Janeiro Branco: saúde mental o ano todo
Por muito tempo, os cuidados com a saúde mental nas empresas foram deixados em segundo plano. Como uma imagem desfocada, as pessoas que tinham a coragem de buscar ajuda eram constantemente tratadas com indiferença por colegas e lideranças. A transformação desse tipo de comportamento começou com algumas iniciativas, como o Janeiro Branco — a principal delas.
Contudo, foi só a partir dos desdobramentos da pandemia da Covid-19 que o tema bem-estar mental passou a ter a relevância que se espera no meio corporativo. Motivos para esse movimento de mudança nas empresas certamente não faltam. De olho na queda do engajamento e na subida do número de afastamentos relacionados a doenças ocupacionais psicossociais, muitas lideranças passaram a agir.
Quer saber por que o Janeiro Branco se tornou prioridade em pouco tempo e como tratar o tema na sua organização da maneira adequada? Descubra logo abaixo!
Janeiro Branco e saúde psíquica
Assim como acontece com as demais campanhas de saúde, como o Setembro Amarelo, o Outubro Rosa e o Novembro Azul, o Janeiro Branco é apenas um ponto de partida. No início do ano, a ideia é realizar eventos que coloquem a saúde psíquica em evidência para que empresas e outras instituições criem e mantenham programas de prevenção, de apoio e de tratamento ao longo de todo o ano.
Ao lado de dezembro, o mês de janeiro é o período no qual as pessoas fazem um balanço de suas vidas e costumam rever os pontos que precisam de ajustes. No começo de cada ano, muita gente planeja cuidar mais do corpo dali para a frente por meio de uma alimentação saudável e da prática regular de atividades físicas, por exemplo.
O Janeiro Branco vem para mostrar que a época também é propícia para iniciarmos uma fase de maior atenção ao nosso bem-estar psíquico. Quanto mais cedo tivermos essa consciência do autocuidado, menos propensos ficaremos ao agravamento de problemas que, como sabemos, podem culminar na depressão, na TAG (transtorno de ansiedade generalizada) e no temido burnout.
Custos ligados à saúde mental
Se o sucesso de um negócio só acontece em virtude do trabalho das pessoas, nada mais natural que o afastamento das atividades laborais prejudique os resultados almejados pela corporação. Com relação à saúde mental, diversos estudos atestam a urgência da questão.
De acordo com dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), os quadros leves de transtornos mentais geram uma perda de média de 4 dias de trabalho por ano. Os casos mais graves elevam o número para 200. A estimativa do órgão é que, anualmente, o prejuízo derivado do declínio da produtividade gire ao redor de US$ 1 trilhão.
Entre as raízes do problema, temos os velhos conhecidos já mencionados anteriormente:
O burnout é um transtorno de origem emocional que, de maneira emblemática, entrou para a lista de doenças ocupacionais em janeiro deste ano. Isso, por si só, já é preocupante e, por aqui, o cenário piora. Uma pesquisa realizada com 8 países apontou que o Brasil tem o maior número de colaboradores com burnout.
Vale frisar que funcionários com a referida síndrome também tendem a ser bem mais improdutivos do que aqueles que não sofrem com ela. Para ser específico, o transtorno faz com que a queda da produtividade seja de 31%. Esses mesmos indivíduos exibem índices de presenteísmo igualmente elevados (acima de 80%).
Sim, muito antes da crise causadora de uma espécie de “apagão”, a pessoa afetada pelo burnout fica sujeita a vivenciar uma profunda desconexão com suas atividades de trabalho. É como se ela estivesse presente, mas com a cabeça em outro lugar. Em certos casos, a dificuldade de se concentrar é insustentável, apesar de não surgir nenhuma pane geral dos sentidos.
O papel do RH no Janeiro Branco
Ao contrário do que parece, a função do RH durante o Janeiro Branco não se limita a divulgar o tamanho do problema vinculado à saúde mental via palestras, workshops e rodas de conversa. A parte informativa desses eventos é indispensável, mas o que os colaboradores realmente esperam é que o setor aproveite o momento para explicar como a empresa cuida do bem-estar de todos na prática.
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Medidas preditivas
O conjunto de aspectos levantados até aqui revelam que é dever da área de Recursos Humanos utilizar ferramentas e métodos capazes de detectar indícios que apontam para o risco de desenvolvimento ou de agravamento de doenças psicossociais.
A especificação do tipo de transtorno mental costuma ser complicada, mas isso cabe aos especialistas da área psicológica e afins. À empresa, compete identificar que algo está errado, a fim de tomar medidas proativas, como reforçar à equipe que a organização oferece uma ampla rede de psicólogos e psiquiatras. O tratamento precoce reduz as chances de piora do quadro.
A metodologia empregada para medir o bem-estar psíquico das pessoas do time acontece, basicamente, por meio de 2 maneiras. A primeira delas é via análise contínua de métricas já conhecidas do RH, como:
Existem detalhes que incrementam a avaliação, como a ausência injustificada em reuniões ou em outros encontros (formais ou informais) promovidos pela empresa e os constantes atrasos na entrega de atividades. Há ainda outro fator que merece atenção: a qualidade do sono dos colaboradores.
Claro que nem toda alteração em qualquer um desses indicadores está associada à piora da saúde mental. Isso explica por que é importante complementar a mensuração com pesquisas internas especificamente voltadas à saúde psíquica dos funcionários. Uma sugestão consiste em apresentar algumas afirmações aos funcionários e, em seguida, questionar o quanto eles concordam ou discordam delas. Exemplos:
Medidas de saúde preventiva e de acompanhamento contínuo
Quanto à prevenção de problemas de saúde mental, vale a pena ir à raiz do mal-estar mental ou emocional dos colaboradores. O estresse e a ansiedade generalizada, por exemplo, contemplam diversas causas, como:
No entanto, é imprescindível lembrar que os funcionários também têm vida pessoal e que, muitas vezes, a instabilidade emocional vem de fora do ambiente corporativo. O Employee Financial Wellness Survey de 2022 constatou que pelo menos 50% dos colaboradores ficam mais ansiosos do que o normal devido ao enfrentamento de alguma adversidade financeira.
Nesse contexto, a oferta de um pacote de benefícios completo, com soluções que também melhorem a saúde financeira dos trabalhadores, faz diferença. Porém, além de disponibilizar antecipação salarial, por exemplo, é crucial conceder suporte para explicar o funcionamento e as situações adequadas para recorrer à solução.
Simultaneamente, é fundamental contar com o portal de gestão ideal e uma equipe de assistência médica personalizada. Desse modo, é possível acompanhar de perto tanto a adesão das pessoas aos benefícios de saúde como a evolução de cada quadro de maneira individualizada.
Assim, os gestores sabem, por exemplo, se os funcionários estão seguindo o tratamento indicado, como o uso de medicação contínua receitada pelo médico. Além disso, passa a ter um time de suporte pronto para tirar quaisquer dúvidas do colaborador sempre que necessário.
O Janeiro Branco é apenas um mês de referência para alertar a respeito de um tema que jamais deve ser deixado de lado: a qualidade da saúde psíquica das pessoas. Ao atuar de maneira preditiva e preventiva e com a infraestrutura apropriada, sua empresa tem grandes chances de reduzir o aparecimento de doenças ocupacionais atreladas ao mal-estar mental e emocional dos colaboradores.
Para aprimorar todo esse processo, lembre-se que a análise de dados no RH é indispensável!
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