Jornada do consumidor: um caminho com múltiplos pontos de contato.
As tecnologias digitais, principalmente na última década, ajudaram a desenvolver consumidores mais inteligentes, conectados digitalmente e conscientes dos preços. Essa mudança trouxe uma nova abordagem para o processo de compra, a chamada jornada do consumidor.
Acredito que o modelo do processo de compra mais conhecido dos profissionais de Marketing e Vendas é o de Howard e Sheth’s (1969), que destinou-se a explicar o percurso desde o reconhecimento da necessidade pelo cliente, até o resultado da compra do produto de uma marca. Outros autores dividiram o processo para melhor gerencia-los em Pré compra, Compra e Pós-compra.
Desde as teorias iniciais do processo de compra muitas coisas mudaram. No momento atual, a jornada leva em consideração que os consumidores interagem com as empresas através de inúmeros pontos de contato, em vários canais e mídias. Os consumidores podem comprar o que querem, quando querem e recebem na porta de casa.
Ou seja, a jornada está mais complexa. As empresas se esforçam para interpretar uma quantidade enorme de dados que os consumidores geram a todo instante, pois somente assim conseguem recuperar o controle. Katherine Lemon, Diretora do Marketing Science Institute, levantou três elementos chaves para compreensão da atual jornada do consumidor no Marketing:
- Metodologia blueprint de serviços. Embasa que a jornada deve ser entendida e mapeada a partir da perspectiva do consumidor. Quer dizer que, a jornada não é interna, por onde a empresa acredita que o consumidor passa, e sim externa, a perspectiva do cliente dos pontos de contato.
- Gestão multicanal. Leva em consideração que devido a propagação de tecnologias, surgem novos canais, online e offline, que diferem em benefícios e custos, tornando um canal mais útil para um estágio no processo de compra do que outros.
- Mobile. Os canais de dispositivos móveis oferecem novos recursos baseados em localização que resultam em oportunidades para as empresas criarem pontos de contato. A facilidade do toque direto dos dispositivos móveis influenciam a jornada.
Tendo essa compreensão, partimos para o mapa da jornada do consumidor.
A representação visual (figura abaixo) mostra a sequência de eventos por meio dos quais os clientes podem interagir com uma organização. Cada empresa deve desenvolver o seu mapa personalizado, projetando um para todos os clientes ,ou por cluster, ou ainda, fazer um mapa para cada consumidor. Desta forma, reforço que a ilustração abaixo serve apenas como uma guia para que os gestores consigam projetar as experiências dos consumidores no decorrer do processo de compra.
Este mapa separa a jornada e experiência em três estágios (pré-compra, compra e pós-compra), e cada etapa considera que o consumidor pode interagir com 4 diferentes pontos de contato:
1. Propriedade da marca: são interações com os clientes que são concebidos e controlados pela organização. Como, por exemplo, mídia própria (publicidade, site e intranet).
2. Parceiros: considera as interações que são geridas ou controladas pela empresa e um ou mais parceiro. Por exemplo, agências de marketing e parceiros para programa de fidelidade.
3. Propriedade do cliente: ações individuais do cliente mas que afetam a experiência em geral, porém as empresas ou parceiros não conseguem influenciar ou controlar.
4. Social / externo: considera o papel de outros atores ou ambientes que influenciam na experiencia, como, por exemplo, outros clientes, ambiente social e informação de terceiros aplicado em sites de avaliação.
Pesquisas gerenciais recentes estenderam a etapa do Pós-compra para incluir o “ciclo de fidelidade”,como parte do jornada de decisão do cliente , sugerindo que durante este estágio, pode ocorrer um gatilho que leva à fidelidade do cliente (através da recompra e engajamento adicional) ou inicia o processo novamente, com o cliente entrando mais uma vez na fase de pré-compra e considerando alternativas.
Em um mercado tão competitivo onde o detalhe é que faz a diferença, entender a jornada do seu consumidor é ganhar vantagem competitiva. Ao invés de apenas reagir a jornada que os próprios consumidores criam, é necessário moldar seus caminhos, liderar ao invés de seguir.
Referências:
Edelman, David C, Marc Singer (2015), “Competing on Customer Jour- neys,” Harvard Business Review, 93 (November), 88–100.
Lemon, K.N. and Verhoef, P.C. (2016), “Understanding customer experience throughout the customer journey”, Journal of Marketing, Vol. 80 No. 16, pp. 69-96.
Strategic Planning Manager
6 aLetícia, excelente artigo!! Ontem publiquei um sobre um assunto complementar: https://goo.gl/2R3R69
Mãe da Liz | Relações Públicas | Especialista em Marketing Digital | Social Listening | Pós-graduanda em Comunicação, Marketing e Mídias Digitais
6 aÓtimo artigo! Parabéns!!