As lições de programação do Brundle-Mosca
"A Mosca" é um filme de ficção científica que ganhou o Óscar de Melhor Caracterização de 1987, e conta o drama de Seth Brundle, um cientista visionário que está em fase de criação de cápsulas de teletransporte, algo que iria mudar o mundo para sempre.
Assistir a esse clássico hoje em dia desperta o interesse tanto de cientistas quanto de programadores, afinal o terror do filme inicia quando o cientista se coloca como cobaia de sua invenção, e acaba mesclando seu DNA com o de uma mosca doméstica, assim se transformou num ser único apelidado de Brundle-Mosca pelo seu computador, uma inteligência artificial.
Numa festa para cientistas, Brundle fica encantado por uma jornalista (Veronica) e convida-a para seu laboratório para que ela seja a primeira e única testemunha de sua invenção. Nessa fase apenas objetos são teletransportados. Isso porque a tecnologia, dos Telepods, precisa estar calibrada com a Inteligência Artificial do Computador, que toma as decisões na desintegração e reintegração dos corpos dentro dos Telepods. Seth Brundle é quem faz a programação dessa inteligência artificial.
A primeiras tentativa com seres vivo dá errado, causando a morte de um babuíno, mas com grande engeniosidade Seth consegue fazer a máquina entender o que é um ser vivo. No próximo teste, o próximo babuíno sai do Telepod com vida.
Após um pequeno desentendimento com Verônica, que agora é sua namorada, e sob efeito de uma taça de vinho, Seth toma coragem e faz o teletransporte nele mesmo. Sem perceber uma mosca entrou no telepod, e a inteligência artificial diante do problema que encontra (dois DNA diferentes), acaba tomando a pior decisão: juntá-los.
O que acontece depois não é recomendado para pessoas sensíveis, mas agora vamos às lições que esse brilhante cientista e programador de sistemas da ficção nos revela.
- O Segredo é a Alma do Negócio
Seu projeto é impolgante, inovador, mas enquanto não estiver pronto, no ar, ou patenteado, é extremamente arriscado levá-lo à revelação, por mais tentador que seja (no caso uma belíssima jornalista). Provavelmente alguém vai se aproximar com o intuito de invalidar o seu propósito.
- Tratamento de Exceção
Trabalhar com exceção é imaginar todo tipo de erro que a máquina pode encontrar, a famosa Lei de Murphy. A Inteligência Artifical trabalha com algoritmo, e funcionou bem com um ser vivo siginificativamente grande (pois a máquina com certeza deve ignorar as milhões de bactérias, ácaros), mas falhou ao encontrar dois seres vivos significativos em um telepod. Em linguagem técnica faltou o tratamento de exceção para este caso. Este tratamento poderia abortar o procedimento, caso não tenha uma rotina própria para o teletransporte de múltiplas vidas.
- Teste as mudanças antes de elas chegarem em produção
O ambiente de produção no caso, seriam vidas humanas a usar o teletransporte. O ambiente de "homologação", é cruel dizer isso, mas seriam os animais, no caso, os babuínos. Seth Brundle pagou com a vida pelo erro, mas trabalhar com ambiente de produção envolve o seu emprego, além de questões jurídicas. Sempre digo, a analista de sistemas é um profissional com altas responsabilidades.
- Trabalhe em boas condições psicológicas
Com ciúme da namorada e alcoolizado, Seth Brundle entrou no Telepod junto com uma mosca. Nem sempre um controle de versão do tipo Git vai garantir que um erro seja desfeito. Programar, testar e publicar são tarefas que precisam ser feitas com plena consciência de tudo que está acontecendo, sem interferência emocional ou de qualquer tipo. Da sua assertividade depende o seu emprego e o bom funcionamento dos serviços que os usuários necessitam.
Enfim, segurança é a palavra-chave de toda essa explanação. A máquina não decide nada, é você quem decide por ela.
Até a próxima.