua.
De modo geral, as culturas nada mais são que a consequência desse emaranhado de informações repassadas de geração em geração. Assim, os aprendizados obtidos garantem a perpetuação dos grupos sociais, visto que, por meio de experiências prévias, seus membros são capazes de discernir quais são as melhores escolhas no futuro.
No cenário empresarial, a inteligência coletiva ou mesmo a mente colmeia, um padrão que vemos nas abelhas como coletividade integrada, também tem seu papel para a tomada de decisões mais categóricas e certeiras. Afinal, a partir da discussão construtiva de ideias aparentemente contraditórias, pouco a pouco, soluções inovadoras e criativas são extraídas, ampliando o leque de possibilidade aos negócios.
Para tanto, gestores precisam compreender quais comportamentos individuais, de fato, contribuem como verdadeiros canais de troca dessas informações, a fim de obter resultados a partir de boas ideias constantemente discutidas por muitas cabeças.
Tipos de comportamento nas empresas
O primeiro ponto relevante a ser avaliado pelos gestores é o padrão de comportamento enraizado nas equipes. Via de regra, existem duas espécies: efeito manada e mente de colmeia.
Efeito manada
É o comportamento naturalmente desenvolvido pelos indivíduos quando inseridos em uma coletividade. O efeito manada representa a forma instintiva do ser humano em se adaptar às características e aos hábitos já presentes no grupo do qual se torna participante.
Na esfera empresarial, situações como essa podem se tornar grandes problemas quando, por exemplo, os colaboradores de determinado setor são mais individualistas e combativos no trabalho. Assim sendo, caso um novo membro seja alocado para essa seção, há uma probabilidade considerável de que ele absorva e propague essas mesmas características.
Mente de colmeia
Por outro lado, esse formato coletivo de comportamento, quando bem executado, atrai grandes vantagens às empresas. Aqui, os objetivos das equipes não são direcionados aos interesses individuais, mas sim aos coletivos da corporação.
Com isso, os ambientes de trabalho se tornam mais amigáveis, na medida em que cada funcionário, conscientemente, é integrante-chave do processo de aprimoramento dos processos internos das companhias — como abelhas trabalhando em uma colmeia, em conjunto.
Aplicabilidade da mente de colmeia nas equipes
Existem diversas formas de incentivar seus colaboradores a adotar uma postura mais aberta ou menos individualista aos interesses coletivos na empresa. Tudo começa com o comportamento praticado no dia a dia pelo gestor. Sair do papel que "tenho todas as respostas" é um passo importante para abrir espaço às ideias.
Por isso, tenha em mente que suas funções vão muito além da gestão empresarial. Por meio de medidas amigáveis e receptivas às divergências e complexidades do cotidiano, é preciso se portar como um líder exemplo dentro da companhia. Afinal, a inteligência coletiva somente consegue ser extraída em ambientes com abertura à escuta e ao diálogo.
Além disso, outro aspecto diz respeito a sempre reforçar a importância de se manter uma comunicação transparente e objetiva entre os colaboradores, a fim de que as trocas de informação consigam surtir seus efeitos nos fluxos de trabalho mediante soluções previamente discutidas pelas equipes. É crucial eliminar certo, errado, bom e mal, e adotar considerações continuas eliminando os “donos da verdade”.
Outro fator muito importante é a construção, aceite e entusiasmo do grupo por um propósito comum. É sabido que propósito comum surge dos interesses pessoais que se encontram. Portanto, incentivar este "lugar comum"é chave para criar liga. Deve ser algo que o grupo acredite, seja bom para todos, inclusive stakeholders, e dê bases para evoluções contínuas.
A inteligência coletiva é um mecanismo efetivo na elaboração de soluções inovadoras nas empresas. Nesse sentido, a discussão construtiva entre colaboradores consegue extrapolar as possibilidades geralmente apresentadas por um número menor de membros — o que incentiva a aplicação de novos paradigmas empresariais mais produtivos e lucrativos.
Empresas que precisam de adaptabilidade e respostas rápidas, precisam da mente colmeia.
Louis Burlamaqui
Ceo da Jazzer Consulting e autor de 4 livros sendo o mais recente "Liderança Fluida"
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4 aGostei muito do artigo.