Livro para presente?

Livro para presente?

“Você é a única pessoa que nos dá livros.” Ouvi essa fala de uma menina muito querida, próxima a mim e fiquei pensando: será que eu estou muito atrasada, tipo “vencida”, que ainda dá livros, em pleno século XXI? Sou a única do relacionamento dela que ainda acredita nos livros, que não se deixou levar pelas redes sociais e séries televisivas?

Alguns dos que eu “sorteio” para ganhar algum livro agradecem e nem sequer abrem a primeira página, sei bem. Outros nem agradecem e não sabem o que fazer com aquele trombolho em casa. Alguns se esforçam, mas a leitura não “decola”. E há quem leia de verdade, até o final, e talvez até goste... Mas são poucos!

Parece um ato meio como “enxugar gelo”: fazer posts sobre as leituras, presentear crianças e adultos com livros, querer conversas sobre literatura. Ouvi uma crítica recente dirigida a uma adolescente que “queria gastar todo o dinheiro que ganhou de presente com livros... Para que? Melhor que comprasse alguma roupa, calçado ou algo mais útil para ela”. É... isso me faz sentir como uma alienígena neste milênio, por achar ainda que dinheiro gasto em livros é um excelente investimento, por ler por hobby, por me encantar pelos livros e me dedicar com paixão à leitura.

Mas não estou absolutamente sozinha nessa basca. Ainda bem! Há pessoas (poucas, mas pelas quais sou grata) que me presenteiam com livros. Gente que gasta tempo se aconselhando com outros acerca do exemplar adequado para me oferecer. Pessoas que me estimulam, que me emprestam obras, que se interessam pelo conteúdo de alguma publicação de cunho literário que faço e que gostam de conversar sobre a temática acerca de algo lido por ambos. Coisa boa! E aí me empolgo. E continuo a dar livros. Emprestar. Ceder. Compartilhar. E me iludo na crença de que “A leitura nos salva da banalidade do pensamento único, da estreiteza da visão imediatista. A leitura nos salva das ideologias, cheias de furos e incoerências. A leitura nos salva de nossos próprios preconceitos, de nossas inevitáveis ignorâncias”. (Tiago Novaes)

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