A interligação entre gestor e equipe jurídica
Aproveitando ter falado de mudanças, creio que não só os gestores, mas os geridos igualmente sofrem quando se fala em mudar, transformar ideias, inovar, pensar fora da caixa e tantas outras expressões que se alastram no mundo corporativo.
Já refleti sobre a necessária presença do gestor nesse cenário de mudanças: figura chave a impulsionar suas equipes para enfrentar o tormentoso caminho de se reinventar, mudar rotinas, repensar. Mas acredito que tão importante quanto o gestor ter essa visão e ser o propulsor e exemplo de atitudes, os geridos, as equipes jurídicas devem ser proativas a ponto de mudarem a mentalidade também.
Infelizmente não é isso que se vislumbra no mercado. Ao contrário, o que se vê com frequência são advogados que sequer têm interesse em aprofundar conhecimentos em seus campos de atuação, quanto mais se dispor a pensar além. E isso é agravado quando temos a figura de um gestor, ou mais de um, nas hipóteses de diretor e gerente ou gerentes, que são complacentes com a mesmice, com a ausência de interesse e motivação, com a atitude apalermada, enfim, com a vida profissional estéril.
E isso porque se diz aos quatro ventos que cada qual é senhor de sua carreira – não deve aguardar que o outro defina por você os caminhos a trilhar -, que devemos ser automotivados, proativos e focados em realizações para além do mero dia a dia, do mero fazer o que se tem ou deve fazer.
O que é importante deixar evidenciado é que tanto as equipes são responsáveis, cada qual por si e em conjunto perante a companhia, quanto os seus gestores, igualmente, por aceitar e/ou buscar mudanças, deixando a pasmaceira de lado e indo ao encontro de novos pontos de vista, novas formas de fazer e não manter mais do mesmo.
De qualquer forma, não temos como escapar: quão importante o gestor é no dia a dia da corporação, das equipes, ao ponto de poder, ainda que contrariando o ditado popular, prejudicar carreiras, pessoas, deformando seus campos de atitude e visão e moldando os mesmos em formas rasas.
O contrário também pode ocorrer: as equipes deixando o gestor com a boca mais torta pelo cachimbo que lhe foi posto e mantido sob uma aparente ilusão de normalidade. Equipes que toleram a mediocridade e o comodismo, só para se manter em um posto de trabalho, em uma posição de aparente status profissional, mas que se rendem à mesmice, ao conformismo, ao deixar de pensar.
Uma vez ouvi da boca de um gestor jurídico corporativo que era melhor terceirizar a elaboração de contratos e negócios jurídicos (que, na verdade, eram o core business da empresa), pois se poderia cobrar o advogado externo pelos erros cometidos, pressioná-lo pelo prazo mais exíguo na entrega do trabalho, glosar horas trabalhadas para moldar a fatura ao orçamento, agindo como mero “auditor”, em suma, fugir às suas responsabilidades de pensar, desenhar novos modelos de negócios jurídicos, engajar a equipe para estudar mais e ampliar suas capacidades técnicas. É mais simples, é mais fácil, é menos dolorido, é mais do mesmo.
Equipe e gestor são um só aos olhos da empresa! Não despreze essa sinergia, caso contrário, os resultados poderão ser desastrosos...