Jogador de futebol: não demonstre fraqueza em público
Taffarel, o goleiro do tetra.

Jogador de futebol: não demonstre fraqueza em público

Pode parecer normal, mas não é recomendável. Você sai de uma partida, cabeça quente e abatido, e algumas vezes até depois de tomar o banho e passar pela área mista, um repórter te aborda educadamente e você responde uma pergunta. Questionado mais uma vez, responde mais uma e, de cabeça baixa, se permite! (você mesmo!, preste atenção) se cortar em público e se deixa sangrar. Se aquele repórter e cinegrafista pareceram educados, certamente o são, mas a merda (desculpem-me, vou utilizar o palavreado para te chocar mesmo), mas a merda será os comentários a posteriori, as análises de comentaristas e dos caça cliques sempre prontos a ganharem audiência. Vou te passar o papo reto, jogador! Quanto mais porcaria e sensacionalista é o programa, mais audiência traz. A grande maioria dos jornalistas esportivos são oportunistas e adoram comentarem crises, desgraças e violências. Fazem muitas vezes cara de bonzinho e são cheios de mimimis, mas podem acreditar, adoram ver desgraças. Os sonhos de muitos deles é captarem um assassinato de um profissional do futebol ao vivo. Simples assim!

Se você está passando por uma fase difícil, procure ajuda de quem está realmente interessado em te ajudar. Se perdeu a confiança, faça pose de ator e se sinta o Sylvester Stallone nas cenas finais de Rocky. Internamente, desabafe, chore, mas com as pessoas certas. E vou te passar mais um papo reto: esta auto expiação está acabando com a sua autoconfiança. Auto expiação é você ficar se culpando o tempo inteiro.

Vou lhes contar um exemplo ocorrido comigo, no meu grande laboratório que é a minha atuação como goleiro no futebol varzeano. Há um tempo atrás não estava bem, havia perdido a confiança, minhas saídas do gol estavam atabalhoadas (atrapalhadas) e, findava o jogo, eu gravava um áudio no grupo de WhatsApp pedindo desculpas ao time. Solidariedade e tal, mas sentia que as minhas desculpas estavam se repetindo, e quando jogadores mais novos foram me dar uma moral, aí liguei o clique e pensei: “Puta merda, que droga de motivador sou eu? Trato jogadores profissionais e não consigo me motivar?”

Virei a chave. Até com o técnico fui ríspido. Não recomendo isso. Minhas atitudes? Saí em falso do gol e aquele já reconhecido sufoco de meus zagueiros. O professor gritou me cobrando e eu respondi: “Depois o senhor me cobra. Estou focado aqui.” Falta central e pensei: vou abrir a barreira e encaixar esta bola. O atacante deu uma patada. Agarrei-a no peito e deitei com ela. “Aqui tem goleiro, caralho!”. Resultado? Esta minha mudança de atitude me fez recuperar a minha confiança e sabem o que senti? Respeito de meus companheiros de time, passei mais segurança para o time e aí a coisa fluiu.

Um dos meus grandes ídolos é o Taffarel. Sabe por quê? Além de ser um goleiro eficiente, era discreto e efetivo. Nunca o vi fazer uma ponte desnecessária. Durante as Eliminatórias para a Copa do Mundo de 1994, tomou um frango (ele fez um gol contra de calcanhar) numa partida contra a Bolívia na altitude de La Paz, acarretando a primeira derrota da seleção brasileira em Eliminatórias. Críticas e mais críticas, pau em cima do cara, frangueiro do caralho, nem time pra jogar tem, queriam o Zetti a qualquer custo (Zetti também era excelente!), mas o Taffa segurou o rojão e com a sua discrição e eficiência foi o goleiro do tetra.

Personalidade é fundamental para um atleta se destacar e permanecer no topo. Saber discernir aquele que quer te ajudar dos oportunistas que só querem surfar nas ondas boas. Você deve melhorar a sua atitude. Isso não quer dizer que você tem que ser arrogante, isso nunca. Mas se cercar do espírito de grupo e ser mais safo na hora de não demonstrar fraqueza.

Cara, se você está num bote salva-vidas no mar e se der o azar de sangrar, de longe os tubarões saberão que tem carne fresca no pedaço. Eles vão comer você, com todos aqueles dentinhos afiadinhos.

E aí, vamos melhorar a sua atitude?  

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