O Futuro é elétrico

O Futuro é elétrico

Uma das tendências mais interessantes da nova indústria é o movimento dos fabricantes de carros em direção aos elétricos. Tesla, uma empresa com pouco menos de 20 anos desbancou tradicionais marcas que somavam centenas de anos de experiência em fabricação de automóveis. Carros elétricos são mais baratos, mais práticos, poluem menos, são mais seguros e mais divertidos de dirigir. Apesar de terem resistido de forma ridícula por tantos anos, as grandes marcas agora apressam-se a aderir a onda dos carros elétricos. A Ford, por exemplo, apostou uma das suas marcas mais icônicas, Mustang, lançando um carro elétrico que tenta manter o ar descolado pela qual é conhecida e ao mesmo tempo ter apelos muito pragmáticos para mães (e pais) de famílias.

Enquanto os fabricantes ocidentais marcavam passo, a China se tornava o maior fabricante mundial de veículos elétricos. De qualquer tipo: carros, camionetas, caminhões, ônibus, bicicletas e motonetas e motocicletas elétricas. Como se não bastassem as marcas locais, virtualmente desconhecidas no ocidente, a Tesla também passou a fabricar carros no maior mercado mundial. Após construir uma fábrica inteira capaz de fabricar 500 mil carros por ano em menos de 11 meses, o Model 3 sai da fábrica de Shanghai com 100% de nacionalização. Ou seja, toda a "supply chain" do carro elétrico mais desejado do mundo já é totalmente chinesa em menos de 3 anos de produção.

Além do impacto óbvio (e muito positivo) na última linha do balanço da Tesla, esse episódio tem um significado maior.

A China, já há alguns anos, tem uma cadeia produtiva de componentes automotivos para carros elétricos madura e com sua notória capacidade manufatureira assume uma vantagem praticamente incontestável na capacidade de fabricação de carros elétricos.

Em vídeo recente, o consultor automotivo Sandy Munro, com décadas de experiência prestando serviços aos 3 grandes americanos (GM, Ford e Chrysler), espantou-se ao examinar um carrinho elétrico chinês que custou menos de US$ 1K! Com frete e tudo entregue na Califórnia. O carrinho parecia mais uma carrocinha de pipoca (inclusive na decoração). Honesto, capaz de manter 40km/h com dois ocupantes. Gastando nanocentavos por km rodado. Acredita que até câmera de ré o carrinho tem?

Os carros elétricos serão os agentes de uma profunda modificação na economia mundial. O impacto mais imediato será sentido pela gigantesca rede de suprimentos de peças para motores a explosão. Fabricantes de velas, filtros de óleo e ar, rolamentos, aço e ferro. Concomitantemente, a rede de revendas e concessionárias sofrerá uma imenso downsizing. Considerando que boa parte da receita das concessionárias origina-se na manutenção dos carros com trocas de óleo, substituição de peças de desgaste de um engenho que chega a ter mais de 4000 peças móveis.

Motores elétricos não precisam de manutenção. Essa receita já era. 

Observemos como a humanidade vai lidar com essa mudança. Ela já começou e os impactos aparecem. Fábricas de automóveis movidos a combustão fecham. As novas fábricas de carros elétricos abrem, com maior automação, com menos poluição, menos empregos e o pior ... em outro país.

No Brasil já vemos alguns sinais. O mercado automobilístico vendeu 700k carros a menos em 2020, interrompendo a recuperação e voltando ao tombo de 2016 quando compramos quase 1,5 milhão de carros a menos do que em 2014, uma queda de 42%.

O mercado automobilístico mundial não voltará ao que era antes da pandemia.

A mudança já estava em curso e com o baque causado pelo isolamento, a pandemia virou um acelerador da mudança.

O futuro é elétrico e ele começou em 2020.

Reginaldo Guimarães, MBA, PMP, SFC, SMC

Gerente de Projetos | Certificado PMP | Especialista em Agile e Scrum | 20+ anos de experiência

3 a

Ja viu a moto do Chin Ho Kelly em Havai 5.0?

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