Inteligência Emocional e Alta Empatia levam a hesitação! Será?
Imagem: passadori

Inteligência Emocional e Alta Empatia levam a hesitação! Será?

“Estudo diz que a inteligência emocional está associada à alta empatia, que pode fazer um gerente hesitar ao tomar medidas mais “duras”.

(link da notícia veiculada no Linkedin: encurtador.com.br/gmCJV)


No último sábado li a frase acima em uma notícia do Linkedin, resultado de um dos temas que esteve em alta na última semana – Inteligência Emocional.

Tenho observado como novamente, Inteligência Emocional ganhou campo nos estudos, tentativas de práticas de desenvolvimento e abordagem de muitos profissionais que tem se aplicado ao tema.

Publicado pela primeira vez em 1995, nos Estados Unidos, o livro de Daniel Goleman, Inteligência Emocional transformou a maneira de pensar a inteligência.

A constatação da pesquisa realizada por Nikos Bozionelos (EMLyon Business School) e Sumona Mukhuty (Manchester Metropolitan University), de que Inteligência Emocional está associada à alta Empatia e que isto pode levar líderes a hesitarem, reverberou demais em mim.

Empatia.

Para lá de rótulos, fórmulas ou conceitos já tão estruturados quanto aos temas, é notório que hoje fala-se muito em Inteligência Emocional e Empatia, ou a partir da fonte onde nasceram ou por aqueles que tentam reinterpretá-los ou atualizar estes conceitos com alguns questionamentos e reflexões.

E aqui minha reflexão tem a ver com o que para mim faz com que um gestor hesite e sinceramente, não me parece que passa pelo fato de que inteligência emocional ou empatia tenham muito a ver com isto.

Em qualquer nível, cargo, posição que se ocupe em uma organização ou na vida, acredito que o que faz com que a hesitação surja, se evidencie com um olhar para si é a falta de consciência! E  isto não é simples, não é trivial!

Tenho a sensação de que quanto mais nos tornamos conscientes de nós mesmos – e aqui me lembra o aforismo grego “Conhece-te a Ti Mesmo”, mais nos apropriamos e nos tornamos responsáveis por nossas escolhas, decisões e omissões. Saímos do lugar da vítima para ocupar nossa posição de Protagonista e neste sentido IE e auto empatia são fundamentais. Agora é necessário aprofundar-se muito no entendimento e internalização do que vem a ser IE, empatia, protagonismo.

Se a escolha que fazemos passa por acreditar que inteligência emocional tem a ver com “controlar as emoções – a ponto de “engolir”, “mascarar” o que sinto e o que o outro manifesta com o que sente, independente de como manifesta” e empatia é “colocar-se no lugar do outro, ocupando o espaço emocional do outro – como se isto fosse possível”, então realmente, estas teorias apresentam-se como um desserviço a qualquer um e não só ao Líder.

O que poderia ser um “gerente” “líder” tomar uma medida mais dura? Demitir alguém de sua equipe? Assumir responsavelmente que um projeto não deu certo e precisa de uma redefinição de rota? O que é uma medida mais dura?

O ir e vir das relações, as responsabilidades envolvidas na posição de liderança, exige auto responsabilização e dependendo de qual é a posição existencial que este Líder ocupa diante da equipe e da empresa isto pode surgir e ser visto como uma atitude madura, sensata e necessária ou como uma atitude “dura”.

Qual a posição deste Líder, ele é um adulto ou uma criança adaptada, preocupada e trabalhando para agradar a todos porque teme não ser aceito ou compreendido?

A meu ver IE, Empatia, Protagonismo tem a ver com este lugar adulto em que já fiz o dever de casa de olhar para mim mesma, conhecendo minhas emoções, sentimentos, armadilhas do ego, me trabalhei e trabalho constantemente para ao exercer meu papel de Líder, membro de equipe, parte orgânica de qualquer organização da qual faço parte (e aqui organização pode ser a empresa, a família ou qualquer outro grupo “orgânico” do qual faço parte), me responsabilizo conscientemente por minhas ações, escolhas e atos.

Decisões e escolhas podem ou não ser mais populares e agradáveis, e a IE e a Empatia neste momento poderão ter a ver no máximo com o auto respeito e respeito que me dou e dou ao outro (outro envolvido nesta relação) quando tomo uma decisão e me responsabilizo pelos impactos.

E assim o que me parece é que nem a IE nem tão pouco a Empatia são responsáveis pela minha possibilidade de hesitação, e antes, a falta de conhecimento de mim, a vitimização e o medo que serão os gatilhos que tornarão evidente minha impossibilidade de escolher entre um caminho e outro.

Ocorre que na trajetória profissional, quase que na maior parte dos casos, o desenvolvimento que leva a criatura a ocupar uma posição de liderança via de regra tem muito mais a ver com competências técnicas, com alto nível de entrega que foi baseada no saber fazer e não no saber SER. E saber quem eu sou, quais são meus limites emocionais, físicos, sociais é fundamental para que este SER surja a partir de um SER INTEGRAL, e da consciência de que nem sempre estarei neste lugar de SER INTEGRAL no máximo de minhas competências, e que faz parte do SER INTEGRAL reconhecer minhas fraquezas, meus gap’s e principalmente meus limites.

Investir em autoconhecimento e olhar para si, precisa ser a primeira escolha de qualquer um que antes de mais nada quer ser líder de si e a meu ver nesta rota a inteligência emocional e um alto nível de auto empatia sejam fundamentais para dar sustentação ao protagonista que posso vir a ser!


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Glênio Luz

MSc. in Sanitary Engineering, IHE Delft, Netherlands

4 a

Ótima reflexão, pensei de forma bem parecida quando li sobre essa pesquisa.

Danúbia Doná

Agile Master / Delivery Lead / IT Delivery Manager / Scrum Master / SAFe certified/ PSM I Certified / PSK Certified / PAL -I certified / PSPO - I certified / Lean Certified / Educadora nas áreas de Gestão e Agilidade.

5 a

Muitíssimo bem colocado, Valéria! Tive um grande gestor que sempre nos fez perceber o quanto a IE é um fator importante (tanto quanto conhecimento específico para atrás afins) para fazer um trabalho bem feito. Infelizmente empatia não é um sentimento forte e tão pouco levado a sério no mundo corporativo. Tanto isso é verdade que muitas empresas têm um alto índice de rotatividade nós cargos de alto escalão. Saber gerir e liderar vai muito além de mandar; tem a ver com colocar-se no papel do próximo e estender o braço, tem a ver com não sentir-se ameaçado pelo colega de trabalho e mais ainda com não fazer qualquer coisa para alcançar a promoção. O auto conhecimento e a inteligência emocional acabam com a competitividade exarcebada e transforma o local de trabalho em um ambiente harmonioso, aquele que dá vontade de ficar por 8 horas ou mais!

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