Escrevi, e sinto que deveria...

Escrevi, e sinto que deveria...

Ultimamente, a minha sensação ao acompanhar os conteúdos aqui no LinkedIn é de descrédito com a humanidade. Desde o post viralizado do homem que não quer uma esposa CEO, passando pelo pessoal do RH que dá dicas de etiqueta citando pessoas que procuram desesperadamente por um emprego, até o pessoal que põe um cachorro caramelo na ponta da pirâmide e discute sobre foco e persistência. Tudo isso regado a muita IA, após as consultorias de Linkedin comercializada por 9 entre 10 aspirantes ao “Top alguma coisa”.

A escrita é uma habilidade cognitiva e precisa de prática. Por outro lado, a IA é uma ferramenta, que assim como outras, foi criada para facilitar o nosso trabalho, e - pasmem! -, também precisa de prática. Então, o uso de IA na escrita é perfeitamente aceitável. Mas, vamos combinar que se alguém usa a IA para escrever, o conteúdo deveria ter uma qualidade superior a quem não usa, certo? Não basta pedir um conteúdo tal, copiar e colar no seu perfil. É preciso refiná-lo, confirmar alguns dados. Ao tirar as hashtags e o “em resumo” do seu texto, você contribuirá deveras com a felicidade geral da nação.

Me obrigo a falar também dos processos de recrutamento e seleção que estão colaborando com o agravamento de doenças mentais de quem precisa de trabalho e de quem conduz o processo. Os conteúdos produzidos e os comentários publicados deixam claro a necessidade de auxílio psicológico aos envolvidos. A falta de definição das empresas e o desrespeito quanto aos salários – quando são publicados, é claro -, evidenciam a falta de gestão e o não desenvolvimento de competências e habilidades essenciais, itens exaustivamente cobrados pelos contratantes.

Como profissional de marketing e comunicação entendo os movimentos por trás das publicações que resultam em maior engajamento. Publiquei um post com a minha percepção do conteúdo do homem que não quer uma esposa CEO, e há tempos não conseguia tanta interação em um conteúdo. Eu sabia que aconteceria isso e aproveitei a onda para confirmar. Poderia continuar fazendo isso, mas não tenho “estômago” e nem tempo para ficar procurando polêmicas em troca de performance digital. Respeito e até admiro a disciplina de quem o tenha. As redes sociais funcionam dessa forma e vão continuar assim.  

Somada a tudo isso, ainda tem a necessidade das pessoas em comentar os posts atribuindo culpa ou responsabilidade a quem “faz o L” ou a quem defende a “pátria, Deus e a família”. Não sei se vai adiantar alguma coisa, mas gostaria de avisar: gente, há vida fora dessa politicagem viu?! Tem pessoas que trabalham em prol da coletividade sem estarem relacionadas a esses dois personagens. E, vou revelar uma coisa ainda mais desesperadora: a única preocupação desses dois em relação a você, é mantê-lo em um estado de total dependência, consumindo fake news, para que eles continuem no poder.

Em pleno domingo de manhã, acordei para trabalhar no meu projeto de mestrado, mas caí na besteira de abrir o LinkedIn e ao me deparar com a fanfic do momento (eu sou 40+ e sei o que é isso, legal, né?!), me senti obrigada a produzir esse texto. É claro que ele já povoava os meus pensamentos, mas de hoje não poderia passar. Esse conteúdo não vai viralizar, isso é lógico. Mas, eu precisava escrever. Estava devendo isso a mim, uma pessoa comum. Que trabalha e estuda muito, que sempre dá o seu melhor em qualquer coisa que se propõe a fazer.

Eu também gosto de pensar que algumas das minhas conexões também gostam de ler o que eu escrevo. Por isso, cuido tanto do que escrevo e de como escrevo. Respeito é a base de qualquer relação, e como tal, tem limites. Nem sempre o que eu penso deve ser dito ou escrito, há sempre o outro lado. O meu limite começa onde termina o do outro. Alguém me disse isso quando eu era criança e faz sentido para mim até hoje.

Bom domingo!

Camile Rebeca Bruns

Consultoria em gestão social e desenvolvimento sustentável | Camile Bruns Consultoria em Desenvolvimento Sustentável

2 m

Eu curti!!!!

Raissa Andrade

Crio marcas para startups unindo negócios, branding e produto para alavancar o growth | Branding para Startups | Estratégia de Marca | Posicionamento de Marca | Designer de Marcas

2 m

Amei o texto e concordo com cada palavra. Surfar nas polêmicas é o caminho mais fácil, mas a custo de quê? E sobre a politicagem: é triste ver uma rede social profissional se tornar palco para extremismo político, eu sinceramente, oculto todas as publicações sobre política do feed. Estou aqui justamente porque quero fugir dessa loucura. Mesmo textos como os seus não viralizando, o que importa é que são a sua voz e que alcançam as pessoas que estão cansadas do "novo normal".

Eu sou uma das pessoas que gostam do seu texto, inclusive deste, pois compartilho do mesmo sentimento em relação às besteiras que vêm sendo publicadas nesta rede que deveria ser um oásis digital, mas não o é mais. Ainda sobre os seus textos, sinto que els são como àquela conversa boa que temos tomando um café ou vinho com alguém com quem temos afinidade.

Felipe Melo

CEO na POPS Filmes | Publicitário | Documentarista | Músico

2 m

Texto preciso e cirúrgico. Obrigado pela coragem.

Elisa Fernandez

Diretora de Atendimento e Novos Negócios D/Araújo I Diretora de Relacionamento com o Mercado LIDE Santa Catarina I Colunista do Jornal Notícias do Dia (Grupo ND) I Colunista do Correio do Povo

2 m

Adorei o texto! Mas confesso que o caramelo no topo de pirâmide me fez refletir dentro de todo o pieguismo que cita, talvez pelo fato de ser algo leve no meio de tantas cosias sem pé nem cabeça. Fiquei curiosa sobre o curso do Bruno. Vou procurar informações e ver se arrumo tempo. Continue escrevendo aos domingos, e em todos os dias da semana 👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻

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