Legal Operations, uma abordagem ágil e eficiente da Gestão Jurídica

Legal Operations, uma abordagem ágil e eficiente da Gestão Jurídica

Eu iniciei minha atuação dedicada ao mercado jurídico em 2009 e naquela época uma premissa norteava o meu trabalho: dotar a advocacia de uma Visão Empresarial. Mais de uma década se passou, a Transformação Digital predominante em todos os segmentos forçou um cenário extremamente competitivo no mercado jurídico e a produtividade se tornou um diferencial mandatório.

O Direito 4.0 trouxe diversas metodologias e tecnologias ao cotidiano do advogado, mas aquela premissa se tornou ainda mais persistente. Nesse contexto, Legal Operations se apresenta como um conjunto de mudanças na organização de escritórios com o objetivo de otimizar a gestão jurídica. Também denominado Legal Ops, este conceito se baseia no tripé composto por pessoas, processos e tecnologia.

 

O que é Legal Operations?

Como definição oficial, pode-se apontar Legal Operations como um conjunto de atividades de negócios, tecnologias, processos e pessoas que maximiza a capacidade de uma equipe jurídica. Essas atividades estão relacionadas à fluxos, processos internos, pessoas, clima organizacional, tecnologias, indicadores, dashboards, precificação, orçamento, controle financeiro, marketing, gestão de pessoas e outras menores.

Gerenciar tudo isso requer uma ampla combinação de habilidades e ações, tais como planejamento estratégico, mapeamento de processos, gestão da mudança, gerenciamento financeiro, gerenciamento de fornecedores, tecnologia, data analytics e, principalmente, o engajamento de pessoas.

Então fica claro que Legal Operations é uma área da Gestão Jurídica, outrora também denominada Administração Legal, portanto não atua diretamente nas atividades jurídicas, pois essas estão sob a alçada da controladoria jurídica.

Nesse momento surge a questão: então Legal Operations é só um termo da moda para Administração Legal? Não exatamente. Embora Legal Ops englobe muitas das responsabilidades atribuídas à Administração, na realidade ela se trata muito mais de uma especialização da controladoria jurídica focada na área administrativa. E essa especialização vem com métodos, técnicas e boas práticas desenvolvidas exclusivamente para este fim. A adoção do termo também tem como objetivo um alinhamento desses métodos e técnicas com o que já se pratica exterior.

Essa padronização de boas práticas vem do Corporate Legal Operations Consortium (CLOC), entidade internacional que se propõe a criar e auditar normatizações para a administração do escritório. Ela ainda institui a figura do Chief Operations Legal Officer (CLOO), um coordenador da área de Legal Operations encarregado de implementar métodos, práticas e ferramentas tecnológicas na gestão jurídica.

 

As 12 competências definidas pelo CLOC

Como foi dito, o CLOC estabelece normatizações para a disciplina de Legal Operations. Estas normas foram embasadas em doze áreas ou competências a serem implantadas. São elas:

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Para quem é Legal Operations?

Olhando para essas 12 competências definidas pelo CLOC a primeira impressão que se tem é que Legal Operations se destina exclusivamente a escritórios de grande porte. Obviamente estas têm pleno potencial e orçamento para aplicar a inovação de forma ampla. Mas as grandes firmas representam menos de 2% do mercado. Então Legal Ops fica restrito a essa pequena elite?

Claro que não. Em tese o conceito pode sim se aplicar a escritórios de todos os portes e áreas de atuação. Entretanto, na prática, será necessário realizar um exercício de “enxugamento” do método. É um exercício difícil, porém não impossível. Como acontece com toda novidade, em algum momento especialistas começam a desenvolver variações e adaptações do método para aplicações em escala. Na realidade exponencial em que estamos vivendo, isso se torna quase instantâneo.

A realidade que se impôs ao mundo empresarial também se reflete no meio jurídico: empresas e escritórios vão ter que aprender a lidar com as novas diretrizes e tendências. Não será por luxo ou moda, mas por sobrevivência. A competitividade irá aumentar juntamente com as exigências dos clientes e as tecnologias transformadoras. Dotar a advocacia de uma Visão Empresarial continua sendo essencial. Somente as empresas e escritórios ambientados a essa realidade conseguirão seguir em frente. Ainda que esse movimento sempre se inicie nas grandes corporações, a Transformação Digital traz otimizações e métodos enxutos que permitem a qualquer um utilizá-los.

No seu escritório, quais os primeiros passos que você pode dar para implantar Legal Operations?

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