Liberdade

Palavra que é dita aos ventos hoje em dia de um lado defendendo todo o tipo de direito. Direito: de falar, do corpo, de exprimir, de agredir, de armar, de não permitir armas, de ensinar , de não ensinar. Direitos, Direitos e Diretos.

Deveres como é próprio muito pouco se gosta de falar sobre o assunto.

Existe liberdade sem dever e apenas com direitos? A liberdade tem limites?

Lógico que este afã pela palavra direito nasce de uma mensagem subliminar que tudo se resolve nas regras e leis e que elas são a fonte de definição do certo e errado. Ignorando até leis naturais da espécie, no caso, o Homem. Herança do período Iluminista os códigos tomaram praça na definição do certo e errado na sociedade, outrora influenciados pelo viver da sociedade e de seus avanços no campo social e cultural o que chamamos em geral dos costumes da sociedade. Hoje não é bem assim a poluição do ruído relativista e da chamada sociedade líquida infestaram a lei e quando não infestam a cabeça dos juristas.

Mas o que é liberdade?

Bom, alguns resumem no modelo aristotélico ao conceito: “A liberdade é a capacidade de decidir-se a si mesmo para um determinado agir ou sua omissão” logicamente em um resumo do conceito expresso pelo filósofo.

Santo Tomás a liberdade é característica essencial dos seres racionais: de Deus, dos anjos e dos homens. E a liberdade humana apresenta três níveis: a liberdade de escolha (livre arbítrio), a liberdade fundamental e a liberdade moral

Não vou aqui tecer comentários sobre cada uma das linhas e explicar cada uma das perspectivas, até porque embora possa ter minhas leituras e certa formação não sou filósofo e não ousaria entrar em um debate sobre conceitos e expressões de tão grandes mentes.

Embora vendo e olhando o mundo como um observador do tempo e da vida qualquer um de nós poderia facilmente entender e verificar a veracidade da expressão destes estudos e conceitos que mais nada são do que a expressão inteligente e escrita do observado no comportamento individual e social do Homem, claro levando em conta sua antropologia e claro o campo metafísico.

No campo metafísico os Gregos e São Tomás lidavam com uma vantagem numa sociedade que apesar de suas mazelas acreditava na existência de algo além do campo de visão físico das coisas. E muitos foram precursores de conceitos que hoje chamamos por diversos rótulos interessantes como neurociência e algumas habilidades, soft skills, como a inteligência emocional.

Bom existe um ponto comum em qualquer estudioso da liberdade. Ela não existe sem limites, afinal qual a referência para dizer existir a mesma se faço por que sinto vontade e se faço porque deve ser assim.

Nem o próprio criador aceitou deixar o Homem sem seu direito de escolha, que pensador ele seria, que uso da inteligência portanto faria.

Negar que somos igualmente seres instintivos seria de fato uma falácia, estão aí os acontecimentos para provar: nas ruas, em um debate, na empresa, no trânsito, nos comentários. Até aqui no Linkedin onde intelectos privilegiados de nosso país se exprimem sobre sua área e sobre assuntos de interesse.

Negar que igualmente somos seres inteligentes seria outra falácia nossa capacidade de escolher é patente da mesma forma que acima em todos os campos da sociedade e escolher em acordo com cálculos e decisões pensadas e ajustadas a nosso conhecimento.

Mas sabemos de fato viver a liberdade ou nos perdemos em seu conceito de sem limites? Como já disse, liberdade sem limites, são instintos e emoções e desejos é o querer sem vontade ou com a vontade dopada.

Por que é tão importante para nós? Acredito que justamente por ser parte de quem somos com espécie a diferenciação nossa em relação aos animais. Afinal inteligência o golfinho tem, mas teria ele a capacidade de moderar os instintos pelo controle de sua vontade?

Precisamos ter uma preocupação clara em entender os limites para poder viver nossa liberdade e isto se realiza por uma consciência bem formada.

Precisamos ter a possibilidade de opinar para vivermos nossa liberdade com responsabilidade.

Mas tudo isto se não for com um sentido para o bem do Homem, que seria o nosso e dos outros e do nosso contexto, não seria liberdade continuaria presa a vontade particular de cada um frente a instintos e desejos por qualquer razão.

Não pretendia com este texto esgotar o sentido da liberdade, mas levar a refletir sobre nossa atualidade nas empresas, na sociedade e as armadilhas que costumeiramente o meio regado a liquidez de princípios e valores e com adubo do relativismo nos prende e nos induz.

Às vezes nos tornamos escravos de momentos e situações, de propagandas e produtos que o mercado e o sistema nos expõe como soluções ou métodos fantásticos como o mundo de OZ onde cada um será o Mágico. Nos tornamos portanto escravos e não livres.

As decisões em uma empresa precisam gozar dos dados e de alguma intuição, como poderíamos descrever, dada pela experiência em seu conselho e administração, mas como podemos comprometer os resultados e objetivos por nossa prisão particular de não saber viver a liberdade real.

Ficamos as vezes em ser ideológico que nos é vendido até na área de tecnologia, mas dada a exatidão do 1 e 0.

A liberdade nos difere dos demais seres da natureza para os gregos nos colocava no patamar dos deuses. Para São Tomás é claro como uma característica de anjos, de Deus e dos homens.

Por que agiríamos ou preferimos a prisão a liberdade que nos foi presenteada.

É preciso viver a liberdade, mas é preciso saber que ela não existe sem limites. Então é preciso formar-se, instruir-se na consciência para afinar a vontade na direção e universo da possibilidade do Bem de todos.

Antes de terminar peço desculpas aos amigos filósofos que possuem muito mais conhecimento de termos e interpretações e até da linguística correta para exprimir certos conceitos. Não busco um trabalho acadêmico mas uma linguagem simples que possibilite levar a busca do conhecimento e entendimento maior de nossas ações ou motivações frente a nossa vida em 360 graus.

Adamario Maximo dos Santos Filho