Investimentos no País terão aumento contido e a partir de março de 2019
Fonte: Itaú, IBGE e FGV // Crédito: Equipe de Arte do Jornal DCI

Investimentos no País terão aumento contido e a partir de março de 2019

Isabela Bolzani

O avanço dos investimentos em 2019 ainda depende do resultado eleitoral e da melhora das condições financeiras no País. As expectativas do Itaú Unibanco são de crescimento contido por parte do setor privado e somente a partir de março do ano que vem.

“Conforme o PIB avance, os investimentos tendem a crescer também, mas tudo depende muito do encaminhamento da governabilidade e da melhora das condições financeiras”, explica o economista-chefe do Itaú, Mario Mesquita, afirmando que ainda é cedo para dizer para onde vai o investimento.

“O setor público tem uma capacidade bem limitada de investir. Da mesma forma, existem várias dificuldades a serem consideradas no setor de infraestrutura, o que não nos dá a capacidade de antecipar se os investimentos devem seguir essa direção”, completou o economista.

Em relação à atividade dos próximos meses – o que traria as principais tendências para o Brasil – os especialistas projetam queda de 0,2% para julho, mas enxergam um terceiro trimestre positivo.

“O PIB no terceiro trimestre vem entre 0% e 0,5%, mas boa parte do crescimento acaba sendo uma questão técnica”, comenta o economista do Itaú, Felipe Salles, comentando que, para os últimos três meses, no entanto, “muita coisa pode mudar”.

“Precisamos ver como as condições financeiras evoluirão, o que também reflete o que está acontecendo no mundo, como em relação à guerra comercial entre Estados Unidos e China, o possível aumento de juros pelo Fed [Banco Central norte-americano], a situação do México e outros fatores”, acrescenta Salles.

As condições financeiras correspondem ao nível de juros, liquidez, condições de crédito e de risco, bem como consideram a situação de alta ou baixa do mercado acionário, por exemplo.

No ambiente doméstico, o economista-chefe da instituição reforça que a atual volatilidade do câmbio é “normal acontecer no mês que antecede o início do primeiro turno eleitoral” e que, passadas as votações, essas oscilações tendem a diminuir.

“Depois da eleição, em geral, a volatilidade deve cair. Ao mesmo tempo, não tenho razão para acreditar que o novo governo não será comprometido com a governança e a solvência da dívida pública, mas o cenário só deve ficar mais claro a partir de março de 2019”, avalia Mesquita.

Projeções

Para o câmbio, o banco privado mantém as projeções para o dólar, cotado ao patamar de R$ 3,90 ao final de 2018 e 2019.

“Apesar dos picos da moeda nos últimos dias, o dólar deverá se acomodar após o primeiro turno. O noticiário ainda muda muito”, diz Mesquita, reiterando que a expectativa é de que o BC “mantenha, em 2019, a mesma atuação no câmbio que exerceu este ano”.

Além disso, os economistas do Itaú ponderaram que mesmo com a alta volatilidade do câmbio, a inflação desse e dos próximos meses deve permanecer em baixos patamares.

“Há dois motivos para acreditarmos que a inflação está ancorada. O primeiro é pela baixa atividade econômica e, o segundo, é o desemprego ainda elevado. Esse cenário sugere que a inflação de serviços continua baixa por muito tempo”, comenta Salles.

O Itaú projeta que o Indicador de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) feche 2018 em 4,1% e em 4,2% em 2019.


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Matéria do dia, publicada originalmente no jornal Diário do Comércio e Indústria (DCI), em 23 de agosto de 2018.

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