Líderes de Excelência Operacional / Melhoria Contínua, estamos prontos para trabalharmos com o Agile?
De acordo com os frameworks mais conhecidos em gestão da mudança, é sinalizada que a fase que mais gera dor em um processo de aprendizado é quando uma pessoa que não conhece sobre um assunto o descobre, passa a entender que ela não é competente sobre ele. Este momento, chamado de “Incompetente Consciente” ocasiona um desconforto que nos faz perceber que existem alguns conhecimentos além da nossa área de atuação e muitas vezes esta sensação não é fácil de lidar. Foi assim que eu me senti em Janeiro de 2017.
Tendo trabalhado anos como um agente de Melhoria Contínua / Excelência Operacional (que passarei a chamar aqui de Líder de OE), tive a oportunidade, como Consultor Master Black Belt ,de aprender e ensinar as mais diversas ferramentas do mundo do Lean e do Six Sigma. Foram mais de uma centena de projetos mentorados, onde foram utilizadas ferramentas simples desde um Ishikawa até mais complexas como Superfície de Resposta ou Distribuições Não-Paramétricas. Porém, em Janeiro de 2017, em uma conversa informal na empresa na qual eu trabalho (Setec Consulting Group), foi levantado um assunto sobre o tema da Agilidade, mais precisamente Scrum e Kanban. Naquele momento, me pareceu ser algo aplicável apenas ao ambiente de TI, de desenvolvimento, porém ao me aprofundar no assunto, percebi que a sua abrangência era maior do esta.
Para contextualizar: Agile, ou Métodos Ágeis, consiste em um conjunto de Frameworks criados para realizar a gestão de projetos em cenários complexos. Um cenário complexo é aquele onde a relação de Causa e Efeito não está bem estabelecida. Por exemplo: eu não sei afirmar quais são as causas para o cancelamento de clientes em uma seguradora aumentar, pois existem inúmeras causas que constantemente aumentam ou abaixam sua relação de importância com o resultado final. Desta forma, os Métodos Ágeis (onde os mais conhecidos são Scrum, eXtreme Programming e Kanban) nos ajudam a realizar projetos de uma forma mais colaborativa e de rápida reação onde, conforme passa o tempo e mais entregáveis são realizados, mais o grupo aprende de forma iterativa e melhora seu desempenho. É um processo, por definição, de rápido feedback, onde podemos errar rápido para corrigir rápido, antes que o produto final tenha um custo muito alto de desenvolvimento e possa ser rejeitado.
Mas onde os mundos se encontram?
O que não é mais segredo para ninguém hoje em dia que os Métodos Ágeis tiveram duas inspirações maiores: Taiichi Ohno e Deming. Os pais do Sistema Toyota de Produção e do PDCA respectivamente inspiraram desenvolvedores a utilizarem das ferramentas mais conhecidas (de forma adaptada) pelos líderes de OE, para que eles pudessem desenvolver produtos, softwares ou trabalhar em processos com o foco em aumentar a Eficiência (utilizando o chamado Lean Kanban), Eficácia (Utilizando o Scrum) e sem deixar a quantidade de bugs atrapalharem na qualidade (Conceitos de eXtreme PRogramming). Todos estes frameworks são perfeitamente entendíveis e similares ao mindset que utilizamos em nossos projetos de OE, porém adaptados para um processo mais criativo, onde as pessoas são denominadas como “trabalhadores do conhecimento”, onde o objetivo final é a criação de algo por definição.
Ao entender isto, percebi que poderia me tornar um Agile Coach. O Agile Coach é o agente de mudança que ajudará a organização na transformação ágil, a partir do uso das técnicas de Coaching, Mentoring, Couseling, apoiadas no conhecimento dos frameworks ágeis, resultando em um aumento de produtividade e qualidade nos resultados dos entregáveis dos times. Algo muito similar com o que um Líder de OE, OPEX, Melhoria Contínua faz.
Mas aí vem uma autocrítica, que precisamos fazer: parece, mas não é igual, não importa o que falemos. Temos que admitir que precisamos nos atualizar em algumas coisas. Ao mergulhar com mais profundidade no assunto, percebi que apesar de similares, os conceitos envolvidos na gestão destes frameworks, na condução das cerimônias previstas, no engajamento da equipe, no tipo de pessoa que lidamos, é bem diferente. Por isso, foi necessário que eu me capacitasse da melhor forma possível. Estudei a fundo e tirei certificações em Kanban e Scrum, li artigos, fiz cursos de Agile Coaching, pesquisei sobre o que se fala do assunto fora do país, e digo para vocês com tranquilidade, hoje trabalhando mais nesta área e utilizando estes conceitos: não é um bicho de sete cabeças, mas precisa de alguns cuidados.
Só que notícia é boa: se existem pessoas que também podem se tornar bons Agile Coaches, somos nós, que trabalhamos com Excelência Operacional. Como viemos realizando os mais diversos tipos de treinamento, com um ferramental analítico e estatístico avançado, além do conhecimento em Lean, somos agentes ideais para exercer o papel do agente de transformação, agora com um universo mais amplo, o universo da realidade.
Cabe a nós entendermos como podemos nos adaptar e se o nosso segmento ou tipo de projeto é indicado para isto (trabalhar no cenário complexo). Estamos perto, somos capazes, mas precisamos nos capacitar (O Setec Consulting Group tem vários treinamentos relacionado aos métodos ágeis, veja aqui), sermos humildes e trabalhar. Ao mesmo tempo que está mais perto de nós do que pensamos, não é tão óbvio quanto parece. Entretanto, reitero: com a nossa capacidade, conseguiremos.
Luis Fernando Atallah Christofi
Master Black Belt formado pelo Setec Consulting Group, Kanban Management Professional (KMP)® pela Lean Kanban University e Certified ScrumMaster® pela Scrum Alliance. Graduado em Engenharia de Produção pelo IMT (Instituto Mauá de Tecnologia). Atua como consultor na área de Excelência Operacional, com foco em Lean Six Sigma, Métodos Ágeis, Lean Manufacturing e Administrativo, Marketing Pessoal, Gestão por Processo, Mapeamento de Oportunidades de Melhoria em Empresas, Valuation de Empresas, Gerenciamento de Risco do Processo, além de outras ferramentas do Sistema de Gestão da Qualidade.
CX | Operational Excellence | Lean Six Sigma - Master Black Belt
5 aVejo como um caminho natural de evolução do DMAIC, o mesmo tentar ser mais rápido, tentei aplicar o conceito de kanban para um projeto LSS para as etapas MAIC, funcionou bem, e sempre estávamos procurando ações lean que são mais rápidas de identificar e implementar do que as ações que demandam estudo estatístico mais avançado. Já existem estudos na área de desenvolvimento de software para misturar os métodos, na indústria ou serviços ainda não vi.
Gerente de Projeto / Delivery Manager/ PMO / Scrum Master / Agile Professional
5 aExcelente autocrítica! Precisamos tentar! Precisamos errar e nos prender melhor a tempos padrões que métodos demorar para ser executados e nos preocupar mais em valor agregado "faseado" e mais maior agilidade! Parabéns pela percepção e provocação!!
Especialista em Melhoria de Processo e Life/ Professional Coaching na IFF Consultoria, Coaching e Treinamentos
5 aExcelente artigo! Parabéns!
Chief Strategy Officer | Board Member | Growth | Business Development | Autor do livro Multiverso Lean | Lean | Digital Transformation | Intelligent Automation | GenAI | Artificial Intelligence
5 a"Mas aí vem uma autocrítica, que precisamos fazer: parece, mas não é igual, não importa o que falemos. Temos que admitir que precisamos nos atualizar em algumas coisas." - excelente postura, que partilho, em um mundo cada vez mais VUCA.