Lobby, negócios e política – um triunvirato perigoso
O país vive um dos seus momentos mais conturbados e delicados de sua recente história democrática, assolado por uma forte crise econômica, política e moral. A estagnação do crescimento e a alta inflação, aliadas aos recentes escândalos de corrupção, que brotam no país, seja na esfera federal, estadual ou municipal, nos faz indagar: política e negócios se misturam?
Na política, o termo lobby é usado para caracterizar toda e qualquer prática realizada por empresas ou pessoas para influenciar os espaços decisórios do poder público (Executivo ou Legislativo) a fim de assegurar representatividade ou futuras vantagens, diretas ou indiretas, de seus interesses pessoais e/ou econômicos.
O lobby é uma forma de entrar em contato, debater ou convencer políticos e executivos do governo (funcionários, assessores e secretários) em adotar a ideologia de seus mandantes e garantir que a legislação que lhes é favorável seja colocada em prática.
Nos EUA, os lobbies, grupos de pressão, são encarados com naturalidade e há muitos escritórios com essa atividade perto dos parlamentos. No Brasil, o lobby tem características negativas, pois impregna de tal forma a política que cria o ambiente para desvios, propinas, apropriações ilícitas, corrupção e demais irregularidades contra o patrimônio público. Parlamentares e executivos do governo usam e abusam de expedientes que podem levar a prática do lobby à institucionalização da corrupção em todo e qualquer órgão público.
Além da canalização de influências construídas pelos lobistas, as empresas ganham acesso ao alto escalão do governo através de suas contribuições políticas. Todavia, doações corporativas nem sempre são dadas com o simples objetivo de aprofundar os seus interesses comerciais. Às vezes o objetivo é mais generalizado: apoiar uma determinada ideologia ou uma série de questões e políticas, ou ganhar, ainda, favor com um determinado partido. Hoje, representantes de grandes conglomerados econômicos fazem um árduo trabalho de persuasão junto aos políticos e executivos do governo, trabalho que gravita em torno de uma tênue linha que separa o legítimo do ilegítimo.
No Brasil, vemos explicitamente agentes e empresas envolvidas na prática do lobby, que é nociva à construção de uma economia forte e pujante. Tanto no caso da Petrobras, com os lobbies realizados pelas empreiteiras, quanto no caso do cartel dos trens em São Paulo, no qual a prática era realizada a partir da cartelização de agentes envolvidos nas licitações públicas, notabiliza-se a falta de ética e moral quando a prática do lobby diz respeito a interesses particulares em detrimento da preservação do patrimônio público e social.
Nota-se assim, que em terras brasileiras, quando política e negócio se misturam, formam um triunvirato perigoso quando aliado à prática do lobby, tornando-se uma ação constante e irrestrita em favor da corrupção dolosa a toda sociedade.