Inteligencia artificial : Você ainda vai ter uma. (que nada, você já usa e nem sabe)
Desde a invenção dos computadores eletrônicos que a humanidade fantasia sobre as aplicações e alcance da inteligência artificial. As obras de Isaac Asimov acenavam para um futuro próximo em que robots nos ajudariam nas atividades mais simples e mundanas. A expectativa sobre esse paraíso servido por máquinas inteligentes só aumentou com a popularização dos microcomputadores. A panaceia da informática barata e acessível ao consumidor fazia o cidadão comum acreditar que faltava pouco para termos uma Rosie, como a dos Jetsons, para nos servir. Infelizmente, assim como os veículos voadores zunindo em alta velocidade entre aqueles prédios suspensos nas nuvens ... os robots não chegavam. A decepção foi grande.
Assim comprova-se que a decepção não é fruto do avanço lento da tecnologia e sim do exagero da expectativa. Aliás, todas as decepções, inclusive as amorosas, são mais fruto da expectativa, né mesmo?
Pois o momento da inteligência artificial chegou. O impacto na vida das pessoas, no trabalho, na sociedade como um todo, é muito maior do que se imaginava. Ainda é inconcebível para a maioria das pessoas.
Pesquisas amadurecidas recentemente, já acenam para aplicação de inteligência artificial em ramos que antes eram considerados imunes ao avanço da computação, tais como diagnóstico médico, advocacia e até mesmo jornalismo. Hoje sistemas de inteligência artificial já tem taxa de acerto de diagnóstico muito mais alta do que a média de acerto do profissional médico experiente. Sistemas de IA já são capazes de redigir petições jurídicas de forma autônoma. Em Recife, a RH3 Software já oferece um módulo para análise de currículos de candidatos as vagas. Isso já é realidade. Já está acontecendo. O debate sobre o que fazer com a inteligência artificial já foi concluído: Não há como deter esse avanço. O profissional do século XXI vai ter que aprender a trabalhar com IA no seu dia-a-dia, seja em que área for. Do técnico de chão de fábrica ao gerente de contratos de um escritório de advocacia, do operador de logística no grande armazém ao médico especialista, todos vão ter que usar IA em seu trabalho e o debate não é mais “se” vai ser substituído, tampouco “quando” (pois já está acontecendo). O debate agora é: e agora ? O que as unidades de carbono (nós humanos) vamos fazer ? O que vai ser de nossos empregos ? Como vamos nos sustentar ? Resposta ? Não sei. Só sei como não vai ser.
Imagine a seguinte situação (real). Um grande escritório transnacional de advogados compra um software de IA caríssimo (que ainda assim é mais barato do que o custo anual de um advogado sênior). Tal software faz o trabalho de dezenas (as vezes centenas) de paralegais, advogados júnior e até mesmo alguns medalhões. Os ganhos são tangíveis e imediatos. Velocidade, eficácia, acurácia, custo reduzido. O que faz os grandes escritórios das partes adversárias ? Ora, fazem o mesmo! Compram software semelhante ou quem sabe o mesmo. Após algumas fases de ajustes, é concebível concluirmos que o diferencial competitivo inicial que o escritório teve ao usar IA foi devidamente neutralizado pelos adversários. E então de onde virá o diferencial competitivo dos escritórios de advogados que se opõem nas batalhas judiciais? Estará novamente nos seres humanos (as unidades de carbono, como eu adoravelmente as chamo). Esse exemplo é real e já está acontecendo há alguns anos. O que esses advogados, agora equipados com IA, fazem é a cereja no bolo, é o que vai definir quem ganha a causa. Novamente, os humanos voltam a fazer a diferença. Para tanto, aprenderam a nadar no mar desses tubarões digitais de redes neurais e deep learning ou seja lá qual é o nome científico da ferramenta. O que importa é que eles se reinventaram, aprenderam e criaram uma forma diferente de trabalhar que trouxe valor para a organização a que pertencem. Só que ajudados por um assistente digital.
A panaceia da inteligência artificial está ressuscitando e invadindo o campo de guerra do trabalho por um flanco antes tido como inexpugnável. Sun Tzu já dizia “Nunca lute a guerra que seu adversário espera”. E é exatamente isso que a IA está fazendo. Ela está atacando por flancos que antes os humanos tinham como além do alcance dos computadores. Inclusive o piso sagrado para a humanidade: a criatividade. Computador algum será capaz de ser criativo como os humanos.
Será ?
Pesquisas e experimentos já apontam para o fim dessa exclusividade sobre a criatividade que os humanos se vangloriam. Hoje já existem exemplos de aplicação de IA em atividades antes tidas como “criativas”, como por exemplo, as artes. Já existem obras de pintura, fotografia, música e até poesia criadas por IA. A qualidade ainda não é de nenhum Michelangelo, mas pode crer, tem música composta por IA bem melhor do que certos cantores pop por aí. Não é difícil de acreditar nisso né ?
A postura arrogante da humanidade em relação a IA, o preconceito (fruto da ignorância) contra a IA não é mais argumento para manter o seu trabalho. O médico que fala que IA nenhuma será capaz de substituí-lo está gastando a sua saliva a toa. O advogado que acha que IA alguma vai sacar a chicana que vai salvar a causa do cliente está cavando a cova para o seu emprego. Lutar contra a aplicação da IA na sua área de atuação é nada menos que BN (burrice natural).
Assim como aquela piada dos dois amigos que ao se verem perseguidos por um leão, danam-se a correr pela floresta, um deles de repente para para calçar tênis de corrida. O outro amigo desdenha dele “Você acha mesmo que vai correr mais do que o leão com esses tênis?”.
Ele não tem que correr mais rápido do que o leão.
Reflitam
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