Not Invented Here
Brown Wooden Wheel on Top of Green Grass by Pixabay - Pexels

Not Invented Here

A síndrome NIH (Not Invented Here) refere-se à tendência de reinventar a roda, isto é, refazer algo que já existe com base na crença de que os desenvolvimentos internos são inerentemente mais adequados, mais seguros ou mais controlados do que as implementações existentes.

Eu sofri muito com isso no começo da minha carreira. Só pra você ter uma ideia, depois de sair do meu primeiro emprego formal como desenvolvedor, montei um escritório e passei a prestar serviços como consultor. O Windows 3.1 já existia, mas aqui no Brasil a maior parte dos computadores ainda rodava DOS. Então eu achei que seria interessante ter minha própria interface gráfica para desenvolver os sistemas dos meus clientes. Pois é, eu desenvolvi um framework para trabalhar com ícones e janelas, um mini-windows. Antes disso eu já tinha feito, também, as minhas próprias versões de Word e Excel, ambos para DOS, um mini-office. Foram meses de trabalho, vivendo das minhas economias, antes que eu pudesse utilizar essas ferramentas para qualquer coisa que rendesse algum dinheiro.

Compensou? Bom… como aprendizado técnico, sim. Como diferencial comercial, nem tanto. Logo o Windows começou a ganhar mercado e os clientes passaram a preferir sistemas feitos especificamente para ele. A minha vantagem comercial desapareceu da noite pro dia, e o meu framework e aplicativos ficaram obsoletos.

Eu era arrogante. Em vez de aceitar trabalhar com ferramentas desenvolvidas por terceiros e criar somente os complementos que eu precisava para que elas me atendessem, eu preferia começar o meu próprio desenvolvimento, do zero. Em vez de fazer uma assinatura ou comprar uma licença de uso, eu achava que economizaria dinheiro se desenvolvesse a minha própria versão de cada serviço. E eu não podia estar mais errado!

Demorou um tempo (na verdade, anos) para que eu percebesse que essa atitude era contraproducente e economicamente inviável (praticamente um ralo de tempo e dinheiro). Eu não tinha como competir com empresas que dispunham de orçamento infinito e equipes especializadas, mas eu achava que tinha, afinal, eu era "fodão". 

Ainda bem que eu caí em mim 🙂.

Controlar a síndrome NIH é ainda mais válido hoje do que era no início da década de 90, época em que eu ainda dava murros em ponta de faca. Praticamente tudo o que uma empresa pode precisar já foi implementado de alguma forma (comercial ou open-source). Então, a não ser que o seu produto seja algo realmente revolucionário, não compensa reinventar a roda. Vai ser muito mais rápido e vai sair muito mais barato adotar uma dessas soluções e se concentrar naquilo que realmente interessa para o seu negócio.

- Derlidio

Douglas Neves

Desenvolvedor Full Stack Senior ( Node.js | React | React Native | Expo | Next.js | Express | Fastify | Nest.js | AWS | S3 | SES | SNS | CloudWatch | PHP | Laravel | CMS | Headless CMS | Docker )

2 a

Algumas vezes eu penso que a curva de aprendizado de algo existente compensa a criação e dedicação de algo novo, isso acaba provocando essa NIH, depois de um tempo, com noções claras do tempo que será gasto, percebo que é melhor usar algo existente e se focar em como customizar rsrsrs.

Maristela Ajalla

Jornalismo|Comunicação|Analista Salesforce MC| 1xCer

2 a

Parabéns Derlidio Siqueira - qtas vezes, na vida profissional, tem a solução pronta no mercado mas os gestores torcem o nariz....

Artigo sensacional 👏

Alessandro Trovato

Instrutor Oficial LinkedIn Learning, MVP Microsoft, Analista de Desenvolvimento e Treinamento na MLF, compartilhador de conhecimento e incentivador de pessoas.

2 a

Parabéns pelo artigo Derlidio Siqueira! Sensacional.

Sem querer justificar, mas ja justificando eu diria que o que importa é o caminho, não a chegada, uma vez que essa experiência lhe trouxe sabedoria.

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