Lean Construction: Uma Visão Enxuta Sobre os desperdícios na Obra
LEAN PRODUCTION
Após a segunda guerra mundial o Japão sofria de uma grave escassez de material e mão de obra. A indústria foi extremamente impactada o que exigiu novas maneiras de trabalhar.
O Lean surgiu do sistema Toyota de produção e foi elaborado em resposta a essas dificuldades, a fim de eliminar quaisquer que sejam os desperdícios na produção.
O método se apoiou desde o início no Kaizen (melhora continua) e pregava que a melhora na produção era tarefa de todos, ou seja, todos deveriam se atentar, como uma unidade, a perdas em potencial.
A publicação do Livro “A máquina que mudou o mundo” (Womarck et al, 1990) foi um marco que impulsionou a ocidentalização do STP (Sistema Toyota de produção). Não obstante, o que era um modelo de produção de uma empresa, transformou-se em uma caixa de ferramentas aplicável em qualquer tipo de empresa, muito além do setor automotivo, que queira melhorar a produtividade de maneira eficiente (Arantes, 2008).
A FIGURA 1 mostra os dois princípios nos quais a empresa Toyota se baseia, assim como seus subprincípios.
FIGURA 1: Princípios Base.
FONTE: FM2S Educação e Consultoria
LEAN CONSTRUCTION
A Construção civil no Brasil ainda é feita de maneira muito arcaica e pouco controlada, os gastos com perdas (chamado de Muda = desperdícios) são extremamente altos. Desse modo, o método Lean pode trazer diversos benefícios a esse setor tão significativo da economia.
Adiante, é importante pontuar que a construção talvez seja a indústria com maior tempo de criação, ou seja, possui métodos e cultura anteriores a análise científica que são difíceis de serem alterados.
O setor da construção é multidisciplinar, para que o processo de produção possa acontecer de maneira mais fluida, é necessária uma boa gestão inicial, bem comunicativa e, principalmente, mobilização e mudança de culturas de todos os envolvidos, que deve se iniciar no Gemba (local onde se agrega valor, nesse caso, o canteiro de obra).
De modo geral, apenas nos apoiando nos 7 desperdícios clássicos, mostrados na FIGURA 2, podemos de imediato pontuar algumas ações de melhoria da produtividade na obra.
FIGURA 2: Os 7 Desperdícios do Lean
Fonte: kanbanize.com
Alguns exemplos de aplicação de melhoria com base nos 7 desperdícios:
- Diminuir tempo de espera para o início de uma tarefa, um pedreiro olhando para o tempo, enquanto o carpinteiro termina as fôrmas para a concretagem, não agrega valor para o cliente;
- Planejar o transporte de material para que seja eficiente. Não é prático montar a área de produção de concreto longe do local a ser aplicado o produto ou um estoque do lado oposto a abertura para recebimento de materiais;
- Análogo a questão anterior, deve-se diminuir ao máximo a necessidade de movimentação dos operários, se ele precisa de uma ferramenta para executar o trabalho que ela esteja próxima e pronta para a tarefa;
- Evitar o que chamamos de “Gold Plating” que seria excesso de trabalho com a intenção de impressionar o cliente, isso pode acarretar risco no escopo, prazo e/ou custo;
- Excesso de estoque na indústria convencional é sinal de baixa produção e perda de dinheiro, na construção civil essa questão é um pouco mais complexa. Mas nas regras gerais é importante manter apenas o estoque necessário e bem-organizado, com planta de layout bem visual (colorido e com ilustrações se pertinente for) na entrada. Não é nada prático você precisar de um saco de cimento e ter que passar por dezenas de peças de instalação para obtê-lo...
- Acompanhar a obra de perto “go to the Gemba” para identificar atividades que não geram valor, contratar mão de obra especializada para cada serviço e fiscalizar a produção. Retrabalho é algo muito comum na construção civil.
REFERÊNCIAS:
ARANTES, Paula Cristina Fonseca Gonçalves. LEAN CONSTRUCTION: filosofia e metodologias. 2008. 108 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Porto, 2008.
IMAI, Masaaki. Gemba Kaizen: a commonsense aproach to a continuous improvement strategy. 2. ed., McGraw Hill, 2012.