O mistério da inteligência artificial

O mistério da inteligência artificial

Nada melhor para atrair o interesse das pessoas do que um pouco de mistério e futurismo; neste momento com o advento da inteligência artificial, estamos vivendo algo dessa natureza. Há um mistério sobre o que realmente é a inteligência artificial e o que ela pode ser no futuro.

Até já estamos confundindo quando há algo gerado pela inteligência artificial versus algo gerado pelo ser humano, estamos tendo dificuldade de saber a real origem das criações intelectuais. Estamos tendo a sensação de que nosso intelecto está sendo substituído.

Não é recente esse fascínio pelo conhecimento e pela criação de algo que possa ter vida própria – o ser humano expressa esse desejo de várias formas. Um momento marcante no passado foi o filme: 2001 - uma Odisseia no Espaço! Aparentemente “The Sentinel” é um conto de ficção científica do escritor britânico Arthur C. Clarke, que foi usado como ponto de partida para o filme de 1968. De certa forma, esse fascínio pela máquina tomando controle já existia naquela época.

Depois disso vem um livro que também marcou época e agora de tempos em tempos é relembrado: 1984 - livro escrito por George Orwell e publicado em 1949, trata de uma distopia futurista e é um dos romances mais influentes do século XX, um inquestionável clássico moderno. Lançada poucos meses antes da morte do autor, é uma obra magistral que ainda se impõe como uma poderosa reflexão ficcional sobre a essência nefasta de qualquer forma de poder totalitário [da vigilância].

Nesses momentos de ansiedade e preocupação com a forma que a tecnologia toma controle das nossas vidas, ou mesmo que põe nossas vidas em risco, temos outro evento que nos parecia o fim do mundo, mas o mundo não acabou - a virada para o ano 2000 - do ponto de vista tecnológico – chamado como o “Bug do Milênio”!

O bug do milênio que aterrorizou os anos 2000 foi a possibilidade de um erro que poderia ter ocorrido na virada de 1999 para 2000, com chances de causar um colapso tecnológico, um erro que poderia ocorrer por conta da forma em que as datas eram guardadas nos computadores. Naquela época, os computadores guardavam somente os dois últimos dígitos para simbolizar cada ano. Ou seja, para 1998, os computadores memorizavam apenas "98", enquanto para 1999, eles registravam somente "99". Com isso, havia o risco sobre como seria interpretado o dia 1º de janeiro de 2000. Existia a chance deles de que não reconhecessem o ano 2000, visto que guardariam somente os dígitos "00", e entendessem como o ano de 1900.

Havia a preocupação de que diversos erros poderiam ter sido desencadeados em computadores de redes de transporte aéreo e serviços públicos como fornecimento de água e luz, que tinham a chance de entrar em colapso. Também o sistema econômico poderia ser impactado por meio dos registros dos bancos.

Finalmente, a expectativa do possível grande problema fez com que centenas de bilhões de dólares fossem gastos em todo mundo em medidas preventivas, atualizando os softwares da época para comportar os quatro dígitos e outras medidas.

E o esperado problema não ocorreu, pois a grande maioria dos computadores já estava adaptada para lidar com o novo milênio.

A inteligência artificial na forma que conhecemos agora ainda comporta um grande mistério e futurismo; ainda gera grande preocupação de que diversos riscos podem ser desencadeados, agora por uma ação eventualmente autônoma de uma máquina inteligente em algum lugar.

Dentro do limite aceitável e saudável toda essa preocupação [com a inteligência artificial] é ótima, nos coloca em estado de alerta e nos leva a investir mais e de melhor forma nessa novidade; esse investimento certamente vai nos conduzir e nos assegurar que tais novidades melhorem ainda mais a vida dos seres humanos, em toda sua plenitude.


Texto revisto e atualizado, da versão originalmente publicada em setembro de 2023 no blog do autor na ACIC. Jarib B D Fogaça é sócio na JFogaça Assessoria, Diretor Adjunto na ACIC, e conselheiro independente.

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