Investidor com foco no longo prazo ainda não tem motivos para se preocupar

Investidor com foco no longo prazo ainda não tem motivos para se preocupar

O final do primeiro trimestre está sendo marcado por uma aversão a risco maior, o que penaliza ativos de maior risco no Brasil e no mundo. O movimento é provocado por dois motivos principais: a disseminação do Coronavírus e o choque nos preços de petróleo. 

No caso do Coronavírus, investidores estão revisando para baixo a expectativa de crescimento global. Ao apontarem que a receita de empresas de capital aberto será bem menor do que o esperado no começo do ano, as Bolsas Mundias são penalizadas e recuam de forma acentuada. Da parte do choque de preços de petróleo, o conflito entre Opep e Rússia provocou uma forte queda nos preços do ativo, conforme a perspectiva de uma oferta bem maior do produto nos mercados se torna real.

Mesmo com o forte contágio dos mercados, acreditamos que o cenário mundial e brasileiro para o médio e longo prazo ainda se encontra positivo. 

2020 será um ano de eleições nos Estados Unidos, saída do Reino Unido da União Europeia, e fim de plano quinquenal na China. A possibilidade de estímulos fiscais nas principais economias nos parece altamente provável, o que certamente terá uma grande contribuição para reverter o desempenho negativo dos mercados que se instalou no primeiro trimestre. A narrativa mundial para recuperação será nesse tom, conforme as principais economias anunciam e implementam medidas de maiores gastos e redução de impostos, ativos de maior risco reagirão positivamente. 

Os efeitos do Coronavírus nos ativos brasileiros, com uma magnitude maior que seus pares, se conversam com a frustação de investidores com a velocidade das reformas, como a Tributária e a Administrativa, no Congresso. Após um início de 2019 conturbado, que retardou a aprovação da Reforma da Previdência, investidores traçavam um 2020 com Congresso e Planalto mais coordenados na tramitação de reformas, algo que não se concretizou. De qualquer forma, as notícias recentes são positivas, mesmo em um ano de eleição, a sinalização é a de que teremos ao menos avanços no campo tributário brasileiro e na legislação que impacta a área administrativa do governo. No primeiro caso veremos um impacto positivo direto na atividade, com a melhora no ambiente de negócios. No segundo, teremos um efeito maior na questão fiscal, dando uma maior tranquilidade para investidores ao vislumbrar o longo prazo do Brasil.

Em paralelo a esses dois grandes campos, temos questões menores caminhando na direção correta, como o Novo Marco Legal do Saneamento e privatizações. A velocidade das reformas ainda deixa a desejar, e a comunicação é ruidosa. No entanto, a direção segue correta. Isso deve provocar, por exemplo, novas revisões positivas na nota, ao menos das perspectivas, brasileira por agências de rating ao longo do ano.  

Entendemos que o investidor precisará tomar mais risco para obter retornos mais altos, o que resulta em alocações maiores em ativos de risco. O atual momento exige calma e paciência, sair refazendo sua carteira de investimento pode resultar em danos significativos. Ao mesmo tempo que ativos de maior risco pioram muito rápido, também podem melhorar rapidamente. O investidor corre o risco de sair em um momento de piora maior, mas não se aproveitar do momento de retomada.

No entanto, a queda forte recente pode resultar também em um aprendizado para o investidor, ele deveria novamente se questionar em torno de seu perfil e sua carteira. Isso para que no futuro ele esteja mais confortável em momentos como esse. Independente do perfil, é sempre importante separar seu dinheiro em ``caixas’’, e uma das principais recomendações é ter uma parcela em ativos mais seguros para uma reserva de emergência, que não sofrerão tanto em momentos mais conturbados como o de agora. Ativos de maior risco, usualmente recomendados para perfis a partir de moderados, necessitam de uma visão de mais longo prazo.


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