Janeiro Branco e a Fadiga Mental

Janeiro Branco e a Fadiga Mental

Por Michele B. Colombo*

Em janeiro, erguemos a bandeira da Saúde Mental, destacando a crescente conscientização sobre sua importância e o progresso na eliminação dos tabus que ainda a envolvem. Embora avanços tenham sido feitos, há muito a ser discutido e compreendido antes que questões de saúde mental se tornem socialmente aceitas como parte normal da vida.

Ao adentrarmos o universo profissional, os preconceitos geralmente se amplificam, com colaboradores receosos de admitir suas questões, temendo serem julgados ou preteridos por empregadores ainda pouco familiarizados com o tema. Para além das psicopatologias mais debatidas, como ansiedade, depressão e síndrome do pânico, existem desconfortos e inquietações importantes, causados pela dinâmica interna do trabalho, e que também são capazes de afetar fortemente a qualidade de vida dos profissionais.

A fadiga mental desponta como uma queixa frequente dos trabalhadores contemporâneos, manifestando-se através da perda de concentração, irritabilidade, exaustão, falta de motivação e insônia, entre outros sintomas. Este quadro vai além de um simples cansaço: quem passa por isso relata sentir muita dificuldade em produzir de forma mental e até física. A fadiga mental é um sinal do sistema nervoso sobrecarregado que, se não tratado, pode culminar no burnout, acarretando prejuízos para as empresas e, de forma marcante, consequências profundas para a vida dos colaboradores.

As causas da fadiga mental variam desde eventos emocionalmente estressantes, até a sobrecarga cognitiva diária, sem tempo adequado para recuperação. Atividades profissionais que exigem alto envolvimento cognitivo, como tomada de decisões contínuas, multitarefas, mudanças frequentes de contexto e desafios como procrastinação e perfeccionismo, contribuem para esse desgaste.

Para enfrentar esse cenário, é crucial lembrar que o cérebro humano não foi biologicamente projetado para processar informações recebidas de forma contínua e intensiva, por múltiplos canais. Cerca de 20 a 25% das calorias necessárias para manter o corpo funcionando são dedicadas a atividades cognitivas, embora o cérebro corresponda a apenas cerca de 2% do peso corporal total. Líderes e gestores devem adotar uma abordagem humanizada, considerando a carga de processamento de informações exigida dos funcionários – muitas vezes de forma contraproducente - para evitar a fadiga mental e prevenir o burnout. Isso não apenas resultará em economia de recursos para as empresas, mas também proporcionará a verdadeira qualidade de vida que todos merecem.

* Executiva, Especialista em Psicologia Positiva, Instrutora de Yoga e Meditação e Associada Humani



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