LGPD: Não aplicar o consentimento como base legal é diferente de não ser transparente com o usuário

LGPD: Não aplicar o consentimento como base legal é diferente de não ser transparente com o usuário

A LGPD possui 10 bases legais para tratamento de dados pessoais, entre eles os famosos consentimento (ou o mais conhecido no âmbito digital, como eu Li e Concordo) e o polêmico legítimo interesse.

Frequentemente há a discussão de que se poderá tratar dados pessoais somente se o usuário consentir, o que não é verdade. Ou ainda, enquadrar o tratamento de dados pessoais sempre no legítimo interesse do controlador (como uma espécie de coringa), o que também não é a opção mais recomendada.

Há quem endeuse o consentimento e há quem o demonize. Consentimento vs Legítimo Interesse? Consentimento vs qualquer outra base legal? Afinal, qual o melhor caminho para estar em conformidade com legislação?

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Independente da base legal que será utilizada, seja sempre o mais transparente possível com o seu usuário/cliente (lembre-se que os dados são sempre dos seus titulares). Se os dados pertencem aos titulares, então eles devem optar por consumir ou não um serviço a partir de própria análise de custo benefício em fornecer seus dados. 

Mas perai, então estamos falando em consentimento?

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NÃO, estamos falando em ESCOLHA.

Uma pessoa toma decisões diariamente, das mais simples às mais complexas. Quantas decisões você já tomou hoje? Você decidiu até mesmo ler este texto, a partir de uma rede social a qual você decidiu fornecer seus dados pessoais no momento do cadastro. A escolha faz parte do cotidiano de cada um de nós, decidimos desde a compra de um bem (do mais caro ao mais barato) até por priorizar certos momentos em detrimentos a outros. 

Todos nós decidimos ao longo da vida em quais serviços e plataformas confiaremos nossos dados. Se os dados são o novo petróleo, veja os dados pessoais como um barril (unidade de medida do petróleo). Os dados são as moedas de troca em uma economia movida a dados, então, faça com que o cliente queira depositar essas moedas em sua plataforma ou serviço.

Por esse motivo, mesmo que enquadre a utilização de dados pessoais em uma das bases legais que não seja o consentimento, seja claro com o usuário sobre quais dados estarão sendo tratados e com quais finalidades, conforme está previsto no inciso VII, do parágrafo terceiro, do artigo 9º da Lei N° 13.709, DE 14 DE AGOSTO DE 2018:

"Quando o tratamento de dados pessoais for condição para o fornecimento de produto ou de serviço ou para o exercício de direito, o titular será informado com destaque sobre esse fato e sobre os meios pelos quais poderá exercer os direitos."

Uma ferramenta para comunicar estas informações com clareza, poderá ser a política de privacidade, nela deverão constar todos os dados tratados e quais suas finalidades específicas, de forma clara (não mais em infinitas páginas). Mas não limitando-se a ela, posicione sua marca sempre que possível quanto a privacidade e proteção de dados, seja no onboarding do usuário ou produzindo materiais complementares (vídeos, papers e etc).

Por isso, a provocação do título deste artigo é no intuito de refletir sobre um dos principais objetivos da Lei, a transparência no tratamentos de dados pessoais. O consentimento não é a única base legal para tratar dados pessoais, e nem sempre poderá ser a melhor escolha conforme dito anteriormente, mas isto não deverá ser motivo para não respeitar os direitos dos titulares, de forma a criar armadilhas para capturar seus dados.

Se sua plataforma, seja ela qual for, harmonizar transparência e segurança, de forma a garantir que a partir do tratamento destes dados irá gerar algum benefício ou comodidade para o usuário, certamente ele se sentirá confortável e seguro em confiar seus dados à seu aplicativo/site.

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