A juventude na cooperação para a paz e segurança
Envolvimento, participação e advocacia, funções informadas e saudáveis, empoderamento económico através do trabalho decente, juventude e direitos humanos, construção da paz e da resiliência são as cinco áreas prioritárias para os agentes de cooperação.
Incluir os jovens nas questões de cooperação não só reconhece o respeito pelo direito à opinião, e a mesma ser tida em conta, como é uma questão de eficácia. Se os jovens participarem em todas as etapas dos projetos a relevância, legitimidade, impacto e sustentabilidade do mesmo fica assegurada. Para aumentar a eficácia da inclusão dos jovens é necessário saber como se relacionam com os diferentes níveis de poder; explorar formas de participação na fase de planeamento, implementação e monitorização do projeto; identificar estratégias para os jovens que apresentem dificuldade de integração e aplicar sempre o princípio de “não causar dano”.
As questões de paz e segurança afetam um em cada quatro jovens no mundo. Dados de 2016 reportam que 408 milhões jovens, entre os 15 e os 24 anos, viveram em cenários de violência organizada ou conflitos armados. A adopção da Resolução 2250, do Conselho de Segurança das Nações Unidas, em 2015, foi o reconhecimento da mudança de atitude em relação ao papel e contributo dos jovens para algumas das questões mais sensíveis da sociedade. Direitos humanos, desenvolvimento sustentável, paz e segurança deixaram de ser assunto de ‘adultos’ e passaram a ser assunto de todos. Antes associados à violência hoje são descritos como agentes-chave para a implementação da Agenda 2030, o reforço positivo para a prevenção e resolução de conflitos e a base para a construção sustentável da paz pelos agentes de cooperação.
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A Juventude 2030, foi a primeira estratégia das Nações Unidas para a juventude (2018) procurando não só produzir uma mudança de mentalidade dentro das Nações Unidas como uma mudança na abordagem de trabalho onde agora é feito com os jovens e não apenas para os jovens. Programas e projetos desenvolvidos pelos agentes de cooperação que olham para os jovens como agentes participativos são projetos sensíveis à juventude que beneficiam de informação real sobre contextos e as suas interligações.
Foi tido em conta a importância de incluir os jovens ao longo do processo de análise, concepção, implementação, monitorização e avaliação de programas e projetos de construção da paz. A mudança que temos assistido assenta num novo olhar sobre a noção de ‘inclusão’ algo descrito nos manuais sobre Juventude, Paz e Segurança como ‘inclusão significativa’ que “implica a identificação das necessidades específicas e do potencial dos jovens de diversas origens em relação à manutenção da paz.” São chamados e incentivados a intervir nos debates e nas restantes fases do processo. Do escrito em manuais à realidade pode ir uma grande distância mas é mais do que tínhamos anteriormente e sem dúvida o caminho para o progresso.
Trabalhar com os jovens nos projetos aumenta a transparência e responsabilidade da organização e ajuda a diminuir o número de pressupostos errados a questões sensíveis, não podendo negar que são eles os maiores conhecedores das experiências e injustiças que afetam a juventude.