Intervenção da fisioterapia na síndrome do túnel do carpo.
Essa ainda é uma síndrome pouco conhecida, mas muitas das causas de dores, formigamento e alteração da sensibilidade da mão, vem da síndrome do túnel do carpo. Como a mão, sendo usada em praticamente todas as nossas atividades, é sempre submetida a diversos movimentos, forças, trações e compressões, e a causa maior dessa síndrome é a LER, ou seja, lesão por esforço repetitivo, que sabemos ser muito comum a nível ocupacional, pelas condições do trabalho (tempo, pouco descanso, muitas vezes sem respeitar a ergonomia correta), e também nas atividades diárias, academias e esportes, por exigirem grande solicitação da mão e do punho, muitas vezes, sem os devidos cuidados e com tensões excessivas.
Túnel do carpo
O túnel do carpo é constituído pelos ossos do punho formando um assoalho, e o ligamento carpal transverso ou retináculo dos flexores, que é como se fosse uma fáscia ou membrana espessada, e é a parte que forma o teto, completando de fato um túnel. A palavra carpo remete à mão e aos ossos que estão nesse local. Por esse túnel passam nove tendões de músculos flexores e o nervo mediano, que é responsável pela sensibilidade e motricidade dos dedos polegar, indicador, médio e parte do anular.
Como acontece a síndrome do Túnel do carpo
A síndrome do túnel do carpo é uma neuropatia, porque nela acontece a compressão do nervo mediano, que pode ocorrer por um espessamento de algum tendão, diminuindo os espaços existentes, causando essa compressão, e como o nervo é mais sensível, ele é quem mais vai sentir essa força compressiva.
Sintomas: podem estar presentes ao longo do nervo mediano na mão, são eles: dor que pode se estender até antebraço e braço, parestesia (uma sensação anormal), como dormência, formigamento, queimação, pode ocorrer também perda de força, falta de coordenação, dificuldade em pegar e segurar objetos. A dor é mais forte à noite e ao acordar de manhã.
Causas: A principal, como mencionamos anteriormente é a LER (lesão por esforço repetitivo) que acontece por movimentação excessiva repetidamente, mas existem outras causas relacionadas, como: traumáticas (por fratura), medicamentosas, hormonais, inflamatórias (artrite reumatoide), além de tumores que também podem estar causando a síndrome.
Algumas considerações
– É mais frequente no sexo feminino, principalmente na menopausa, que é onde hormônios atuam, causando um aumento da quantidade de líquido corporal, o que traz um espessamento dos tendões;
– Ocorre entre 30 e 60 anos de idade;
– Geralmente acomete a mão dominante, por causa do maior uso;
– Outras doenças podem tornar vulnerável à síndrome do túnel do carpo: diabetes, artrite reumatoide e hipotireoidismo, além de outras condições como a gravidez (neste caso, é comum desaparecer os sintomas logo após o parto).
Diagnóstico do túnel do carpo
É baseado nas causas descritas anteriormente, além de alguns testes específicos que irão comprovar a existência da patologia:
– testes de sensibilidade superficial e profunda;
– teste de phalen: é feita a flexão máxima dos punhos, um contra o outro, durante um minuto, piorando a compressão do nervo. Nesse teste o paciente pode relatar aumento ou diminuição ainda maior de sensibilidade, além de sensação de formigamento na região inervada.
– teste de phalen invertido: ao contrário do phalen, este pede uma extensão máxima dos punhos, um contra o outro, durante um minuto também. As sensações serão as mesmas citadas acima.
– teste do pinçamento: com os dedos em forma de pinça, segurar um papel em até um minuto. Sinais de dormência e formigamento podem aparecer logo ao fazer o movimento.
– Sinal de tinel: percussão do nervo mediano no punho, causando sensação de choque com irradiação para os dedos.
– Já é possível ter certeza do diagnóstico a partir desses testes, no entanto, se ainda restarem dúvidas, ainda pode-se recorrer para outros exames, como ultrassonografia, eletroneuromiografia e ressonância magnética.
Tratamento para a síndrome do túnel do carpo
Inicialmente é evitar situações que aumentem a dor e a tensão no túnel do carpo. Existe a possibilidade de começar com o trabalho fisioterapêutico, no entanto, os sintomas melhoram momentaneamente, e depois retornam, já que não é possível tratar a causa dos sintomas, que é a compressão.
Dessa maneira, ao observar que o tratamento conservador não está dando resultados, geralmente é indicado a cirurgia, onde é feita uma abertura do retináculo, proporcionando mais espaço para o nervo mediano, e aí sim, melhorando a situação patológica. Após a cirurgia sim, aí é hora de fazer fisioterapia e retornar às atividades normais.
Cuidados essenciais para a prevenção
– Evitar atividades que exijam a flexo-extensão forte e abrupta do punho;
– Fazer pausas frequentes no horário de trabalho para mobilizar e alongar as mãos e dedos;
– Utilizar a ergonomia ao seu favor e causar menos tensão nos punhos e mãos;
– Em caso de esportes ou outros exercícios, que seja necessário o uso de carga sobre as mãos, sempre estabilizar o punho, com o auxílio de munhequeiras ou faixas elásticas firmes, para o caso de evitar a síndrome do túnel do carpo por uma lesão traumática ou LER.
Com simples cuidados no dia-a-dia podemos evitar este tipo de síndrome. Se você sentiu alguns dos sintomas citados, mesmo que seja de leve, procure logo um médico, afinal com o diagnóstico precoce, possibilita a melhora precoce também.
Fonte: Treino forte.