Liderança Feminina (in)Consciente
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Liderança Feminina (in)Consciente

Simone de Beauvoir, um dos ícones do ativismo feminista do século XX, escreveu

"ninguém nasce mulher, torna-se mulher".

Li essa frase há alguns anos e confesso que aqueceu meu coração. Nosso crescimento e desenvolvimento é constante, tanto física quanto psicologicamente. Parafraseando Simone, entre os artigos, livros e a minha experiência profissional em cargos de liderança, me peguei pensando "ninguém nasce líder, torna-se líder". Talvez alguém já tenha feito essa analogia, mas tudo bem. O que importa é que faz sentido, que tem conexão.

Nesse artigo, pretendo lançar uma reflexão a nós mulheres em cargos de comando: estamos exercendo nossa liderança de forma consciente ou estamos apenas reproduzindo o modelo masculino de liderança? Temos uma referência de liderança totalmente masculina: poder, status, reconhecimento social. Hoje em dia, percebo que esses fatores exerceram, - acredito que ainda exerçam, - um peso muito forte em mim e na minha prática. Quando comecei a me questionar sobre isso e tentei mudar minha forma de agir e pensar, fui questionada pela empresa, pelos meus pares e parmem, pelos meus liderados.

A maioria das pessoas no mundo corporativo quer chegar aos cargos de liderança, então, qualquer pessoa que o exerça fora do modelo mental instituído, não é completamente aceito. Sendo mulher, você tem que exalar poder, tem que se vestir a caráter, tem que pisar firme e ser implacável em suas decisões. A coisa é caricata, mas para se manter no jogo, é preciso se adequar. Pelo menos, hoje. Acredito que nossa luta por equidade seja para que as próximas gerações tenham uma realidade menos dura e mais próxima do que somos para exercer seu papel de líder.

Escuto colegas líderes falando "eu tenho esse jeito mais rude, mas, se não for assim, os meus pares homens não me respeitam". Também já pensei e agi dessa forma, até o dia em que ganhei uma discussão respondendo ao colega em um tom de voz muito mais baixo que o dele, de forma calma e tranquila. Nesse dia, percebi que o que ele esperava de mim era o grito, o descontrole e o choro no banheiro, pois ao final, ele poderia "justificar" a minha falta de profissionalismo, com a antiga e bem usada frase: ela é mulher e se descontrola fácil.

Leva-se tempo para quebrar paradigmas. Há muito trabalho para ser feito. É necessário muita desconstrução. Primeiro, em nós mesmas - o que considero a parte mais difícil -, e depois na sociedade - a parte mais traumática. Somos seres sociais, vivemos em busca de aceitação e reconhecimento, então, mudar o modus operandi gera desconforto e desconfiança. Nossa caminhada enquanto mulheres líderes é assim, e vai continuar sendo por um bom tempo. Precisamos aprender a valorizar nossas características, a apoiarmos umas às outras e a ressignificar o nosso papel no mundo.

A cada dia nos tornamos mais mulheres, e a cada dia podemos nos tornar mais líderes em nossas organizações. Não há como separar uma coisa da outra. Você pode ser mulher e não querer ser líder, e isso não lhe faz pior do que ninguém. Para liderar de forma consciente e com resultado, você precisa se sentir confortável no papel. Por outro lado, me arrisco a escrever que para exercer a liderança de forma plena e consciente nesse universo tão masculino, é preciso se tornar mulher.

E esse "se tornar mulher" é um exercício diário, uma construção tijolinho a tijolinho. Se você ficou incomodada com o que leu, sugiro refletir sobre. Comece com a pergunta: o que me levou a ser líder? Responda para si mesma de forma honesta. A partir disso, reveja sua trajetória, valorize o que trouxe você até aqui e recalcule a rota. Há sempre uma forma de recomeçar e de reconstruir.

Lidere a sua própria história!






Pamela Moreira

Advogada Tributarista | Executiva de Negócios | Empreendedora

3 a

Há tanto a ser feito.. sigamos!

Milena Silveira

Product Marketing Analyst - PMA na Senior Sistemas | Branding, Growth e Planejamento Estratégico |

3 a

Certeira!

Daniella Regina Farinella

Enfermagem | Educação Profissional | Capacitação I Treinamento I Gestão Educacional | Gestão de Projetos | Inovação I Empreendedorismo | Metodologias Ágeis em Saúde| Simulação Realística.

3 a

Ótimas reflexões!!! fiz um recorte da sua fala " Precisamos aprender a valorizar nossas características, a apoiarmos umas às outras e a ressignificar o nosso papel no mundo", pois acredito nisso e trabalho nessa perspectiva. Parabéns pelo artigo.

Elisa Fernandez

Diretora de Atendimento e Novos Negócios D/Araújo I Diretora de Relacionamento com o Mercado LIDE Santa Catarina I Colunista do Jornal Notícias do Dia (Grupo ND) I Colunista do Correio do Povo

3 a

Perfeito, Val! 👏 👏

Pricilla Back

UX Writer | Content Designer | Copywriter | Content Strategist

3 a

Perfeito, Val!

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