Libertem os Assessores de Investimentos Tupiniquins!

Libertem os Assessores de Investimentos Tupiniquins!

Nunca me considerei o maior especialista do mundo em investimentos; longe disso. Minha jornada no mundo financeiro, na maioria das vezes, foi ajudada pela orientação de assessores de investimentos, aqueles especialistas que eu sempre acredito estarem mais atualizados que eu nesse de opções e decisões complexas. Entrei no mundo dos investimentos, como muitos, à partir da abertura de uma conta em uma corretora recomendada, onde logo selecionaram uma Agência de Investimentos para me atender, que me apresentou ao meu primeiro assessor de investimentos. Por anos, esse relacionamento participou ativamente das minhas decisões financeiras, até que um dia, a busca por melhores condições (que também envolviam benefícios em minha conta corrente Pessoa Física e Pessoa Jurídica, além de boas condições para Cartões de Crédito) me levou a negociar com uma nova corretora.

Parecia um passo lógico e vantajoso. No processo de portabilidade dos ativos, ações, FIIs e títulos públicos migraram para a nova corretora sem problemas. Contudo, esbarrei em uma muralha inesperada: os Fundos de Investimento. Exclusivos da corretora antiga, eles não podiam ser transferidos, obrigando-me a vendê-los para finalizar meu relacionamento com a instituição anterior (que também era um objetivo).

Agora, munido dos recursos da venda desses fundos, solicitei novas recomendações. Foi quando o assessor da nova corretora abriu-me os olhos para opções de ativos muito mais atraentes do que aqueles aos quais eu estava acostumado. Aqui está o X da questão, que me motivou a escrever este artigo.

Não vejo essa situação como falha do assessor da minha antiga corretora, nem da agência com a qual ele estava vinculado. O verdadeiro vilão dessa história são as correntes invisíveis que restringem esses profissionais às limitadas opções disponibilizadas por suas corretoras parceiras. Correntes essas formais e informais. Eles estão amarrados, limitados a oferecer apenas o menu que lhes é disponibilizado, mesmo quando existem opções melhores, mais adequadas às necessidades de seus clientes.

Este episódio me fez refletir profundamente sobre a dinâmica do mercado de investimentos no Brasil, ainda tão retrógrada quando comparada ao que se vê em outras nações, especialmente nos Estados Unidos. Lá, os assessores de investimentos navegam por um oceano de possibilidades, oferecendo aos seus clientes um portfólio verdadeiramente personalizado, sem as amarras de contratos de exclusividade.

Por que, então, continuamos a aceitar um sistema que limita tanto os profissionais quanto os investidores? Entendo que algumas mudanças já começam a aparecer, ainda que de forma mais lenta do o necessário. A resistência das grandes corretoras em perder o controle é notório, mas a evolução é inevitável. É hora de acelerarmos esse processo, pelo bem de todos os envolvidos: das agências, dos assessores, dos investidores e do mercado como um todo.

Libertar os assessores de investimentos no Brasil não é apenas uma questão de justiça profissional, é um passo essencial para garantir que nosso mercado possa finalmente jogar no mesmo nível dos seus pares internacionais. Por um mercado mais livre, diversificado e, acima de tudo, mais justo. #LibertemOsAssessoresTupiniquins

por Bruno Cordoni de Freitas, investidor nas horas vagas

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