Jogo dos Tronos e dos Cartéis: Como Westeros Virou Aula de Economia
O universo de "Game of Thrones", criado pelo talentoso e um tanto sádico George R.R. Martin, é um terreno fértil para explorar conceitos econômicos, especialmente o oligopólio. Imagine os Sete Reinos como um mercado onde as grandes casas nobres - Stark, Lannister, Baratheon, Targaryen, Greyjoy, Tyrell e Martell - operam como firmas oligopolizadas, disputando poder e influência. Se você pensa que o mercado é uma selva, é porque ainda não assistiu a essa série.
No mundo real, um oligopólio é um mercado dominado por poucas empresas que têm controle significativo sobre os preços e a oferta de produtos. Em Westeros, poucas casas nobres têm controle sobre vastos territórios e recursos. Cada família busca expandir seu domínio, similar a como empresas buscam aumentar sua participação no mercado. Vamos analisar como essas famílias exemplificam as dinâmicas de um oligopólio, com um toque de humor, porque mesmo a economia precisa de uma boa risada.
Os Lannister, com sua riqueza incomparável, são como aquela empresa que todo mundo inveja por ter um orçamento de marketing absurdo. Eles usam seu ouro como uma forma de influenciar e controlar outros, assim como uma empresa rica pode usar seu capital para dominar o mercado. E nunca se esqueça: "Um Lannister sempre paga suas dívidas" - ou pelo menos tenta, entre um e outro golpe de estado.
Já os Stark representam uma firma que, apesar de estar em uma posição de poder em seu território (o Norte), enfrentam desafios ao tentar competir com as casas mais ricas e poderosas do sul. É como se a Stark Corp. estivesse tentando vender iglus no deserto. Eles são honestos, trabalhadores e, infelizmente, um pouco ingênuos – afinal, confiar no Ned Stark é um excelente exemplo de como não fazer política empresarial.
Os Baratheon, em sua tentativa de manter o Trono de Ferro, agem como uma empresa que tenta manter seu monopólio em um mercado competitivo. A morte de Robert Baratheon desencadeia uma guerra de sucessão, refletindo como a queda de uma grande empresa pode levar a uma luta intensa por controle entre os competidores restantes. Quem diria que uma disputa por herança poderia envolver tanto drama e dragões?
Tentativas de cartelização são evidentes na série. Vemos várias alianças sendo formadas e quebradas, como quando os Lannister e Tyrell se unem para controlar King's Landing, tentando consolidar poder e reduzir a competição. Essas alianças refletem tentativas de cartéis no mundo dos negócios, onde empresas se unem para controlar preços e produção. No entanto, assim como muitos cartéis na realidade, essas alianças são frágeis e frequentemente desmoronam devido à desconfiança e aos interesses conflitantes. Pense na reunião de um cartel como uma festa de família – cheia de intrigas, brigas e alguém sempre acaba morto (figurativamente, é claro).
A casa Targaryen, com seu histórico de governar Westeros, pode ser comparada a uma firma antiga e poderosa que tenta reconquistar seu lugar de destaque no mercado após uma grande falência. Daenerys Targaryen, com seus dragões (tecnologia superior), representa uma inovação disruptiva tentando quebrar o status quo oligopolista. Os dragões são armas de concorrência formidáveis, pois oferecem uma vantagem competitiva sem igual. É como se a Apple decidisse lançar um iPhone que também faz café e tira o lixo.
Os Greyjoy, sempre buscando saquear e expandir seus domínios marítimos, podem ser vistos como uma empresa agressiva que usa táticas não convencionais para ganhar vantagem competitiva. Euron Greyjoy é aquele CEO que acredita que a melhor estratégia de mercado é simplesmente roubar as ideias (e navios) dos outros. Enquanto isso, os Martell e Tyrell exemplificam empresas regionais poderosas que, embora não sejam tão centralizadas como os Lannister ou Baratheon, desempenham papéis cruciais na dinâmica do mercado oligopolizado.
E, como em qualquer mercado, há ameaças externas ao oligopólio. Os Caminhantes Brancos representam firmas disruptivas (startups) que ameaçam destruir toda a estrutura de mercado existente. Assim como novas empresas ou tecnologias podem ameaçar mercados estabelecidos, os Caminhantes Brancos representam uma força inexorável que todos os "jogadores" do mercado devem enfrentar para sobreviver. A união temporária das casas para combater os Caminhantes é comparável a um esforço colaborativo para enfrentar uma ameaça existencial no mercado. Nada como um apocalipse zumbi para unir rivais, não é mesmo?
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No final da série, a concentração de mercado é clara. As guerras e intrigas resultam na eliminação de várias casas poderosas, consolidando o poder em menos mãos. Bran Stark se torna o rei, uma figura simbólica de como um mercado pode se consolidar sob uma única entidade após intensas batalhas por poder e influência. A casa Stark, outrora uma firma regional, agora tem controle significativo, refletindo a concentração de mercado após a eliminação dos competidores. Quem diria que "o Corvo de Três Olhos S.A." acabaria no comando?
Assim, "Game of Thrones" nos oferece uma visão empolgante e dramática de como funcionam as estruturas de mercado oligopolistas. A luta pelo poder, as tentativas de cartelização, a ameaça de firmas disruptivas e a eventual concentração de poder ilustram de forma cativante conceitos econômicos que são essenciais para entender as dinâmicas de mercados dominados por poucos. E, no final, vemos que, tanto em Westeros quanto na economia, a batalha pelo controle é feroz, e apenas os mais adaptáveis e estratégicos conseguem prevalecer. Afinal, quando se joga o jogo dos tronos, você vence ou você vai à falência.
E, claro, esse artigo mostra que é possível ensinar teoria econômica de forma lúdica e divertida. Afinal, aprender pode ser tão empolgante quanto assistir à próxima temporada de sua série favorita!
Dedicado aos meus alunos que adoram a forma lúdica de aprender economia.
Fontes:
- Martin, George R.R. "A Song of Ice and Fire" series.
- Varian, Hal R. "Intermediate Microeconomics: A Modern Approach."
- Carlton, Dennis W., and Jeffrey M. Perloff. "Modern Industrial Organization."
International Relations | Globalcast host
7 mSimplesmente genial usar Game of Thrones para explicar a dinâmica de mercado.