Liderança Consciente: "conhece-te a ti mesmo"

Começo este artigo com uma célebre frase, atribuída a Sócrates (479-399 a.C.). Este pensamento tornou-se uma referência para entender que o ponto de partida para o conhecimento do mundo é, na verdade, a busca pelo próprio conhecimento. Ao fazermos uma analogia com os negócios, deparo-me sempre com uma questão: sobre o quê um líder precisa saber? E então me vem à cabeça esta frase de Sócrates. É improvável que alguém com baixa autoconsciência consiga desempenhar com destreza um papel de liderança, afinal, olhar para fora é, antes de mais nada, olhar profundamente para dentro de si. A consciência é, portanto, um dos fatores fundamentais para falarmos sobre líderes na atualidade. 

Nos diversos livros escritos por John Mackey e Raj Sisodia - renomados autores da linha de ESG -, a importância da consciência consta até mesmo no conceito de capitalismo. O "capitalismo consciente", nomenclatura do movimento estruturado pelos autores, versa sobre a necessidade de se equilibrar e corrigir imperfeições deste sistema econômico, mas o enaltece como um mecanismo bom e ético, ao mesmo tempo nobre e heróico, pois "cria valor, interage com as partes interessadas, dá significado à existência das empresas e cria prosperidade". Assim, os negócios vão além da geração de lucro, renda e emprego.

Neste contexto, emerge a importância da liderança, que deve se esforçar para alinhar o interesse de todas as partes interessadas e buscar a relação ganha-ganha. Liderar com propósito é a bola da vez; e não pelo "modismo". É por ser, talvez, o único caminho válido que vá garantir a perenidade dos negócios. O propósito, termo super explorado hoje em dia, tem um conceito relativamente simples, mas complexo ao mesmo tempo: é a busca interna por significado, tanto em nossas vidas, quanto em nossa organizações. 

Assim, a liderança consciente tem um propósito claro, que é muito maior que gerar riqueza ou lucro: consiste na criação de valor futuro para a sociedade como um todo. A liderança está despertando, portanto, para uma nova consciência social, ambiental e de negócios, como nunca visto antes. Ainda parafraseando Mackey e Sisodia, a gestão consciente é a "criação de um círculo virtuoso na organização, concentrando energias criativas do propósito e da cultura". Eis aí então o propósito, mais uma vez. 

Portanto, liderar deixou de ser apenas um verbo, para carregar uma série de conceitos, como: autoconhecimento, autogestão, empatia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência, pensamento crítico, solução de problemas. Um líder consciente é, ainda, capaz de relacionar-se com todas as partes interessadas, buscando conhecimento, consciência, com uma visão holística e sistêmica de todos os envolvidos. Finalizando com Peter Drucker, um líder consciente deve saber que "o planejamento não diz respeito às decisões futuras, mas às implicações futuras de decisões presentes".