Lidando com a perda

Lidando com a perda

Associar o processo de luto unicamente à perda de um ente querido é muito comum, entretanto passamos por esse processo sempre que temos uma perda de algo relevante para nós, pois assim como as pessoas, existem outros elementos em nossas vidas que nos são tão queridos que sentimos como se fizessem parte de nós mesmos.

Para que possamos lidar bem com nossas perdas é importante passarmos pelo processo de luto e nos permitirmos o tempo para que nossa mente se cure, abaixo vocês podem acompanhar um descritivo de cada uma das fases do luto.

É importante considerarmos que durante o processo não entramos e saímos de cada estágio individual de maneira linear. Podemos sentir um, depois outro e voltar ao primeiro. Cada um tem a sua forma de lidar com a perda.



Ø NEGAÇÃO

A negação é o primeiro dos cinco estágios do luto. Isso nos ajuda a sobreviver à perda. Nesse estágio, o mundo se torna sem sentido e opressor. A vida não faz sentido. Estamos em estado de choque e negação. Ficamos entorpecidos. Nós nos perguntamos como podemos continuar, se podemos continuar, por que devemos continuar. Tentamos encontrar uma maneira de simplesmente passar cada dia. A negação e o choque nos ajudam a enfrentar e tornar a sobrevivência possível. A negação nos ajuda a controlar nossos sentimentos de tristeza. Existe uma graça na negação. É a maneira da natureza de deixar entrar apenas o quanto podemos suportar. Ao aceitar a realidade da perda e começar a fazer perguntas a si mesmo, você está, sem saber, iniciando o processo de cura. Você está se tornando mais forte e a negação está começando a desaparecer. Mas, à medida que você prossegue, todos os sentimentos que você negava começam a vir à tona.


Ø RAIVA

Raiva é uma etapa necessária do processo de cura. Esteja disposto a sentir sua raiva, mesmo que pareça interminável. Quanto mais você realmente sentir, mais começará a se dissipar e mais você se curará. Existem muitas outras emoções sob a raiva e você vai chegar a elas com o tempo, mas a raiva é a emoção que estamos mais acostumados a controlar. A verdade é que a raiva não tem limites. Pode estender-se não apenas aos seus amigos, médicos, família, a você e até mesmo ao que você perdeu. É natural nos sentirmos abandonados e abandonados, mas vivemos em uma sociedade que teme a raiva. A raiva é força e pode ser uma âncora, dando estrutura temporária ao nada da perda. A raiva se torna uma ponte sobre o mar aberto, uma conexão entre você e o mundo exterior através do alvo da sua raiva. É algo em que se agarrar; e uma conexão feita com a força da raiva é melhor do que nada. Geralmente sabemos mais sobre como reprimir a raiva do que como senti-la.


Ø BARGANHA

Antes de uma perda, parece que você fará qualquer coisa para evita-la. Após uma perda, a negociação pode assumir a forma de uma trégua temporária. Ficamos perdidos em um labirinto de declarações do tipo "Se ao menos ..." ou "E se ...". Queremos que a vida volte ao que era; queremos nosso ente querido restaurado. Queremos voltar no tempo. A culpa muitas vezes é a companheira de barganha. O “se ao menos” nos leva a encontrar falhas em nós mesmos e no que “pensamos” que poderíamos ter feito de forma diferente. Podemos até barganhar com a dor. Faremos de tudo para não sentir a dor dessa perda. Permanecemos no passado, tentando negociar nossa saída da dor. As pessoas costumam pensar que os estágios duram semanas ou meses. Eles se esquecem de que os estágios são respostas a sentimentos que podem durar minutos ou horas à medida que entramos e saímos de um e de outro.


Ø TRISTEZA/DEPRESSÃO

Depois de negociar, nossa atenção se volta diretamente para o presente. Sentimentos vazios se apresentam e a dor entra em nossas vidas em um nível mais profundo, mais profundo do que jamais imaginamos. Parece que esse estágio depressivo vai durar para sempre. É importante entender que essa depressão não é um sinal de doença mental. É a resposta apropriada para uma grande perda. Afastamo-nos da vida, deixados numa névoa de intensa tristeza, perguntando-nos, talvez, se vale a pena continuar sozinhos? Por que continuar? A depressão após uma perda é frequentemente vista como anormal: um estado a ser consertado, algo do qual se livrar. A primeira pergunta a se perguntar é se a situação em que você está é realmente deprimente. A perda de um ente querido é uma situação muito deprimente e a depressão é uma resposta normal e apropriada. Não sentir tristeza ou depressão depois grande perda seria incomum. O luto é um processo de cura e a depressão é um dos muitos passos necessários ao longo do caminho.


Ø ACEITAÇÃO

A aceitação é frequentemente confundida com a noção de estar “tudo bem” ou “OK” com o que aconteceu. Este não é o caso. A maioria das pessoas nunca se sente bem ou bem com a perda, principalmente se for a perda de algo muito significativo para ela. Esta etapa trata de aceitar a realidade de que não a volta para o que foi perdido e reconhecer que essa nova realidade é a realidade permanente. Nunca vamos gostar dessa realidade ou torná-la OK, mas eventualmente a aceitamos. Aprendemos a conviver com isso. É a nova norma com a qual devemos aprender a viver. Devemos tentar viver agora em um mundo onde o que perdemos está faltando. Ao resistir a esse novo normal, a princípio muitas pessoas desejam manter a vida como era antes da perda. Com o tempo, por meio de fragmentos de aceitação, porém, vemos que não podemos manter o passado intacto. Foi mudado para sempre e devemos reajustar. Devemos aprender a reorganizar papéis, reatribuí-los a outras pessoas ou assumi-los. Encontrar aceitação pode ser apenas ter mais dias bons do que dias ruins. À medida que começamos a viver de novo e a desfrutar nossa vida. Nunca podemos substituir o que foi perdido, mas podemos fazer novas conexões, novos relacionamentos significativos, novas interdependências. Em vez de negar nossos sentimentos, ouvimos nossas necessidades; nós nos movemos, mudamos, crescemos, evoluímos. Podemos começar a estender a mão para outras pessoas e nos envolver em suas vidas. Investimos em nossas amizades e no relacionamento com nós mesmos. Começamos a viver de novo, mas não podemos fazer isso antes de darmos o tempo para o luto.


FONTE: grief.com

Aline Azevedo Brasileiro

Psicóloga Organizacional - Psicologia Clínica - Psicologia Escolar

4 a

Qto tempo Victor? Tudo bem? Abraços

Cleia M.

Senior Talent Acquisition at Royal Canadian Mint

4 a

Sempre me baseio nas fases quando enfrento perdas. E observo as pessoas passando por elas também. Acho que falam muito sobre nós quando as entendemos. Parabéns pelo texto

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