Interesse efêmero por tudo? Você pode ser um Multipotencial...

“ Interesse efêmero por tudo, nenhuma orientação profissional: Tenho trinta e poucos anos e nenhuma ideia do que fazer com a minha vida. Sou uma daquelas pessoas que ouviram durante a vida toda o quanto são inteligentes e que têm muito potencial. Tenho tantos interesses que fico paralisado e não experimento nada. É como se todo trabalho exigisse um certificado de especialização ou indicação que dependem de um investimento de tempo e dinheiro em longo prazo – antes mesmo de ser possível tentar conseguir o emprego, o que é um saco. ” (Trecho retirado do livro Garra, de Angela Duckworth citando postagem da rede social Reddit.)

Não é difícil encontrar pessoas que possuem diversos interesses e acabam se paralisando frente as inúmeras possibilidades como no relato acima. Muitas dessas pessoas possuem o que o psicólogo Barry Schwartz chama de expectativas pouco realistas. Para Schwartz é um mito acreditar que seu interesse vai ser como amor à primeira vista, bater o olho e encontrar aquela função perfeita. Assim como em um relacionamento você só vai saber se achou um par perfeito depois de algum tempo. Pode acontecer até que a princípio aquela pessoa nem te pareceu interessante, mas você só vai ter certeza se conhecer um pouco mais.

Mas pode existir um outro problema que causa essa paralisação relatada do Reddit, e em muitos casos a paralisação vem da nossa cultura. Hoje existe uma supervalorização do foco em uma só coisa, da valorização dos especialistas. Mas nem todo mundo vai se encaixar nesse tipo de vocação. Veja, não foi sempre assim, por exemplo Leonardo Da Vinci, foi tido como gênio Renascentista e não como um desfocado perdido. Tinha diversos interesses, foi pintor, cientista, inventor, engenheiro, projetista, inúmeros papéis que desempenhou com plenitude, sem que nenhuma atividade excluísse a maestria da outra.

No vídeo do TED, Emilie Wapnick, artista, empreendedora, escritora, palestrante e coach,  aborda esse tema e conta como foi passar uma vida achando que precisava ter uma única vocação. Depois de estudar e escrever sobre o tema ela consegue se encaixar no que é denominado de pessoas "multipotenciais" que assim como Da Vinci possuem diversos interesse e talentos. Para ela existem pessoas que não se encaixam nesse padrão de especialista, e conseguem interagir com o mundo e o campo profissional de forma diferente.

Há três características essenciais, segundo Wapnick, em um multipotencial que são a capacidade de sintetizar ideias, a facilidade em aprender e a adaptabilidade. São pessoas curiosas que enxergam possibilidades em lugar que outros não veriam, conseguem unir seus talentos com qualidade e achar um ponto de intersecção no que fazem.

“Todo multipotencial adora aprender, explorar e dominar novas habilidades. São curiosos, interessados e conseguem enxergar potencial onde muita gente só vê informação inútil. Também temos um talento para juntar esses nossos vários interesses de forma criativa e fazer nascer novos trabalhos, novas empreitadas, novos empreendimentos.” Paula Abreu

No entanto, existe um ponto muito importante que deve ser ressaltado, o qual você poderá perceber também nos exemplos de pessoas que conseguiram unir seus vários interesses das quais Emilie Wapnick cita em sua palestra, ser Multipotencial não significa ser raso, pelo contrário, significa se dedicar e aprofundar em todos esses interesses e ir além, conectando muito deles.

 “(...) a paixão para o trabalho tem um pouco de descoberta seguida de muito desenvolvimento e de uma vida inteira de aprofundamento. ” Duckworth

Apesar da nossa cultura atual valorizar um dos lados, o mundo também precisa de pessoas multipotenciais. O ideal é ter o especialista e o multipotencial em uma equipe, pensa no quanto isso pode agregar valor dentro de um projeto por exemplo.

Mas não há espaço para caminhos fáceis, nem para ficar parado esperando, em qualquer um dos dois tipos de pessoas, o emprego dos sonhos ou os empregos são criados e não encontrados, e essa criação demanda um grande autoconhecimento, seguido de exploração, de enxergar as possibilidades no meio e aprofundamento desses interesses. 

Eu, por exemplo, tenho interesse grande sobre desenvolvimento humano, a Psicologia me deu um contexto amplo sobre o assunto, em suas diferentes áreas, e agora o Coaching que é uma intersecção de várias Ciências que estudam sobre as melhoras práticas desse desenvolvimento. São duas áreas que se encontram, ao meu ver isso só agrega às pessoas.

E você, como se vê? Já pensou se tem características de um especialista? Ou está mais para um multipotencial?

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